Segunda edição do CPNU será mais inclusiva, segura e acessível, afirma ministra Esther Dweck
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) anunciou, nesta segunda-feira (30/6), as regras que nortearão a realização da segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU 2). Em coletiva de imprensa, a ministra Esther Dweck apresentou os principais aperfeiçoamentos do certame, com destaque para os avanços nas áreas de diversidade, inclusão e segurança, além de confirmar a publicação do edital e a abertura das inscrições ainda nesta semana. Também participaram da coletiva a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e a presidenta da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Betânia Lemos.
Pela primeira vez em um concurso nacional de grande porte, o governo federal adotou uma ação afirmativa voltada às mulheres. O CPNU terá um mecanismo de equidade de gênero para garantir que, quando o percentual de mulheres classificadas para a segunda fase (em qualquer cargo) for inferior a 50%, haja equiparação no número de mulheres convocada em relação ao número de homens. “A gente percebeu que, no CPNU e em outros concursos, o percentual de mulheres aprovadas foi menor do que o de mulheres inscritas. Por isso, no CPNU 2, vamos aplicar uma lógica para garantir a equiparação do percentual de mulheres que passam da prova objetiva para a discursiva, sem se tratar de reserva de vagas. Nenhum homem classificado deixa de entrar, todos os homens que passarem vão continuar, a diferença é que vamos chamar mais mulheres para ter exatamente o mesmo número de homens e mulheres fazendo a prova discursiva em cada cargo e em cada modalidade”, explicou a ministra da Gestão. Essa medida não retira a vaga de ninguém: todos os candidatos e candidatas que atingirem a nota mínima serão convocados normalmente.
A medida segue como referência a iniciativa do Ministério das Relações Exteriores (MRE), primeiro a apresentar um plano próprio no âmbito do Plano Federal de Ações Afirmativas (PFAA) – programa do governo federal instituído pelo Decreto nº 11.785/2023, com o objetivo de ampliar a inclusão e a representatividade no serviço público. Coordenado pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR), com participação de 16 órgãos, entre eles o MGI, o PFAA prevê, entre outras ações, a adoção de ações afirmativas de gênero nos concursos diplomáticos, com convocação adicional de mulheres e previsão de aumento de até 60% na participação feminina, reforçando uma diplomacia mais plural, diversa e representativa.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, destacou a importância da medida como mais uma ação do governo federal e a contextualizou dentro do compromisso constitucional com os direitos sociais e com o fortalecimento da Administração Pública. “O que está acontecendo aqui hoje é mais do que uma dimensão técnica de um anúncio importante do Concurso Nacional Unificado. É, exatamente, a gente reiterar as diretrizes que são da Constituição brasileira e que são de um governo democrático e popular”, afirmou.
Ao todo, o CPNU 2 vai selecionar 3.652 candidatas e candidatos para 32 órgãos da Administração Pública Federal, organizados em nove blocos temáticos. São 3.144 vagas de nível superior (incluindo 1.172 para preenchimento a curto prazo) e 508 de nível intermediário.
A definição do número de órgãos participantes passou por um ajuste técnico relacionado ao Ministério da Saúde, que, nesta edição, foi considerado como um único órgão, sem o detalhamento de suas entidades vinculadas. A distribuição das vagas internas ficará sob responsabilidade do próprio ministério, mantendo a autonomia administrativa. O número total de vagas permanece inalterado.
“O CPNU é, sim, para a gente, uma parte muito importante de uma política de reforma administrativa. Nosso objetivo é mudar a cara do serviço público federal, aumentando a diversidade e melhorando a qualidade das políticas públicas” – Esther Dweck
Na coletiva de imprensa, a ministra da Gestão apresentou dados que posicionam o CPNU como uma política pública de transformação do Estado, alinhada à reforma administrativa, considerando que a iniciativa visa modernizar o serviço público, tornando os processos de seleção, entre outros aspectos, mais eficientes e inclusivos. “O CPNU é, sim, para a gente, uma parte muito importante de uma política de reforma administrativa. Nosso objetivo é mudar a cara do serviço público federal, aumentando a diversidade e melhorando a qualidade das políticas públicas”, disse Dweck.
Para contextualizar a importância dessa política, a ministra lembrou o cenário atual do serviço público federal. Entre 2010 e 2023, cerca de 246 mil servidores se aposentaram. A previsão é que, nos próximos dez anos, mais 180 mil deixem o serviço público, o que evidencia a necessidade de reposição planejada e estratégica de pessoal. “Não há um inchaço na máquina, a quantidade de pessoas que está entrando é inferior à que sai. Então, de fato, a retomada dos concursos públicos é uma etapa importante da reforma administrativa, mas dentro da lógica que temos implementado: o dimensionamento da força de trabalho, ou seja, identificar onde realmente há necessidade de pessoal. Buscamos servidores com perfil para atuar de forma transversal, que possam contribuir em diferentes ministérios, com pensamento estratégico e mentalidade digital”.
Ações Afirmativas
Dweck também pontuou que o CPNU 2 traz aperfeiçoamentos relevantes em relação à sua primeira edição, com destaque para a ampliação das ações afirmativas, reforço nos mecanismos de governança, inclusão de código de barras individual em todas as páginas das provas, exigência de confirmação de interesse para nomeação e curso de formação, e aplicação das provas em datas diferentes.
Entre os principais aperfeiçoamentos do CPNU 2 estão as medidas voltadas à inclusão e à equidade. Além da ação voltada às mulheres, o concurso incorpora dispositivos atualizados de ações afirmativas, com base na nova Lei de Cotas (Lei nº 14.723/2023), aplicando o percentual de 30% de reserva de vagas: 25% para pessoas negras, 3% para indígenas e 2% para quilombolas. Também está garantida a aplicação da cota de 5% para Pessoas com Deficiência (PcD). Para os cargos com número de vagas inferior ao mínimo exigido por lei, o MGI realizou, no dia 27 de junho, um sorteio com o objetivo de assegurar o cumprimento dos percentuais mínimos de reserva para cada grupo.
Governança reforçada
No campo da governança, o CPNU 2 terá sua Comissão de Governança ampliada. Além dos órgãos já participantes — AGU, Secom, Inep, Ipea e Enap —, foram incorporados a Abin e o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Com a publicação do Decreto nº 12.526/2025, a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) assume a responsabilidade integral pela execução técnica do concurso: inscrições, comunicação com os candidatos, acompanhamento das etapas e publicação dos resultados.
O MGI continua responsável pela formulação da política pública e pela supervisão do processo, podendo adotar medidas corretivas ou propor ajustes sempre que necessário.
Inscrições e provas
As inscrições no CPNU 2 vão de 2 a 20 de julho de 2025, e o valor da taxa será único: R$ 70 para ambos os níveis. “Mantemos a taxa de inscrição acessível, R$ 70 para todos os blocos, com isenções para quem está no CadÚnico, doador de medula, e beneficiários do FIES e ProUni. Queremos garantir que o valor seja justo para todos”, enfatizou Dweck.
As provas serão aplicadas em 228 cidades brasileiras, distribuídas em todas as unidades federativas, com questões objetivas de conhecimentos gerais e específicos e dissertativas por área de atuação. “As 228 cidades refletem o potencial de inclusão regional, que para a gente é superimportante. Como eu falei, uma das nossas metas é justamente essa inclusão regional, que foi um sucesso no CPNU 1. Tivemos inscrições de 5.555 municípios e foram aprovadas pessoas de 908 municípios”, lembrou a ministra Esther Dweck.
Do total das 3.652 vagas, 135 são para a região Norte, 165 para o Nordeste, 814 para o Sudeste, 54 para o Sul e 4 para o Centro-Oeste (exceto o Distrito Federal, que concentra 2.089 vagas por abrigar a maior parte dos órgãos federais). Outras 391 vagas serão alocadas em diferentes regiões, de acordo com o interesse da Administração Pública.
Segurança
O CPNU 2 traz avanços significativos nas medidas de segurança. Uma das principais inovações é a identificação dos cartões de resposta e das redações por meio de código de barras individual, garantindo o anonimato dos candidatos durante a correção e reforçando a integridade do processo seletivo. Outros procedimentos de identificação também serão mantidos e aprimorados, como a coleta de dados biométricos (impressões digitais), assinatura em próprio punho e exame grafológico, todos aplicados de forma padronizada em todo o país.
Além disso, a estrutura de segurança pública adotada na primeira edição será mantida e aperfeiçoada, com a atuação estratégica da Enap e do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Cronograma do CPNU 2
- Inscrições: 2 a 20/7/2025
- Pagamento da taxa: até 21/7/2025
- Solicitação de isenção da taxa: 2 a 8/7/2025
- Prova objetiva: 5/10/2025
- Divulgação do resultado da objetiva e convocação para a discursiva: 12/11/2025
- Envio de títulos: 13 a 19/11/2025
- Prova discursiva: 7/12/2025
- Procedimento de confirmação de cotas: 30/11 a 8/12/2025
- Divulgação da primeira lista de classificação: 30/01/2026
Confira na íntegra a coletiva de imprensa sobre o CPNU2
Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos 1/7/2025