
Segundo nota oficial do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul (CBMRS): “A causa provável do incêndio no veículo automotor elétrico BYD Dolphin foi um procedimento de recarga fora do padrão de fábrica”.
“O veículo estava estacionado em via pública, sendo recarregado por meio de uma extensão de energia elétrica que descia da sacada de um apartamento. Essa extensão estava perigosamente posicionada sobre o estofamento do banco. Devido a uma sobrecarga elétrica, a extensão derreteu e rompeu-se exatamente onde se juntava ao carregador”, diz o relatório.
Especialistas reforçam necessidade de Wallbox e projetos profissionais
Improvisos como o feito no RS elevam consideravelmente o risco de sobreaquecimento e incêndios, explicam estudiosos. Tadeu Azevedo, engenheiro elétrico, CEO da Power2Go e diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), alerta para os cuidados indispensáveis na hora da recarga em condomínios — e nunca em tomadas comuns.
“A recarga de carros elétricos em condomínios deve sempre ser feita com o uso de Wallbox, de preferência do tipo Inteligente com comunicação Wifi e conectado a uma solução de balanceamento de carga para evitar sobrecarga da rede”, explica Azevedo.

Um wallbox é um carregador de parede para veículos elétricos (EV) e híbridos do tipo plug-in (PHEV) que se conecta à rede elétrica para recarregar a bateria de forma mais rápida e segura do que em uma tomada comum.
O equipamento permite carregar o carro em casa, adapta-se a diferentes potências e sistemas elétricos, e modelos mais avançados podem ter funções inteligentes como gerenciamento e monitoramento da carga.
O engenheiro reforça que “não é seguro permitir o uso de carregadores portáveis em tomadas NBR, uma vez que há muitos equipamentos fora de norma no mercado e quando eles são conectados há um risco de sobreaquecimento, podendo inclusive gerar incêndios”, concluiu.
Bombeiros ampliam normas e fiscalização
Normas nacionais e estaduais estão sendo reforçadas para mitigar riscos em garagens e áreas com recarga elétrica. O Conselho Nacional de Comandantes-Gerais dos Corpos de Bombeiros Militares (CNCGBM) publicou, em 25 de agosto de 2025, a Diretriz Nacional sobre Ocupações Destinadas a Garagens e Locais com Sistemas de Alimentação de Veículos Elétricos (SAVE).
O documento, publicado na Portaria n° 029, define parâmetros mínimos de segurança contra incêndios para estacionamentos e áreas de recarga, orienta órgãos de bombeiros de todo o País e serve de referência para construção civil, indústria automotiva, mercado imobiliário e usuários. O objetivo é estabelecer diretrizes claras e atualizadas com as melhores práticas da ciência do fogo.
Em Goiás, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMGO) publicou recentemente a Norma Técnica nº 45/2025, voltada a sistemas de recarga de veículos eletrificados. A norma exige critérios de ventilação, proteção elétrica, distanciamento de materiais combustíveis, sinalização adequada e controle de riscos — que incluem aterramento correto e dispositivos de proteção compatíveis com o tipo de carregador.
“O CBMGO orienta que síndicos e proprietários sinalizem claramente o profissional responsável, sua ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), além do laudo técnico referente à instalação de carregadores elétricos”, ressaltou o Tenente Coronel Bruno Alves, do CBMGO.
Contudo, muitos Estados – incluindo São Paulo – permanecem sem normas claras para uso e instalação de carregadores. Procurados, o Corpo de Bombeiros Militar de SP (CBMSP) não informou quando serão publicadas as diretrizes locais.
Histórico de casos de incêndio envolvendo elétricos e híbridos
O episódio do BYD Dolphin no Rio Grande do Sul não é isolado. Outro caso de destaque no País ocorreu em fevereiro de 2025, envolvendo um veículo híbrido que pegou fogo na garagem de em um condomínio de luxo em Presidente Prudente (SP) durante o carregamento. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo, esse foi o primeiro caso com um carro eletrificado no Estado.
Ambos os episódios reforçam que erros na instalação e recarga podem resultar em acidentes graves. E que a compra desses veículos requer projetos de eletrificação seguros feitos por profissionais qualificados.
Crédito: Letícia Correia / Jornal do Carro no Estadão – @ disponivel na internet 24/10/2025












