Além das feridas: a importância de acolher animais vítimas de violência

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Promover a adoção consciente, apoiar ONGs, lares temporários e protetores independentes é fundamental ---Homenagem do ASMETRO-SI ao GRUPO de PROTETORES DE ANIMAIS do Inmetro por sua dedicação e proteção dos animais do Campus “Dr. Armênio Lobo da Cunha Filho” 15/12/2022 na entrega dos kits de natal
Maus-tratos contra os animais deixam marcas profundas, tanto físicas quanto emocionais. Conscientizar, resgatar, acolher e cuidar é essencial para romper esse ciclo de violência na vida de milhares de pets

No Brasil, praticar ações de maus-tratos contra animais, silvestres e domésticos, é crime. Ao contrário do que muitos pensam, as malvadezas não se restringem apenas à agressão física. De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária, são considerado maus-tratos “qualquer ato, direto ou indireto, comissivo ou omissivo, que, intencionalmente ou por negligência, imperícia ou imprudência, provoque dor ou sofrimento desnecessários aos animais”. Situações como deixar o animal sem comida, água ou abrigo adequado, mantê-lo preso ou acorrentado por longos períodos e não fornecer cuidados veterinários quando necessário são exemplos de sofrimentos.

A campanha Abril Laranja, criada em 2006 pela Sociedade Americana para Prevenção da Crueldade a Animais, busca conscientizar e dar visibilidade à prevenção contra a crueldade animal. Segundo dados da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), os casos de violência contra animais aumentaram significativamente nos últimos anos. De 2019 a março de 2024, foram registrados mais de 2 mil episódios. Em 2019, as 230 ocorrências de maus-tratos pularam para 524 no ano de 2023 — um alerta para o cenário atual.

A comunicadora Porllanne Silva resgatou sua pet, a vira-lata Cruella, no caminho de volta para casa. “Os faróis do carro refletirem em dois olhinhos na estrada, parei o veículo, descemos e ela correu diretamente para nossos pés. Ela estava muito machucada, tremendo e molhada, numa situação gritante de maus-tratos. Era impossível não levá-la”, conta.

Segundo a tutora, Cruella estava com a pele ferida e com muito medo de tudo: gestos, vozes, até brinquedos faziam ela correr para se esconder. E alguns traumas e inseguranças permanecem até os dias de hoje. “Ela ainda fica muito nervosa quando percebe fumaça no ambiente, late desesperadamente e se esconde. Para acalmá-la, deixo que se esconda em meu quarto, embaixo da cama, que é onde, geralmente, ela se sente mais segura. Se a ocasião permitir, a levo para passear, longe da fumaça.”

Psicológico abalado

Para a médica veterinária Hérica Letícia, os animais vítimas de maus-tratos precisam de uma reabilitação que não envolva apenas cuidados físicos, mas também os emocionais e comportamentais. “É necessário uma avaliação clínica completa, para identificar ferimentos, doenças ou desnutrição e indicar o melhor tratamento médico. Alimentação adequada e suplementação, caso o animal esteja desnutrido; castração, quando possível, para prevenir doenças e abandono; e o acompanhamento comportamental, com ajuda de veterinários ou adestradores especializados”, detalha.

Nesses casos, a reabilitação pode ser longa e desafiadora, principalmente em casos de traumas emocionais, e exige paciência. “A recuperação física, às vezes, é rápida, mas a confiança nos humanos pode demorar muito mais para ser restaurada. Vai depender do histórico do animal e do ambiente em que ele é acolhido.”

Esperança

A atuação de abrigos e das Organizações Não Governamentais (ONGs) salva a vida de muitos animais todos os dias. Eles são responsáveis por resgatar e proporcionar melhores condições de vida para esses bichinhos, com cuidados e muito amor. A ONG Patinhas do Lago Oeste surgiu com esse propósito: garantir a dignidade animal.

O resgate, o cuidado, a procura por lares seguros e a divulgação da causa são os principais pilares para salvar esses animais em situação de vulnerabilidade. “Os casos mais comuns são animais abandonados na beira da estrada, próximo a lixeiras, sem comida ou água, expostos ao sol e à chuva. No caso de adultos muito maltratados, eles não confiam mais nos humanos”, compartilha Mildred Alves, presidente e responsável pelo Patinhas do Lago Oeste.

Segundo ele, as pessoas precisam, ao menos, tentar prestar os primeiros socorros aos bichinhos. Quando resgatados, esses animais passam por uma avaliação médica, e nenhum deles é liberado para eventos de adoção antes de serem vacinados.

Infelizmente, as ONGs, os abrigos e os protetores estão lotados, e, com isso, a ajuda é fundamental. Divulgar os responsáveis e envolvidos, ajuda financeira, com ração ou medicamentos, e, principalmente, com a adoção, garantindo um lar digno para esses bichinhos, são ações necessárias.

Legislação e denúncias

No Brasil, a Lei nº 9.605/98 de Crimes Ambientais assegura uma pena de reclusão de 3 meses a 1 ano, além de multa, em caso de dor, sofrimento ou privação ao animal. Com uma atualização e reforço, a Lei nº 14.064/2020 aumenta essa pena contra cães e gatos para detenção de 2 a 5 anos, multa e proibição da guarda.

O Distrito Federal foi pioneiro na criação de uma delegacia própria para proteger a integridade dos animais e combater crimes de maus-tratos. A Delegacia de Repressão aos Crimes contra os Animais (DRCA) foi criada pela Polícia Civil do DF (PCDF), juntamente com o Governo do Distrito Federal (GDF), em agosto de 2023.

O primeiro passo é a denúncia. A população pode denunciar casos de abandono e maus-tratos por meio do site ou do telefone da Ouvidoria do GDF, 162, e diretamente à PCDF, na delegacia ou pelo telefone 167

Sinais de alerta

De acordo com a veterinária Hérica Letícia, os sinais emocionais e comportamentais de maus-tratos costumam se manifestar de maneira intensa, como uma forma de o animal comunicar que algo está errado. Os principais são:

Manifestações emocionais:

— Medo constante, principalmente de pessoas, barulhos ou objetos associados à violência (como vassouras, correntes etc.).

— Ansiedade e estresse excessivos, que podem levar a comportamentos compulsivos.

— Tristeza ou apatia, com perda de interesse por brincadeiras, passeios ou até comida.

Desconfiança, com dificuldade de formar vínculos ou aceitar carinho, mesmo em ambientes seguros.

— Manifestações comportamentais:

— Agressividade defensiva, mesmo sem provocação — o animal pode atacar por medo.

— Fuga ou tentativas de esconder-se, especialmente quando há movimentos bruscos ou vozes altas.

— Isolamento social, evitando contato com humanos ou outros animais.

— Comportamentos repetitivos (como andar em círculos, lamber compulsivamente, morder o próprio corpo).

— Latidos ou miados excessivos, como forma de expressar insegurança ou angústia.

Crédito:  Loanne Guimarães (Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte) / Correio Braziliense – @ disponível na internet 21/4/2025


Como você pode ajudar os Protetores

  • Doações de itens essenciais: Medicamentos, caixas de transporte, coleiras, guias, potes e outros materiais são sempre necessários.
  • Participação nos bazares e rifas: Esses eventos são uma importante fonte de arrecadação para a continuidade das ações do grupo. (Temos uma em andamento)
  • Contribuições financeiras: Faça um PIX para [email protected]e ajude diretamente nos cuidados dos animais.
  • Voluntariado: Junte-se a essa causa! Entre em contato pelo WhatsApp (21) 98382-7555 ou procure a Secretaria da ASMETRO-SI para saber mais.

Cada contribuição, por menor que pareça, faz uma enorme diferença na vida de cada animal que protegemos. Juntos, mostramos que proteger é um ato de amor, responsabilidade e resistência.

Além disso, você pode acessar as histórias e conquistas dos Protetores no site oficial do ASMETRO-SI: asmetro.org.br/portalsn/category/protetores-de-animais/

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