Comissão Geral sobre Reforma Administrativa: Grave ataque aos serviços públicos

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O anúncio feito nesta segunda-feira (25) pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de convocar uma comissão geral para debater a Reforma Administrativa no próximo dia 3 de setembro, acendeu o alerta entre entidades representativas dos servidores públicos.

Motta afirmou, em suas redes sociais, que “o Brasil precisa de coragem para enfrentar suas verdades” e que “o Estado não está funcionando na velocidade da sociedade”, defendendo a urgência de discutir mudanças estruturais no funcionalismo. O relator da proposta, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), já antecipou alguns pontos que pretende incluir no texto, como o fim de férias de 60 dias, a limitação dos salários iniciais à metade do teto da carreira e a criação de tabelas únicas de remuneração nos Três Poderes. Para ele, o objetivo é reduzir desigualdades salariais, corrigir privilégios e dar mais transparência à gestão pública.

Críticas do movimento sindical

Para a Condsef/Fenadsef, que representa cerca de 80% do funcionalismo federal, a decisão de Hugo Motta é preocupante e configura um grave ataque aos serviços públicos. A entidade lembra que o relatório final do Grupo de Trabalho (GT) sequer foi apresentado à sociedade e que até agora apenas entrevistas do relator circulam na imprensa, com informações desencontradas.

O movimento sindical alerta que a convocação da comissão se soma à pressão da grande mídia e de setores empresariais para acelerar uma proposta que reedita os ataques da PEC 32, do governo Bolsonaro/Guedes, visando desmontar serviços públicos e retirar direitos dos servidores. Enquanto isso, supersalários e militares ficam de fora do debate.

Em ofício encaminhado à presidência da Câmara, a Condsef/Fenadsef solicitou formalmente direito de participação e fala na comissão geral, amparada em dispositivo que permite a presença de representantes da sociedade em sessões dessa natureza.

Mobilização cresce

A resposta das entidades foi imediata: mobilizações já estão programadas em Brasília e nas redes sociais. Nesta terça (26), ocorre novo ato no aeroporto de Brasília, pressionando parlamentares na chegada à capital. Às 19h, haverá mais uma edição do tradicional “Xtaço” nas redes sociais, com a hashtag #RefAdministrativaÉDesmonte.

Além disso, no dia 2 de setembro, véspera da comissão geral, a Condsef/Fenadsef e demais entidades da Aliança das Três Esferas reúnem-se com a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público para alinhar estratégias de enfrentamento a uma proposta considerada fiscalista e punitivista.

Defesa da sociedade

A campanha “Quem votar, não volta segue mobilizando servidores em todo o país, reforçando que a luta contra a Reforma Administrativa não é apenas corporativa, mas sim uma defesa de toda a sociedade. Afinal, como lembra a Frente Parlamentar Mista, “quando o Estado falha, quem paga a conta é o cidadão”.

Reforma Administrativa – Pontos em Debate

Tópico Situação Atual Proposta em Debate
Férias de 60 dias Algumas categorias ainda possuem direito a 60 dias (≈0,3% do total de servidores). Extinção de férias acima de 30 dias para todos os servidores.
Salários iniciais e teto Cada carreira possui sua tabela própria de progressão salarial. Criação de tabela única de remuneração para os Três Poderes. Ingresso limitado a metade do teto da carreira.
Verbas indenizatórias Pagas de forma variada, em alguns casos incorporadas aos salários. Limitação e regras claras: caráter temporário, sem incorporação permanente.
Metas de governo e bônus Não há obrigação formal de apresentação de metas unificadas. Chefes do Executivo terão até 180 dias após a posse para apresentar plano de metas. Possibilidade de bônus por desempenho.
Municípios de baixa arrecadação Prefeitos têm liberdade para definir número de secretários e valores de remuneração. Limitação no número de secretários e nos salários em municípios de baixa arrecadação.
Impacto simbólico/reputacional Vários benefícios e diferenças salariais são vistos como privilégios. Fim de férias de 60 dias, tabela única e regulação de verbas indenizatórias são apresentados como medidas de “combate a privilégios”.

 

ASMETRO-SI 26/8/2025

Fontes

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