A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS realiza, nesta segunda-feira (27/10), a oitiva do ex-diretor de Governança do instituto Alexandre Guimarães. O advogado integrou o órgão entre 2021 e 2023 e foi alvo da Polícia Federal nas investigações sobre o esquema bilionário de descontos indevidos em benefícios de aposentados, revelado pelo Metrópoles.
Segundo as investigações, Guimarães recebeu R$ 2 milhões de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “careca do INSS“, preso pela PF. O pagamento foi feito por meio das empresas de cada um: a Brasília Consultoria, que tem Antunes e o filho, Romeu, no quadro societário e da empresa Vênus Consultoria, da qual Guimarães é dono.

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES
Durante o depoimento, ele admitiu ter recebido o montante, mas negou, no entanto, envolvimento com o esquema de desvios ilegais.
“Esses mais de R$ 2 milhões recebidos do chefe da organização criminosa de descontos roubados de aposentados e pensionistas, em algum momento, dizem respeito à vantagem indevida?”, questionou o relator da CPMI, Alfredo Gaspar (União Brasil-AL).
Guimarães respondeu: “Nenhuma. Eu não recebi do senhor Antônio. Eu recebi da empresa para a qual eu prestava serviço”.
Segundo Guimarães, ele abriu a Vênus Consultoria para atender a demanda da empresa do Careca do INSS.
“Assim que saiu a operação Sem Desconto eu prestei serviço em maio e depois encerrei. Pedimos, lógico, com a imagem negativa que estava e meu nome também […] Abri empresa para atender a demanda da Brasília Consultoria, mas eu estava, claro, trabalhando para abrir outras possibilidades, mas por conta da operação, eu encerrei a empresa”, declarou.
Farra do INSS
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23 de abril deste ano e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Como mostrado pelo Metrópoles, na coluna de Fábio Serapião, a PF indica que esse não foi o único montante que o ex-diretor de Governança do INSS já havia recebido do “careca do INSS”.
Entre março e maio de 2023, Guimarães teria recebido R$ 313,2 mil de Antonio Carlos Camilo Antunes.
Guimarães é economista e servidor público de carreira.
Em maio de 2021, foi nomeado diretor de Governança, Planejamento e Inovação do INSS durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e deixou o cargo no início da atual gestão, comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Crédito: Luciana Saravia / Metrópoles – @ disponível na internet 28/10/2025













