Nos últimos cinco anos, a indústria brasileira passou por um processo de digitalização da produção, 69% das empresas aderiram a novas tecnologias. Em 2016 esse percentual era de 48%. A informação é de pesquisa divulgada nesta terça-feira (26) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Mais de mil empresas foram consultadas e 18 tecnologias diferentes foram listadas – 8 a mais que em 2016. Segundo Samantha Cunha, gerente de Política Industrial da CNI, apesar dessa diferença é evidente o crescimento. “Se analisar os resultados produzidos a partir de uma subamostra formada pelas mesmas empresas participantes em 2016 e 2021, a maioria que respondeu que não adotava, ou não sabia se adotava alguma tecnologia digital, passou a adotar pelo menos uma tecnologia digital em 2021”, explica.
O foco principal das tecnologias continua sendo a melhoria do processo produtivo. Mas o uso para maior customização de produtos também ganhou espaço nos últimos anos. Por outro lado, tecnologias mais complexas, como as que envolvem inteligência artificial, ainda são pouco utilizadas (9%).
Apesar do crescimento, o levantamento apontou que boa parte da indústria ainda está em um processo inicial de digitalização. Apenas 7% utilizam 10 ou mais tecnologias listadas pela pesquisa. 26% usam de 1 a 3 e 36% de 4 a 9.
Entre os setores que mais implementaram recursos digitais estão os com maior intensidade tecnológica e os que são pioneiros nessa adoção.
O número de tecnologias adotadas também está relacionado ao porte. Entre as grandes empresas, 86% usam pelo menos uma das 18 tecnologias. Já entre as médias esse percentual cai para 64% e entre as pequenas para 42%.
O percentual de empresas que utilizam até 6 tecnologias entre negócios de grande porte é 1,5 vezes maior quando comparado com a utilização entre as de pequeno porte. A diferença aumenta para quinze vezes quando observada a utilização de 10 ou mais tecnologias.
O elevado investimento necessário para a implementação de novas tecnologias é o principal obstáculo para as empresas iniciarem e expandir o processo de digitalização. Assim como em 2016, 66% ainda considerem essa a maior barreira interna. Veja os entraves citados na pesquisa:
– Estrutura e cultura da empresa: 26%
– Falta de clareza na definição do retorno sobre o investimento: 25%
– Falta de conhecimento técnico sobre as tecnologias digitais 25%
– Dificuldade para integrar novas tecnologias e softwares 18%
– Infraestrutura de TI inapropriada: 14%
– Tempo de implementação elevado: 13%
– Risco para a segurança da informação: 6%
Externamente, o maior entrave é a falta de mão de obra qualificada (37%), percentual que cresceu em relação a 2016, quando era de 30%. Confira: outras dificuldades citadas:
– Dificuldade para identificar tecnologias e parceiros: 33%
– O mercado ainda não está preparado (clientes e fornecedores): 29%
– Ausência de linhas de financiamento apropriadas: 20%
– Infraestrutura de telecomunicações do país insuficiente: 19%
– Falta de normalização técnica: 9%
– Falta de regulação / regulação inadequada: 6%
Para 72% o aumento da produtividade é a principal vantagem da adoção de novas tecnologias. 61% constataram uma melhora da qualidade dos produtos, 60% redução dos custos operacionais.
As empresas consultadas também citaram o avanço no processo de tomada de decisão (49%), aumento da segurança do trabalhador (38%), crescimento da eficiência energética (22%), desenvolvimento de produtos ou serviços mais customizados (15%) e redução dos impactos ambientais (15%) e queda no tempo de lançamento de novos produtos 12%.
No setor de Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 88% das empresas utilizam pelo menos uma tecnologia digital, seguido pelo setor de Biocombustíveis (81%) e o de Sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal (HPPC) (80%).
Mas o setor automativo é que mais se destaca quando o assunto é avançar no processo de digitalização intensamente. No setor de veículos automotores, reboques e carrocerias 35% das empresas utilizam 7 ou mais tecnologias digitais. Enquanto no de HPPC, esse percentual é de apenas 8% das empresas.
As indústrias com menos empresas usando pelo menos uma tecnologia digital são as de produtos de minerais não metálicos (44%), couros e artefatos de couro (45%) e impressão e reprodução de gravações (46%).
Crédito: Camila Nascimento, estagiária do R7, sob supervisão de Ana Vinhas – @ disponível na internet 26/04/2022