Reforma ministerial pode sair neste mês, diz Rui Costa
Após a demissão de Paulo Pimenta da Secretaria de Comunicação Social (Secom), o chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode fazer a reforma ministerial neste mês. A troca de cadeiras ainda não está certa, no entanto, segundo ele, o petista está focando em “aperfeiçoar a gestão”.
O ministro sinalizou que a mudança no comando das pastas pode ocorrer até o dia 21, data da próxima reunião com ministros do governo. “Há indicativo do presidente de que quer fazer eventuais mudanças ainda neste mês, até para que quem entrar possa ter mais tempo de fazer alterações que o presidente espera”, disse em entrevista à Globo News.
“Teremos reunião de ministério dia 21 e eventualmente alterações, se o presidente assim decidir, podem ser feitas antes dessa reunião”, acrescentou o ministro. Ele ponderou que Lula ainda não bateu o martelo. “O presidente está avaliando, não decidiu sobre mudanças no governo, está numa fase de reflexão.”
A possível troca ocorrerá na esteira das mudanças na pasta da comunicação da Presidência. No início da semana, Lula anunciou a substituição de Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira, que foi marqueteiro da campanha eleitoral do petista em 2022. O chefe do Executivo optou por mudanças na Secom, em busca de melhorar a comunicação do governo. Ele entende que as conquistas de seu mandato não estão chegando para a população.
De acordo com Rui Costa, a saída de Pimenta, nesta semana, se deu pelo fato de que o governo está entrando em um “novo momento”. “É como se tivesse terminado o primeiro tempo, estamos entrando no segundo tempo, dado, inclusive, as mudanças rápidas na forma de acessar comunicação pela população”, afirmou.
Sidônio, que recebeu carta branca do chefe, já fez sua primeira alteração na pasta. Foi anunciada, nesta quinta-feira, a demissão do secretário de Imprensa José Chrispiniano. Homem de confiança de Lula, Chrispiniano o assessorava desde 2011, ao final de seu segundo mandato.
Ele acompanhou o petista durante toda a Operação Lava-Jato, sua prisão em Curitiba e também durante a campanha de 2022. Laércio Portela, então secretário de Comunicação Institucional, é quem deve assumir o cargo.
Antes das declarações de Rui Costa, a expectativa era de que as mudanças ficassem para depois das eleições às presidências da Câmara e do Senado, marcadas para o começo de fevereiro. O titular da Casa Civil afirmou ainda que Lula orientou os ministros a não interferirem no pleito.
Defesa na mira
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, foi menos direto e procurou não se comprometer com declarações sobre uma eventual troca de cadeiras. Ele negou que o governo fará uma reforma, mas, sim, “mudanças pontuais”. “Não acredito que o presidente Lula vá fazer uma reforma ministerial. Ele fará mudanças pontuais, como fez na área da comunicação do governo”, disse, durante entrevista à Rádio Eldorado.
Outro nome cotado para deixar a equipe ministerial, por vontade própria, é o de José Múcio, ministro da Defesa. Desde o fim do ano passado, ele já dizia que acreditava ter cumprido a missão de apaziguar as Forças Armadas e estabelecer relação mais amena com o governo federal. No início do governo, Múcio até avisou ao presidente que não pretendia ficar toda a gestão no comando da pasta.
O ministro compareceu ao ato para lembrar os dois anos do 8 de Janeiro, com os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Não se sabe, porém, até quando ele continuará ocupando o posto, apesar de ser amplamente elogiado pelo governo. “Quero destacar o bom trabalho do ministro da Defesa. É um trabalho importante, que deveria continuar. Vamos aguardar. Acho que José Múcio faz um bom trabalho e deve continuar”, defendeu Alckmin.
Crédito: Rafaela Gonçalves e Mayara Souto / Correio Braziliense – @ disponível na internet 11/1/2025
Lula quer fazer reforma ministerial mais enxuta e primeira etapa deve atingir PT
Presidente atua para não parecer refém do Centrão em um momento de troca de comando na Câmara e no Senado, mas precisará mexer na equipe mais adiante
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu fazer uma reforma ministerial mais enxuta neste início de ano. As mudanças, chamadas de “pontuais”, vão atingir o PT, que hoje tem 11 dos 38 ministérios. A intenção de Lula é desvincular as trocas das pressões de partidos aliados no Congresso, em um primeiro momento, para não parecer refém do Centrão.
Foi por isso que o titular da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta quinta-feira, 9, em entrevista à GloboNews, que alguns ajustes na equipe podem ser feitos ainda neste mês, antes da primeira reunião ministerial de 2025, marcada para o próximo dia 21.

Na prática, porém, o presidente terá de mexer no governo mais adiante. As escolhas de Hugo Motta (Republicanos) e Davi Alcolumbre (União Brasil) para presidir a Câmara e o Senado, respectivamente, são dadas como certas, em fevereiro. Mas, sem maioria nas Casas legislativas, Lula precisará fazer a “repactuação” com aliados do Centrão para ter governabilidade.
A estratégia também mira a montagem de alianças com o PT para as eleições de 2026, quando Lula pretende concorrer a novo mandato. O problema é que o Centrão não quer garantir esse apoio para a disputa do ano que vem – alguns porque já têm pré-candidatos na praça e outros porque querem ver como o governo chegará em 2026. Além disso, partidos como o MDB estão muito divididos.
As mudanças no primeiro escalão tiveram início nesta semana com a entrada do publicitário Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social (Secom). Marqueteiro da campanha de Lula em 2022, Sidônio substituiu Paulo Pimenta (PT) e já começou a alterar a organização da pasta, tendo como foco as redes sociais.
A nova cara da comunicação do governo vai incluir a construção de marcas vistosas para os principais ministérios, que ainda não apresentam um portfólio de programas. Nesse rol estão os ministérios de Saúde, Educação e Meio Ambiente

“É um segundo tempo que estamos começando”, disse Sidônio, que tomará posse nesta terça-feira, 14, numa referência à segunda metade da gestão Lula. “O presidente sempre diz que é hora de colher, mas também continuamos plantando. O governo é melhor do que a percepção popular e vamos mostrar isso.”
A etapa inicial da reforma pode incluir os ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), Cida Gonçalves (Mulheres) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação). Os dois primeiros são filiados ao PT e Luciana é presidente do PCdoB.
Macêdo afirma que vem sendo alvo de “fogo amigo” e não vê nenhuma reforma em curso. Após deixar a Secom, nesta terça-feira, 7, Pimenta tirou férias. Lula avalia se o agora ex-ministro deve voltar a ocupar sua cadeira na Câmara, uma vez que é deputado federal, ou ir para a Secretaria-Geral.
Interlocutores do presidente também observam que o Ministério de Ciência e Tecnologia pode ser entregue a um partido do Centrão. Uma das siglas mencionadas é o PSD de Gilberto Kassab, que elegeu o maior número de prefeitos (891) no País.
A bancada do PSD na Câmara reclama que não é atendida pelos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura), filiados ao partido, e ameaça criar obstáculos para governo enquanto essa situação não for resolvida. Não é só: quer a troca do Ministério da Pesca, hoje com André de Paula, por uma pasta mais robusta.
Há no Palácio do Planalto a percepção de que Ciência e Tecnologia tem um orçamento muito grande (R$ 3,27 bilhões) para um partido pequeno como o PCdoB, que hoje compõe uma federação com o PT e o PV. O diagnóstico ali é o de que esse ministério também deveria atuar com muito mais protagonismo na política industrial.

Na outra ponta, embora o nome do vice Geraldo Alckmin (PSB) tenha sido citado na bolsa de apostas para substituir o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, não é com esse cenário que o presidente trabalha.
Alckmin comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e sua área vem sendo muito elogiada por Lula.
O vice detalhou a nova política industrial em almoço que ele e a mulher, Lu Alckmin, ofereceram nesta quinta-feira, 9, à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, no Palácio do Jaburu. “Saí muito impressionada com os resultados e quero estudar esse assunto melhor”, afirmou Gleisi.
Saúde e articulação política entram no radar
Em entrevista à Rádio Eldorado, Alckmin disse que Lula fará “mudanças pontuais” na equipe, e não uma ampla reforma ministerial. “Quero destacar o bom trabalho do ministro da Defesa. Acho que José Múcio deve continuar”, argumentou o vice.
No fim do ano passado, Múcio pediu para sair, mas Lula tenta convencê-lo a ficar, principalmente nesta temporada em que as investigações dos atos golpistas do 8 de Janeiro de 2023 vão avançar e a polarização com seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) promete se tornar ainda mais intensa.
Mudanças na articulação política do Planalto com o Congresso, hoje nas mãos de Alexandre Padilha (PT), e no Ministério da Saúde – chefiado por Nísia Trindade – são também avaliadas pelo presidente, mas ainda não há decisão final sobre o assunto. Lula gosta de Nísia, mas acha que ela tem demorado a tirar programas do papel, como o “Mais Especialistas”, e precisa melhorar a gestão.
Nos bastidores, petistas afirmam que Padilha pode assumir novamente a Saúde, cargo que já ocupou no governo Dilma Rousseff, quando lançou o “Mais Médicos”. Se o remanejamento for consumado, a tendência é que a Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política, vá para um aliado do Centrão com trânsito no Congresso.
Crédito: Vera Rosa e Caio Spechoto (Broadcast) / O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 11/1/2025