O senador Otto Alencar (PSD-BA) diz ao Blog que o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, lhe ofereceu cargos nos Correios, inclusive uma vice-presidência, mas não aceitou indicar ninguém para as funções.
Ele conta que, logo depois da aprovação da lei de estatais, que definiu um perfil técnico para os cargos de gestão nas empresas, o ministro o procurou, alegando que não encontrava ninguém com capacitação técnica e dentro das condições da lei para indicar para os Correios. “Kassab me ofereceu cargos, mas não indiquei ninguém. Não quero nada”, afirma.
Enfático, o senador ressalta que, apesar de o seu partido estar na base aliada do governo, ele faz oposição ao presidente Michel Temer. “Votei contra o impeachment de Dilma Rousseff e sou contra as reformas trabalhista e da Previdência”, assinala. Portanto, segundo ele, não há como o governo cooptá-lo por meio de doações de cargos em estatais. “Não me entrego por nenhum carguinho”, afirma.
Alencar destaca ainda que, quando foi presidente da Comissão de Controle e Fiscalização do Senado, pediu, diversas vezes, a fiscalização nos Correios e no Postalis, o fundo de pensão dos empregados da companhia, “vítimas de uma série de irregularidades”. O senador acrescenta que sempre foi contra o uso político de estatais em troca de votos no Congresso.
Ele diz também que não tem qualquer ligação com a Voetur e que nunca entrou com qualquer ação contra os Correios no Tribunal de Contas da União (TCU). “O que sempre fiz foi tentar proteger a empresa e o fundo de pensão de seus empregados. Inclusive, pedi ao TCU uma auditoria no Postalis”, assegura. O parlamentar destaca que, em toda a sua vida pública, nunca foi processado ou denunciado.
O senador diz que continuará fazendo oposição ao governo, independentemente de o seu partido estar ao lado do presidente Temer. “Tenho uma boa relação com o ministro Kassab, mas, na Bahia, estou aliado ao PT. Sou contra as reformas e continuarei a ser”, avisa.
Senador da Bahia indicará vice-presidente dos Correios
O clima é de revolta dentro dos Correios, que estão caminhando firme para o precipício. O governo deu ao senador Otto Alencar, do PSD da Bahia, a prerrogativa de indicar o próximo vice-presidente de Logística da estatal.
Para quem não sabe, Alencar entrou com uma ação contra os Correios no Tribunal de Contas da União (TCU), na tentativa de restringir a atuação da empresa na área de logística, a qual, agora, seu apadrinhado comandará.
Alencar é um dos sócios da Voetur, que tem muitos interesses em áreas nas quais os Correios atuam. Ou seja, em troca de apoio político, o governo entregará uma área estratégica para a concorrência.
Rombo bilionário
Os Correios, como se sabe, estão vivendo um momento terrível. Somente nos últimos dois anos, a estatal acumulou prejuízos de quase R$ 4 bilhões. O buraco só aumentou neste ano, sem qualquer perspectiva de reação. Fala-se em perdas de mais de R$ 1 bilhão apenas nos três primeiros meses deste ano.
O comando dos Correios sempre foi entregue a grupos políticos, que saquearam o caixa da companhia. No momento, a empresa está sob a tutela do PSD, partido do ministro das Comunicações, Gilberto Kassab. O presidente da estatal, Guilherme Campos, é do PSD.
A situação dos Correios é tão complicada, que a empresa cortou férias e demitiu quase todos os terceirizados. Recentemente, anunciou que reabrirá o Plano de Demissão Voluntária (PDV), ao qual já aderiram 5,5 mil funcionários. A meta é que pelo menos mais 10 mil deixem a estatal. São elegíveis ao programa 17 mil funcionários, todos com mais de 55 anos de idade e mais de 15 anos de serviço.
Além dos Correios, também o fundo de pensão dos carteiros foi saqueado por esquemas políticos liderados pelo PT e pelo PMDB. O Postalis está com rombo superior a R$ 6 bilhões. Para cobrir o buraco, os empregados da estatal estão sendo obrigados a fazer uma contribuição extra ao fundo.
Crédito: Blog do Vicente/Correio Braziliense – disponível na internet 10/06/2017
