Para especialista, ações da PRF não podem estar em “pacote único”
“Sustentabilidade” foi o tema da palestra da administradora Alda Marina Campos, sócia fundadora da Pares Estratégia & Desenvolvimento, no primeiro dia (13/12) da IV Oficina de Lucro Social – Ferramenta de Negócios e Transparência no Setor Público. Assessorando empresas e empreendedores desde 2010, com trabalhos em redes, ela ficou impressionada com os números de indicadores apresentados pelos policiais rodoviários federais, na IV Oficina de Lucro Social – Ferramenta de Negócios e Transparência no Setor Público.
“Soube no evento que a Polícia Rodoviária Federal foi responsável por 51% da apreensão de drogas no país no ano passado. Eu não tinha noção disso. De que forma isso pode ser explanado para que a sociedade entenda a relevância de um trabalho que muitas vezes é colocado num pacote único? Isso tem que ser repensado”, comentou a palestrante.
O “pacote único”, observou, é quando também o trabalho da PRF é incluído em outros setores do serviço público, não tão bem avaliados pela população, como é a categoria. “É interessante ver o protagonismo de uma instituição de querer olhar para si, ver o que pode e precisa mudar para valorizar o que tem, e depois aprimorar o que tem, e ainda poder fazer isso usando uma ferramenta que permite o diálogo com outras instituições públicas”.
E completou: “Para mim está claro que o propósito do evento de trazer uma ferramenta de medição e de transparência, de clareza, de como um trabalho é eficaz ou não para a sociedade sobre outras lentes é extremamente relevante para o processo de desenvolvimento de qualquer instituição e organização, grupo ou rede”.
Rodrigo Felix: empenho e dedicação dos participantes foram grandiosos
“Quando você pode medir e expressar em números, você sabe algo sobre o assunto; mas quando você não consegue expressar em números, seu conhecimento é escasso e insatisfatório”. (Lord Kelvin (1824-1907), cientista britânico nascido na Irlanda).
Chefe do Laboratório de Ultrassom e Coordenador do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia do Inmetro, Rodrigo Félix, falou sobre o tema “a metrologia e o lucro social”. Para ele, é fundamental a utilização da ferramenta lucro social para medir as ações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre outras, de expressiva complexidade de ações em benefício da sociedade. Medir, segundo ele, é fundamental. Por isso, na IV Oficina de Lucro Social, ministrada pelo Asmetro-SN, para a FenaPRF, iniciou a sua fala com a frase do cientista britânico.
Com a discussão de muitos indicadores, traduzidos em números estimados e projetados, para Rodrigo Felix, doutor em Engenharia Biomédica, a IV Oficina de Lucro Social, foi um absoluto sucesso. “Os servidores da PRF deixaram evidente a alta qualificação de seu quadro de pessoal. Foram discutidos indicadores para cinco relevantes atividades da PRF em todo território nacional, totalizando mais de R$ 3,1 bilhões de lucro social”, comentou.
O empenho e a dedicação dos participantes foram grandiosos, avaliou.
“ Certamente eles estão munidos de conhecimentos sobre a ferramenta de Lucro Social capazes de dar maior dinamismo às atividades da corporação, permitindo mais transparência e evidenciando a sustentabilidade das atividades da PRF”.
Na oficina, ressaltou, os princípios fundamentais da metrologia, incluindo a definição de erro e incerteza, foram apresentados de maneira simples e direta. Na sua opinião, “os conceitos de risco do consumidor e risco do produtor foram apresentados e discutidos, incluindo um exemplo prático da importância do uso dos fundamentos da metrologia para evitar avaliações incompletas ou incorretas da conformidade a requisitos da qualidade”.
E completou: “O saldo de três intensos dias de atividade foi muito positivo tanto para a PRF quanto para o Asmetro-SN. Estou muito satisfeito e agradecido por ter tido a oportunidade de contribuir para a IV Oficina de Lucro Social”.
FENAPRF convida IPEA a participar da IV Oficina de Lucro Social
A Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) convidou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a participar da IV Oficina de Lucro Social – Ferramenta de Negociação e Transparência no Setor Público, para auxiliar na construção de indicadores relacionados aos impactos de acidentes de trânsito. O Ipea foi representado pelos pesquisadores Luiza de Alencar Dusi e Juan Pablo Mikan, nos três dias do evento (13 a 15), em Brasília.
Lotada na Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação e Infraestrutura do Ipea (Diset), há cerca de dois anos, a engenheira civil, Luiza Dusi, lembrou que, em 2003, o Instituto realizou uma pesquisa de impactos econômicos de acidentes de trânsito, que teve seus valores atualizados em 2015. “Além disso, em breve serão publicados estudos que atribuem valores monetários a parâmetros que não possuem valor de mercado, mas que precisam ser considerados em avaliações econômicas de projetos”.
Como exemplo, ela citou o custo de mortes causadas por acidentes de trânsito – “dado relevante na construção dos indicadores de lucro social, que é o tema da oficina”.
Na opinião da pesquisadora, a metodologia de construção de indicadores de lucro social abordada na oficina é bem clara e direta. “Viemos aqui para contribuir com nosso conhecimento específico em segurança viária, porém estamos aprendendo e levando de volta muito mais”, comentou.
A tarde de oficina, com a realização do trabalho de grupo, foi bem produtiva, disse Luiza. “Principalmente por proporcionar discussões sobre a metodologia, pois apenas na hora de aplicar é que surgem as dúvidas e em consequência a compreensão de fato”. Contudo, fez questão de lembrar: “É importante ressaltar que os indicadores apresentados foram fruto de um exercício e que não devem ser diretamente aplicados”.
Na própria oficina, acrescentou, foram abordadas metodologias de validação de indicadores, etapa essencial e realizada por especialistas. Foi um evento muito importante para a ampliação de conhecimentos, disse. “Por isso, parabenizo a FenaPRF pela inciativa e a ASMETRO pelo curso. O Lucro Social é uma importante ferramenta de transparência que beneficia tanto as instituições quanto a sociedade”.
Vantagens do lucro social: melhora a percepção da instituição
O engenheiro mecânico Eduardo Ribeiro de Oliveira, no Inmetro desde 2002, palestrou sobre o tema “Instrumentos sujeitos ao controle metrológico legal na área de atuação da PRF”. Ele enfatizou que a ferramenta lucro social tem várias vantagens para todo o serviço público, mas as principais devem estar em primeiro plano: “A ferramenta serve para fazer com que o próprio órgão melhore essa percepção. E depois, num segundo momento, para mostrar esse impacto aos governos e à população”
Em sua palestra, como disse, ele tentou transmitir para os policiais rodoviários federais um pouco do que o Inmetro faz e sua relação com as atividades executadas pela PRF. “Entendo que o lucro social é uma ferramenta que serve não só para o Inmetro, mas para todos os órgãos públicos. Para mostrar que nosso trabalho tem um impacto que, às vezes, não é diretamente percebido”.
O que achou do interesse da FenaPRF em conhecer a metodologia do lucro social? “Fantástico! O pessoal se mostrou muito interessado justamente pela possibilidade de divulgação desse importante trabalho que eles realizam diariamente nas rodovias brasileiras”.
Para o especialista, pelo fato de possibilitar grandes vantagens nas avaliações dos indicadores, nem sempre percebidos e apresentados à sociedade, “ cada vez mais, a ferramenta de lucro social será disseminada nas instituições, ajudando a melhorar o serviço público em geral”.
Ferramenta lucro social gera respeito aos servidores públicos
Representando o Diretor Geral IPEM-ES, Amarildo Selva Lovato, Emerson Marcelo de Moraes Mendes, acredita que a aplicação do lucro social, conforme a metodologia do Asmetro, “fará um diferencial ao país, que só tende a ser mais respeitado e seus servidores públicos também, através dessa ferramenta”.
Ele acredita que a partir da IV Oficina, outras instituições estarão utilizando o lucro social para demonstrar que “não adianta apenas fazer o dever de casa e sim ter um comprometimento maior com a sociedade e o país”. Entretanto, é necessário que haja maior publicidade da iniciativa, pois assim, “as autoridades e gestores públicos verão a importância de seus servidores, para que num futuro próximo possam ser mais valorizados”.
Ele também comentou que nas cinco apresentações feitas de forma coerentes, bem pesquisadas e conservadoras, obteve-se 3,17 bilhões de lucro social, chegando próximo ao orçamento da PRF. “Reitero assim os parabéns aos idealizadores desta nova visão”, que fazem esse trabalho importante no Asmetro-SN.
ASMETRO-SN 18/12/2018