Brasil tem 12 dos mais influentes cientistas

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Era o início dos anos 80. Cesar Victora, embora fosse um médico recém-formado, sentia-se exausto. Com frequência, trabalhava nas comunidades de Pelotas, no Rio Grande do Sul. As doenças que tratava em um dia reapareciam semanas depois. “Tinha a impressão de que nem sequer havia passado por ali”, diz.
Inquieto, o epidemiologista concluiu que precisava atuar para prevenir os problemas, e não apenas remediá-los.
Em 1982, Victora e um colega, o médico Fernando Barros, iniciaram um levantamento ambicioso para investigar as condições da mortalidade infantil em Pelotas. A dupla identificou e examinou todas as crianças nascidas naquele ano na cidade. Foram 5.914 (97 morreram ao nascer). A partir daí, acompanharam a evolução dessa turma. Novos exames foram feitos em todo o grupo, quando seus integrantes completaram 1 ano, depois 2 anos, 4 anos, 15, 18, 23, 30… Em 2020, eles serão analisados pela oitava vez, aos 38 anos.
Desde o início do levantamento, cerca de 350 morreram. O conhecimento extraído desses estudos teve uma repercussão formidável. Victora foi incluído no rol dos cientistas mais influentes do planeta, em um levantamento da Clarivate Analytics, empresa americana cujos serviços incluem a Web of Science, plataforma global de acesso a dados bibliográficos de pesquisas científicas.
Em sua quinta edição, a lista Highly Cited Researchers (pesquisadores altamente citados) destaca 6.078 pesquisadores, em um universo estimado de 9 milhões de cientistas espalhados pelo mundo. Esse time produziu os artigos mais citados por seus pares, em um período de 11 anos, entre 2006 e 2016. Entre os relacionados, 4.058 deles atuam em 21 áreas do saber. Os trabalhos dos outros 2.020 têm características “transversais”, ou seja,
transitam por mais de um campo do conhecimento. Pessoas de pouco mais de 60 países estão listadas, o que inclui desde jovens desconhecidos a estrelas mundiais, como 17 vencedores do Nobel, entre eles James Allison (Medicina) e William Nordhaus (Economia), contemplados em 2018.
Não há um ranking de cientistas. Seria impossível comparar a produção entre as diferentes disciplinas, uma vez que o número de citações varia de acordo com o tamanho de cada comunidade de pesquisadores. Ainda assim, algumas classificações foram feitas – e elas revelam dados desconcertantes, principalmente sob o prisma dos países que ocupam a rabeira do desenvolvimento global. O que se vê é um imenso fosso, cavado pela concentração de talentos. Os EUA hospedam 2.639 dos altamente citados (43,4% do total). O Reino Unido, em segundo lugar, abriga 546 (9% do geral). Mais de 80% dos “influenciadores” vivem em apenas dez países – e 70% deles, em somente cinco. A China emplacou 482 nomes (7,9%) e passou a ocupar o terceiro lugar, ultrapassando a Alemanha, que tem 356 destaques (5,9% do total).

Leia a íntegra da matéria publicada no jornal VALOR ECONÔMICO do dia 29/03/2019 >>>Brasil sobe no ranking mundial da ciência _ Valor Econômico

Crédito: Carlos Raydiewski/Valor Econômico – disponível na internet 01/04/2019 

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