Encolheram os produtos? Peso de itens alimentícios, de limpeza e higiene chega ser reduzido em até 20%

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Encolheram os produtos? Embalagens ficam menores, mas preço não cai

Peso de itens alimentícios, de limpeza e higiene chega ser reduzido em até 20% e leva governo a notificar a indústria.  
 
 

A diminuição, no entanto, não se reflete nos preços. Só para citar alguns exemplos, a batata palha extra fina da Elma Chips teve redução de peso de 16,67%; a aveia em flocos da Yoki, de 15%; os biscoitos da Nesfit, de 20%; a farinha de aveia integral da Quaker, de 17,5%; a sobremesa Creamy, da Batavo, de 10%; e o refil do Omo líquido também diminuiu 10%.

A nova onda de “encolhimento” chamou a atenção da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que notificou grandes fabricantes, associações das indústrias de alimentos, de limpeza e higiene e de supermercados a prestarem esclarecimentos esta semana.

Para Nathalia Mazzini, informação na embalagem passa despercebida. Foto: Raphaela Ribas
Para Nathalia Mazzini, informação na embalagem passa despercebida. Foto: Raphaela Ribas

A professora Nathalia Mazzini diz que a sinalização de redução de peso é quase imperceptível:

— Os biscoitos diminuíram bastante de tamanho, assim como os produtos de limpeza, como sabão líquido. Mas os preços continuam iguais ou maiores. E o pior é que, às vezes, não dá para perceber.

A biofísica Júlia Santana concorda:

— As marcas diminuem aos poucos e colocam essa informação em letras pequenas para que as pessoas não notem.

Estratégia recorrente

Juliana Domingues lembra que a Portaria 81, de 2002, do Ministério da Justiça, determina que a informação de mudança de peso deve ser feita com destaque na embalagem por período mínimo de três meses.

— Ao se deparar com letras miúdas o consumidor deve reclamar no Consumidor.gov.br ou aos Procons — orienta.

Jorge Duro, coordenador acadêmico do MBA de Gestão Comercial e de Vendas do IAG PUC Rio, diz que reduzir peso ou volume é uma estratégia usada pela indústria em tempos de crise há décadas:

— Para manter a lucratividade, ou se reduz custo ou aumenta preço. As empresas não querem correr o risco de campanhas negativas com aumento no preço nominal quando a economia registra deflação e optam por reduzir o peso. É uma maquiagem, pois o consumidor está pagando 15%, 20% a mais sem perceber. E depois ainda fazem promoção com a gramatura anterior.

Foto da editoria de Arte de O Globo

Para a economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a única forma de interromper essa prática é com a mobilização do consumidor:

— A lei não impede, é fato, mas é um abuso. E a única forma de interromper essa prática é o consumidor constranger as empresas, expondo suas marcas.

A Associação da Indústria de Alimentos (Abia) diz que as reduções no peso ou quantidade de produtos são definidas pelas empresas, de acordo com a demanda de mercado, pesquisas, mudanças de necessidades e comportamento de compra do consumidor.

A Abia diz que suas associadas seguem rigorosamente a portaria 81 e informam de forma clara “qualquer alteração quantitativa no painel frontal da embalagem, em letras de tamanho e cor destacados”. A associação diz que “o consumidor tem a prerrogativa de buscar os produtos que melhor atendam à sua demanda quanto aos quesitos de quantidade e preço.”

Tendências de mercado

Paulo Engler, diretor-executivo da Abipla, que representa as indústria de produtos de higiene e limpeza, ressalta um aumento da procura por embalagens menores, sustentáveis e que possam ser armazenadas facilmente em suas casas.

A Wickbold, responsável pela marca Seven Boys, informa que a redução de gramatura da linha Sanduíche, de 500g para 450g, está relacionada ao aumento de custos das matérias-primas. A fabricante disse ter optado por diminuir o peso e manter a quantidade habitual de fatias, o que estaria informado na embalagem de acordo com as normas vigentes.

A PepsiCo, empresa que responde por Quaker e Elma Chips, diz que “o posicionamento de suas marcas é baseado nas necessidades do consumidor” e que oferece diversos tamanhos de embalagens. A companhia destaca ainda que não determina o preço no comércio.

A Nestlé, que responde pela marca Nesfit, afirma que a redução foi feita em março e que a comunicação segue todas as regras legais. A empresa destaca que novos formatos e tamanhos de embalagens têm como objetivo acompanhar tendências de mercado e expectativas do consumidor.

A Omo disse que a mudança de embalagem foi feita em abril de 2019, seguindo todas as normas estabelecidas pela legislação vigente.

A General Mills, fabricante da Yoki, diz que a Abia responde pela empresa. A Batavo, procurada, não respondeu.

Crédito: Luciana Casemiro e Raphaela Ribas/O Globo – disponível na internet 29/06/2020

21 Comentários

  1. DPDC, IDEC, Inmetro, IPEM ajude a população brasileira, estão nos roubando no peso e quantidades há anos. A duzia de ovos em caixa, no mercado agora só tem 10 ovos. Parem com isso, respeitem o consumidor, sim, vamos trocar de marca. Pão de forma, pasta de dente, sabão em pó, caixa de bombons, chocolates em barra, salgadinhos, remédios, tudo menor. Até o band aid é menor agora.

  2. O sabonete jonhson & jonhson, a pasta de dente, o biscoito Goiabinha da Piraquê, tudo com menor gramatura para lesar e iludir o cliente! Dizer que é tendência de mercado, sim, concordo, pois estão todas querendo se dar bem e extrair mais do nosso bolso.
    Quer justificar que é tendência de mercado, pelo menos avise nos comerciais que diminuiram a gramatura e também beneficiem os consumidores com preços correspondentes!
    Isso é falcatrua do nosso Brasil Varonil…

  3. Vamos retificar: esse enclhimento desrespeitoso nåo começou com coronavirus. Ele é praticado há pelo menos quatro anos pela indústria, sem nenhuma atitude oficial para conter o abuso que é praticado também em outros paises latinos.

    • Concordo, Sérgio. Esta prática, além de desrespeitar, subestima o consumidor. Isto porque o consumidor brasileiro em geral não tem o hábito de exigir seus direitos. E, claro, o lucro em primeiríssimo lugar.

      • Tenho observado as reduções de peso e quantidade. Começaram com 25% e foram aumentando progressivamente. Indefesos, apenas somos os passivos num processo descarado de sumento de preços wue o governo não quer ver, por alguma razão.

  4. Eu observo embalagens de tudo que compro já é um costume, e dependendo do produto leio o rótulo as especificações, os produtos tem diminuído muito de massa principalmente os de higiene , sabonetes,creme dental , entre outros , e o preço não baixa pelo contrário só aumentam, e as indústrias estão saindo no lucro.
    Mais uma vez a população brasileira paga por isso . Não acredito que haja fiscalização.
    Tantas embalagens nós produtos são desnecessárias , só aumentam os custos e o volume do lixo. Sou docente em Ciências , como trabalhar a conscientização , se os órgãos responsáveis não fazem .

    • Há fiscalização sim e não é pouca não! Porém, a mesma coisa acontece com as companhias de telefonia móvel… não adianta reclamar. A impunidade é grande! Além disso, os fiscais fazem vista grossa por serem favorecidos com as vantagens ilicitas da indústria.
      Milhões de reclamações multas são colhidas pela Anatel diariamente e nada acontece!
      Um acerto aqui, outro ali e a multa é arquivada!

  5. O problema é que se não são os monopólios são os cartéis que acabam fazendo a mesma coisa e ficamos sem opções ou com produtos de qualidade péssima e ridícula !!!

  6. Brasileiro toma no c… de tudo quanto é jeito e em várias áreas !!!
    Se não é com políticos f.. que tem um monte de privilégios e ainda falcatruas com o dinheiro público, nosso dinheiro, que somos roubados com tantas taxas e impostos que deveriam ser utilizados em benfeitorias, e aí ??? Isso nos três níveis municipal, estadual e federal principalmente, e as indústrias tem essa “liberdade” de fazer o que querem na nossa cara e está tudo bem, com lixos de alimentos, que na verdade são venenos para adoecer suas famílias aos poucos ou até rápido, porque estamos morrendo pela boca. E ainda pagamos muito mais caro por um monte de lixo cada vez menos pesados, mais leves e diminuindo mais e mais.
    Como existem situações que não se encontram produtos que possam substituir essas “aberrações” ficamos presos na armadilha porque todos os fabricantes acabam seguindo a mesma linha.
    Brasil, vergonha !!! Absurdo !!!

  7. A melhor forma de protesto é o boicote a estes produtos e marcas. Hoje temos muitas opções no mercado. Um produto com 20% de redução irá economizar em embalagem, caixa de expedição e logística. A economia passa dos 20%, e quem paga por isto são os consumidores!

    • O problema é que se não são os monopólios são os cartéis que acabam fazendo a mesma coisa e ficamos sem opções ou com produtos de qualidade péssima e ridícula !!!

  8. Eu fui comprar OmO no saite e estava escrito 2K, e quando recebi o produto estava escrito 1.600, e escreveram na embalagem equivalente a lavagem 2k, isso é enganar a população. Por que não colocaram 1.600, a verdade, e o preço estava cobrando de 2k;isso é um absurdo, pois marcas tradicionais, milionária, não precisa disso, para ganhar ainda mais nas custas dos pobres que estão fazendo sacrifício para comprar em época de crise de pandemia;vou mudar de marca, e se todos deixaram de comprar ,aí quero ver quanto eles vão lucrar com isso;O povo tem que reagir e dar uma lição nesses empresários e industriarios

    • Monica Sobral!
      Infelizmente não estamos tendo mais opções,pois muitas marcas de sabão em pó estão adotando também essa prática diminuindo o peso de 1k para 800 gr e o de 2k para 1,6k. Estamos sendo roubados descaradamente com o consentimento da lei. E não é só isso viu. Tem muitas outras coisas sendo modificadas com o peso e quantidade para baixo e o preço para cima como por exemplo o milho verde em lata q de 200 grs diminuiu para 170 grs,pasta de dente da closeup q tinha 90 grs e hoje tá na maioria com 70 grs,sabonetes de várias marcas q tinha 90 grs e hoje tem 85 grs,e algumas marcas de biscoito q diminuiram em muito o peso de seus produtos. É lamentável principalmente numa época de pandemia onde muitas pessoas estão tentando sobreviver com esse auxílio emergencial e q ninguém sabe se um dia a vida vai voltar ao normal.

      • Agora também tem o molho de tomate da fugini e de outras marcas q antes tinha o peso de 340 gramas,e agora caiu para 300 gramas. O sabão em barra da marca ipê com 5 barras,antes era de 200 gramas cada barra,totalizando 1 kilo e agora cada barra tem 20 gramas à menos totalizando 900 gramas,é muito roubo em cima de nós até pq o valor q a gente paga,não diminuiu e muito pelo contrário,aumentou consideravelmente. E tem muito mais coisas com o peso,quantidade,volume e qualidade sendo alterados dia a dia(ver também ração animal).

  9. bom dia, eu troco ou deixo de compra ate ter uma promoção, e eles colocam nova formula que informa que rende igual, vem ocorrendo com os sabão em pó, omo, brilhamte, é uma piada e preço aumentou.

  10. Uma prática que não é de agora, venho notando há anos. A indústria farmacêutica adotou o aumento das embalagens há 3 ou 4 anos. Os mesmos compridos numa embalagem quatro vezes maior – mais custo com a embalagem e mais custo com o transporte. Os caminhões transportam 3 ou 4 vezes menos produtos pois eles passaram a ocupar mais espaço. Mantendo a margem de lucro, o aumento de custo gera mais lucro.

  11. O que fazer? o INMETRO foi implodido, está perdendo a autonomia na fiscalização metrológico, a boiada está solta e quem paga a conta somos nós!

  12. Eu, Terenzio, na qualidade de consumidor, fico perdido, pois quando havia uma padronização mínima, podíamos comparar quantidades, produtos, e preços! Essa prática, ao meu ver, cria confusão no comprador! Semana passada, numa embalagem de sabão em pó, me deparei com três informações numéricas: é preciso muita atenção, pois nós vemos os números em primeiro lugar. A maioria não lê as legendas associadas a esses números….assim como, “peso liquido”. “Grátis …xxx .g”. ” rende xx kg” Penso que quaisquer informacoes, em excesso, ou desnecessárias, que venham gerar confusão, quanto à real quantidade do produto, não deveriam constar na embalagem!

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