Alerta de acidente: Cuidado ao manusear uma embalagem de álcool gel

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ACIDENTE COM ÁLCOOL GEL: ‘TIVEMOS QUE CORRER PARA O HOSPITAL’, DIZ PAI DE MENINO COM QUEIMADURA NO OLHO
Família de Bento, de 5 anos, conseguiu socorrê-lo a tempo; mas contato inapropriado com produto pode resultar em lesão na córnea.
 

Na semana passada, o menino Bento, de 5 anos, morador de Campinas, sofreu um acidente ao manusear uma embalagem de álcool gel. Devido ao entupimento da válvula, a criança forçou o acionamento. No instante seguinte, um jato do produto atingiu um dos olhos e causou uma queimadura.

Assim como em outras residências, em função das precauções com a pandemia de Covid-19, o produto em forma de gel ou líquido estava ao alcance de todos na casa do aposentado Lucas Smirelli Júnior, pai de Bento.

Após o acidente, na sexta-feira passada, ele o levou imediatamente para um hospital. O atendimento médico imediato é uma recomendação básica para este tipo de situação, segundo profissionais de saúde. Manter a embalagem de álcool longe do alcance das crianças é outra indicação.

Na casa de Bento, o pote de álcool gel ficava em cima de um aparador na entrada do apartamento.

Os pais de Bento o levaram para o hospital após o acidente com álcool em gel Foto: Arquivo pessoal @época

“Foi um grande susto. Ele foi usar mas o álcool ressecou na ponta válvula, o que provocou o entupimento. Ao usar mais força, o jato foi longe e atingiu o olho. Na mesma hora, o Bento chorou muito. Levamos ele para o chuveiro para tentar tirar o produto, mas ele chorava de dor. Tivemos que correr para o hospital“, conta o pai.

A oftalmologista pediátrica Natália Belo Rodrigues Pierre, do Instituto Penido Burnier, foi quem atendeu o menino. “Quando o Bento chegou ao consultório, chorava muito. A dor que esse tipo de queimadura causa é severa. O álcool em forma de gel é muito mais difícil de retirar. Foi preciso sedar a criança e levá-la para o centro cirúrgico para fazer a limpeza. O produto causou uma grave queimadura na córnea. Esse tipo de acidente pode exigir até um transplante de córnea, caso não seja tratado adequadamente”, alerta a médica. “Aconselho a usar o álcool em gel na rua para manter o produto longe de crianças e idosos. Em casa, é melhor lavar as mãos com água e sabão.”

Bento, que completou 5 anos na segunda-feira, está com um curativo no olho, mas se recupera bem. O pai disse que, na última consulta realizada nesta terça-feira, a médica constatou que não houve danos à visão do menino, que continua usando anti-inflamatório e não ficou com sequelas.

ALERTA EM REDES SOCIAIS

Bento Smirelli sofreu queimadura no olho após acidente com álcool em gel Foto: Arquivo pessoal @época

A mãe de Bento, Camila Mendes, ficou bastante assustada. Logo após o acidente com o filho, ela fez um alerta em seu perfil no Facebook. O desabafo da mãe já tinha mais 100 mil interações na rede social e 64 mil comentários.

“A nossa intenção ao relatar o episódio com nosso filho foi justamente alertar outras pessoas. Não imaginávamos que fosse tão perigoso, que causasse um estrago tão grande. Teve gente que disse que foi descuido. Não foi. O álcool gel faz parte do cotidiano de todo mundo. Tanto que todos os estabelecimentos são obrigados a deixar o produto exposto para que as pessoas usem”, acrescentou Lucas Júnior.

O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, onde o menino foi atendido,disse que algumas lesões acontecem por travessura, outras por acidente. Entre crianças, a causa mais frequente de ferimentos oculares são as queimaduras químicas por produtos de limpeza ou medicamentos. “Logo no começo da pandemia, atendi um menino que pingou produto de limpeza no olho e nem conseguia abrir as pálpebras quando chegou ao consultório”.

Assim como no caso do Bento, o menino também sofreu uma queimadura na córnea. O problema, adverte Queiroz Neto, é que nem sempre o final dos acidentes é feliz. Prova disso, é que as lesões e doenças na córnea são a terceira maior causa global de deficiência visual. Só perdem para a catarata e glaucoma.

DOR INSUPORTÁVEL

Bento Smirelli comemorou seu aniversário com tapa-olho devido a queimadura Foto: Arquivo pessoal @época

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), Eduardo Martines, ressalta que é necessário o cuidado no manuseio de álcool. Segundo ele, são raros os casos mais graves, mas o incômodo para o paciente é muito grande:

“Ao ocorrer o contato do produto com os olhos, é preciso lavar imediatamente com soro fisiológico e, se a dor continuar, procurar um médico. A lesão nem sempre é grave, mas a dor costuma ser insuportável.”

Pedro Carricondo, diretor do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas e integrante da diretoria do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), explica que “a dor chega a ser incapacitante”. A córnea é um dos tecidos mais inervados do nosso organismo. “Qualquer lesão no epitélio (camada mais superficial da córnea) é muito dolorida. E, quanto mais tempo o álcool ficar em contato com o olho, maior a lesão.”

Crédito: Célia Costa/RevistaÉpoca – disponível na internet 27/07/2020

2 Comentários

  1. “Selo do Inmetro às vezes pode causar uma falsa impressão de segurança”.

    Em julho de 2019 o então diretor de Avaliação da Conformidade do Inmetro, Gustavo Kuster disse em matéria publicada no portal do G1 que o Inmetro está propondo um novo modelo regulatório que flexibiliza avaliação de conformidade de produtos e serviços no país.

    “Desburocratizar a economia do país e simplificar a rotina do setor produtivo” é o principal objetivo da mudança regulatória. Com ela, o tradicional Selo do Inmetro, compreendido pelo brasileiro como um certificado de qualidade dos produtos, poderá deixar de existir, segundo explicou ao G1 o diretor de Avaliação da Conformidade do Instituto, Gustavo Kuster. Ele acrescentou que o selo atesta que o produto está em conformidade com as normas regulamentadoras, mas não necessariamente atesta a sua qualidade. “O selo às vezes pode causar uma falsa impressão de segurança”, enfatizou. No G1 25 de julho de 2020.

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  2. O álcool gel é um dos inúmeros produtos de certificação compulsória exigido pelo Inmetro. Logo, para o bem de toda sociedade brasileira, principalmente o das nossas crianças, torna-se imperativo a continuidade da fiscalização realizada nas ruas pelos IPEM’s. Fiscalização essa que visa inibir a comercialização de produtos não conformes, principalmente no que tange à segurança da população.

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