A alta dos valores será resultado de três reajustes acumulados, mas os usuários dos planos terão dificuldade para saber o quanto irão pagar, conforme explica a advogada e coordenadora do Programa de Saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ana Carolina Navarrete. “O que a gente sabe é que isso vai explodir em janeiro”, afirma.
As crises sanitária e econômica impostas pela pandemia da Covid-19 levaram à suspensão de reajustes nas mensalidades dos planos de saúde entre os meses de setembro e dezembro de 2020 e de reajustes por faixa etária. Apesar dessas restrições, as operadoras do setor registraram lucros históricos.
Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os valores referentes aos reajustes suspensos poderão ser cobrados ao longo de 12 parcelas em 2021. Além disso, os consumidores ainda terão de arcar com o reajuste anual de seus planos -e tudo começa a ser cobrado a partir de 1º de janeiro.
“A gente já vê os usuários dos planos com uma dificuldade grande de honrar pagamentos, por causa da crise econômica. Existe um endividamento. E janeiro é mês de pagar tributo. Tudo isso vai ficar acumulado em janeiro”, sublina Navarrete.
A pandemia provocou uma queda nos atendimentos e procedimentos médicos eletivos e essa redução gerou economia para as operadoras dos planos e resultou em lucro. “Setores faliram. O turismo faliu. As aéreas, nem se fala. Todo mundo sacrificou algo e os planos de saúde são os únicos que vão se sair bem? Não é justo”, afirma a advogada.
Ela aponta que a ANS autorizou os planos a reajustar seus preços, mas não definiu, por exemplo, se haverá um teto para o aumento dos valores. “Não existe um parâmetro. O reajuste médio é de 20% e o consumidor vai ficar na mão.”
Crédito: Lorena Lara, da CNN -@internet 29/12/2020