PEC 32: Benesses a policiais e privilégios do Judiciário e do MP adiam análise da reforma administrativa

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Após presão por benesses a policiais, o relator da reforma administrativa, deputado Arthur Maia (DEM-BA), deve apresentar um novo parecer até as 18h desta sexta-feira (dia 17).
 
Com isso, a sessão da Comissão Especial da Câmara dos Deputados que discute a matéria foi cancelada e adiada para a próxima terça-feira (dia 21) 
.

Durante a reunião com integrantes do colegiado, que durou cerca de duas horas, Maia ouviu que o texto seria derrotado caso fosse à votação.

Partidos a favor da reforma administrativa, como PSDB, DEM, Cidadania, Novo se juntaram à oposição e passaram a bombardear o texto do relator.

A expectativa é que no complemento de voto, ele restabeleça a primeira versão do parecer.

Entre as benesses a policiais estava o direito à aposentadoria integral e paridade (mesmo reajuste dos ativos) para todos os policiais estaduais civis que ingressaram no serviço até novembro de 2019, quando entrou em vigor a reforma da Previdência.

Além disso, Maia havia mexido no valor da pensão por morte para dependentes de todos os policiais estaduais civis e também federais. O benefício passaria a ser vitalício e integral em caso de morte do segurado no exercício da função. Como a reforma da Previdência, o benefício passou a ser proporcional ao tempo de serviço.

Privilégios do Judiciário e do MP

Outro ponto que revoltou os parlamentares, segundo interlocutores, foi o trecho incluído por Maia que praticamente constitucionaliza privilégios da elite do Judiciário e do Ministério Público. Parlamentares pretendiam apresentar emendas para incluir essas categorias na reforma. Com o ajuste feito por Maia, isso seria inviável.

Integrantes das bancadas da comissão terão até segunda para apresentar destaques para modificar o texto base da proposta.

O texto também foi criticado por entidades que acompanham os debates de fora. Em nota, o Centro de Liderança Pública (CLP) criticou o relatório, disse que era um retrocesso e que não deveria ser aprovado, citando tanto mudanças relacionadas às carreiras de segurança quanto falta de alterações para melhorar a prestação do serviço público.

O fundador do CLP, Luiz Felipe d’Avila, avalia que o último relatório apresentado por Arthur Maia é um “desastre” e que deve ir para a lata de lixo, pois contraria a ideia da reforma.

— A ideia da reforma administrativa era de valorização do servidor público, estabelecer promoção de carreira por avaliação de desempenho e mérito. Essa reforma é o oposto: mantém os feudos do corporativismo com seus privilégios intactos. Mantém os privilégios do judiciário e amplia os privilégios das polícias, o que é um total absurdo — criticou.

Impacto fiscal

Além da manutenção dos privilégios, d’Avila pontua que o impacto fiscal do novo texto será prejudicial às contas públicas, ao criar novos privilégios e abrir uma brecha que pode inviabilizar o projeto dos supersalários.

A avaliação do CLP é de que uma nova alteração promovida por Maia regulamenta a previsão de alteração e aumento em penduricalhos pagos aos servidores, como auxílio creche.

— Essa reforma vai aumentar significantemente o gasto público. O único gatilho fiscal — a redução de 25% de salário e jornada — é retirado e ela cria uma nova série de privilégios — criticou.

O CLP argumenta que esse relatório não pode ser votado.

— Nós vamos trabalhar para derrubar esse relatório e não deixar ele ser votado, mostrar que quem votar a favor disso vota a favor do corporativismo e contra o Brasil – declarou.

Questionado sobre a possibilidade de Arthur Maia apresentar novo relatório, d’Ávila não vê muita ‘salvação’ ao texto:

— Esse relator perdeu a completamente a credibilidade com a sociedade civil. Um relator que vinha conversando com as entidades da sociedade civil, como o CLP, apontando uma direção, e na hora H escreve uma coisa completamente contrária a tudo que foi conversado ao longo desses meses, é uma pessoa que não tem a menor credibilidade para continuar sendo interlocutor com a sociedade civil.

Crédito: Geralda Doca, Fernanda Trisotto e Gabriel Shinohara/ EXTRA OnLine -@disponível na internet 17/09/2021

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