Segundo oSindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) – que representa funcionários de Gol, Latam, Azul, ITA, Voepass e Latam Cargo -, 50% dos trabalhadores deverão parar por dia, para manter parte dos voos operando.
A categoria pede um aumento de 15% nos salários, que não foram reajustados no ano passado devido à crise da covid. Ainda de acordo com o sindicato, as empresas ofereceram 3% de aumento.
A assembleia em que os trabalhadores decidiram deflagrar a greve ocorreu nesta quarta-feira, e segundo o presidente do SNA, comandante Ondino Dutra, teve a participação de cerca de 700 funcionários de companhias aéreas.
O setor da aviação foi um dos mais atingidos pela crise no ano passado e ainda não se recuperou completamente. Para sobreviver ao impacto causado pela pandemia, as empresas criaram programas de licença não remunerada – que foram sendo reduzidos aos poucos. A Latam demitiu 2.700 tripulantes, mas voltou a contratar em julho.
Procuradas, Gol e Azul não se posicionaram até a publicação desta matéria. A ITA não quis comentar o assunto. A Latam afirmou que, por meio do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (SNEA), “segue empenhada em buscar o entendimento com todos os tripulantes para que seja possível superar de forma conjunta as consequências da pandemia”. A empresa informou ainda que todos os seus voos programados para a próxima semana estão mantidos e que informará se houver alguma alteração.
Sindicato Nacional das Empresas Aéreas
A entidade que representa as companhias aéreas divulgou uma nota em que afirma que o SNA “incentivou a categoria a estabelecer estado de greve”, “abandonou as negociações” e ” não observou o rito legal previsto na Lei de Greve”. Leia nota na íntegra:
O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) vem a público esclarecer as questões acerca da greve anunciada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA):
Desde a primeira reunião de negociação para a Convenção Coletiva, o Sindicato Nacional dos Aeronautas incentivou a categoria a estabelecer estado de greve, sem qualquer consideração, contraproposta ou caminho alternativo para as pautas apresentadas pelas empresas para negociação, e, ainda, insistindo na reposição integral da inflação dos últimos 24 meses, ignorando a convenção coletiva vigente e a realidade financeira do setor.
Ao abandonar as negociações na semana passada, após seis reuniões entre as partes e sem nenhuma flexibilização, o SNA impele a categoria para uma greve como única medida. Cumpre esclarecer também que o Sindicato Nacional dos Aeronautas não observa o rito legal previsto na Lei de Greve ao estabelecer, unilateralmente, que apenas 50% do quadro efetivo permanecerá em atividade, inviabilizando a garantia da prestação de serviços essenciais e indispensáveis para sociedade e deflagrando greve quando, ainda, há uma convenção coletiva vigente.
Vale destacar ainda que o envio de listas nominais de empregados que estariam “indisponíveis” fere a liberdade individual de escolha de cada empregado, que pode decidir aderir ou não ao movimento. As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.
Neste sentido, o SNEA acredita que as categorias profissionais podem defender seus interesses por todos os meios legítimos, inclusive a greve, desde que esgotada a via negocial e observada a legalidade. O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) destaca ainda que adotará as medidas pertinentes que estejam ao seu alcance para assegurar a continuidade da prestação dos serviços essenciais de transporte aéreo para a população.
Crédito: Luciana Dyniewicz, O Estado de S.Paulo – @disponível na internet 25/11/2021