Para Guedes, país vai quebrar com reajuste de servidores públicos

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A crescente pressão por reajustes salariais, após o presidente Jair Bolsonaro ordenar um aumento salarial para policiais federais, agentes penitenciários e Polícia Rodoviária Federal, fez crescer a mobilização de outras categorias por reajustes salariais.   
Esse movimento crescente fez o ministro da Economia, Paulo Guedes, enviar mensagens ao “chefe”, para grupos de ministros e também para integrantes da equipe econômica alertando que os aumentos de servidores podem quebrar o país.

O teor das mensagens foi revelado em primeira mão pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo. O texto foi encaminhado pelo ministro da Economia na última segunda-feira e mostra o nível de preocupação do chefe da área econômica de Bolsonaro às vésperas de um ano eleitoral.

Paulo Guedes compara reajuste de servidores à tragédia de Brumadinho @ jornal Extra

“Se aumentarmos os salários e a doença (Covid-19) voltar, QUEBRAMOS!”, alertou Guedes, que escreveu vários trechos em letras maiúsculas para tentar reforçar seus argumentos.

O ministro comparou os riscos fiscais de reajustes generalizados à tragédia de Brumadinho, que matou quase 300 pessoas. E citou a derrota do ex-presidente argentino Maurício Macri, de direita, que perdeu a reeleição para um candidato de esquerda em 2019, para alertar sobre uma piora na economia caso os reajustes levem a um descontrole nos gastos do governo.

“Temos que ficar FIRMES! (Do contrário, os aumentos serão igual a) Brumadinho: pequenos vazamentos sucessivos até explodir barragem e morrerem todos na lama”.

Maior pressão por reajustes

A pressão por reajustes partiu dos auditores fiscais da Receita Federal, que entregaram mais de 700 cargos de chefia e decidiram realizar “operações tartarugas” a partir de segunda-feira. Segundo um auxiliar de Guedes, há temor de uma greve geral.

Bolsonaro teria sido aconselhado a recuar no aumento para os policiais como uma forma de se fortalecer para enfrentar uma paralisação generalizada de servidores, mas não demonstra que fará isso.

O presidente alega que a categoria é merecedora, que Guedes entende de economia, mas quem entende de política é ele. Há forte pressão do Palácio para furar o teto de gastos, disse o interlocutor.

— O Ministro insiste no discurso de que os reajustes teriam que ser concedidos no contexto da Reforma Administrativa, mas não vejo como casar os tempos políticos de cada coisa. O governo está numa sinuca e dificilmente conseguirá negociar um arranjo razoável — avalia essa fonte.

Preocupação com contas públicas

As mensagens de Guedes indicam preocupação com as contas públicas. Ele lembra que, após policiais, já há pressão de servidores do Banco Central e da Receita Federal.

“Estamos em ECONOMIA DE GUERRA contra a PANDEMIA. Quem pede aumento agora não quer pagar pela guerra contra o vírus”, escreveu Guedes.

Nos textos enviados a Bolsonaro e demais ministros, Guedes voltou a defender uma reforma administrativa, cuja proposta não avança no Congresso, como alternativa para o reajuste dos servidores.

“Ok, se houver reestruturação de uma carreira; melhor ainda se dentro de uma reforma administrativa. Reforma administrativa corta 30 bilhões por ano poderia aumentar 10% salários do funcionalismo APÓS A REFORMA, valorizando o funcionalismo atual, pois ficaria zero a zero”.

“SEM ISTO, reajuste geral para funcionalismo é INFLAÇÃO SUBINDO, BRUMADINHO E MACRI nas eleições!”, afirmou.

Outro integrante da equipe econômica reforça que o ministro insiste no discurso de que os reajustes teriam que ser concedidos “no contexto da Reforma Administrativa”. Segundo ele, que também pediu sigilo, nem sempre é possivel “casar os tempos políticos de cada coisa”.

“O governo está numa sinuca e dificilmente conseguirá negociar um arranjo razoável”, afirmou.

Crédito: Eliane Oliveira e Geralda Doca/ Jornal Extra – @ disponível na internet 29/12/2021


Em mensagem, Guedes compara pressão por reajustes salariais a desastre de Brumadinho

Além da Receita Federal, outras entidades do serviço público programam para janeiro paralisação em busca de reajustes salariais

O ministro da Economia, Paulo Guedes, enviou no último final de semana mensagem ao presidente Jair Bolsonaro na qual comparou a concessão de reajustes salariais aos servidores públicos, neste momento, ao rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019.

A mensagem, também repassada a auxiliares presidenciais e integrantes da equipe econômica, salienta que a concessão dos aumentos salariais, neste momento, pode criar pequenos vazamentos na economia brasileira, levando-a à explosão.

“É Brumadinho: pequenos vazamentos sucessivos até explodir barragem e morrerem todos na lama”, ressaltou em trecho da mensagem obtida pela CNN Brasil.

Na segunda-feira (7), servidores da Receita Federal iniciaram greve nacional após o governo federal ter incluído na proposta orçamentária de 2022 a previsão de reajuste apenas para agentes de segurança, em um montante de R$ 1,7 bilhão.

“Custos da guerra”

Além da Receita Federal, outras entidades do serviço público também programam paralisação, em janeiro, em busca de reajustes salariais, no que pode ser, segundo integrantes das associações, a maior paralisação no serviço público dos últimos nove anos.

Na mensagem de Guedes, o ministro ressalta, ainda, que pedir reajuste salarial neste momento, em meio à pandemia do coronavírus, “é se recusar a compartilhar os custos da guerra”.

“Não podem transformar o esforço de guerra de uma geração em farra eleitoral”, disse. “Somos uma geração que já pagou pela guerra da pandemia”, acrescentou.

Segundo o ministro, a concessão neste momento seria “irresponsabilidade fiscal e falta de compromisso com futuras gerações”. Ele também alertou que uma série de reajustes salariais deve pressionar ainda mais os índices inflacionários.

O ministro acrescentou que a aprovação da reforma administrativa, com dificuldades de tramitação no Congresso Nacional, ajudaria na reestruturação das carreiras públicas dos segmentos descontentes.

“A reforma administrativa corta R$ 30 bilhões por ano e poderia aumentar 10% dos salários do funcionalismo”, ressaltou.

Crédito: Gustavo Uribe / CNN – @ disponível na internet 29/12/2021

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