“Continuamos na pandemia”, nada mudou! Noticias são por vezes tranquilizadoras quanto ao espirito publico, em outras ocasiões, preocupantes ou até alarmantes, frente ao negacionismo.
Em 6/4/2020 nesta coluna meu artigo era “O SEU CORONAVIRUS”. Fazia alusão ao contagio individual e coletivo de um vírus desconhecido que já estava escolhendo indiscriminadamente e rapidamente um ser humano qualquer, independente dos seus atributos ou características socioeconômicas, em escala mundial, para contaminá-lo letalmente e/ou se replicar de acordo com a sua função ou finalidade, isto é, sua sobrevivência.
Naquela época os otimistas estavam certos que as vacinas surgiriam logo, para alguns e os pessimistas, muito tarde para todos, prognósticos esses baseados na ação indiscriminada do vírus indiferente ao poder econômico, a vitaliciedade, ao conhecimento científico, e na sua capacidade de reprodução, até então discutida.
O vírus era um fato, uma realidade, e assim continua com a comprovação, nos obrigando a uma reflexão sobre nossos comportamentos, atitudes, costumes e crenças, e de como vivemos em relação a nós mesmos e aos outros.
Exatamente por isso que me referia ao “meu corona”, pois todos nós sem exceção seríamos alvo, desse vírus da igualdade, do pobre à elite” osso duro de roer, pega um pega geral e também vai pegar você”, e o meu, cabia a mim, me proteger, e todos aqueles com quem tivesse contato.
As regras sociais da convivência harmônica, da diversidade de gênero, às diferenças étnicas e religiosas foram esquecidas por um momento, sendo substituídas pela responsabilização de outrem, pela polarização política, pela exacerbação da mediocridade e da falta valores cidadãos, uma vez que os princípios de ética individual ou a falta deles é que regia a conduta de todos.
Guerras frias, físicas, e comerciais, hegemônicas ou estratégicas, transito das migrações, preocupação com a fome, descaso com os desprovidos, com os órfãos, campos de refugiados, apátridas e perseguidos, abandonos de anciãos e crianças órfãs, foram mazelas que ocuparam segundo plano, pois a ordem do dia era a vacina e a ocupação das UTI’s.
O vírus como camaleão, se disfarçou e se travestiu de muitas formas, garante sua continuidade, troca de nome, passou a ser Alpha (UK), Beta (África), Delta e Kappa (Índia), Épsilon e Iota (EUA), Lambda (Peru), Eta (em vários países) e hoje, abafa no cenário mundial com o nome de Ômicron, que apesar da origem no continente africano, adaptou-se de acordo com a globalização apresentando grande variedade de mutações genéticas, mais transmissível, maior capacidade e velocidade de disseminação sendo, portanto considerado mais infeccioso “globe-trotter”.
Refiro-me ao “meu Ômicron”, diferente da variante antecessora (o Corona) que aniquilou milhares de irmãos, sem fazer distinção de fronteiras, classes, tipos, características, atributos, dos humanos evoluídos ou não, bípedes ou “quadrupedes” que podia ser considerado por sua sina e sua atuação como igualitária está também destinado a infectar a todos, e que, portanto cada indivíduo terá o seu exclusivo.
Com o tempo já vimos que essa variante tem maior oportunidade de compartilhar seus objetivos com humanos não vacinados, mais renitentes, terraplanistas, negacionistas, que rejeitam a ciência, os que apresentam morbidades não cumprem as diretrizes sanitárias, os desobedientes civis, em especial os objetores de consciência, responsáveis pela distinção na perpetuação (ou não) da espécie humana ou patogênica.
Temos agora um vírus de estimação, supostamente mais “domesticado” que está à disposição do indivíduo que deseja se infectar e por solidariedade contaminar toda sorte de gente. A ordem é evita-lo a todo custo por meio das vacinas e dos cuidados sanitários para não colocar em risco a civilização, uma vez que vamos conviver por muito tempo até a erradicação do agente infeccioso e suas diversas com cepas com seus múltiplos codinomes.
Quanto ao “seu Coronavirus”, era um alerta para que cada um não o dividisse com alguém, pois a difusão do “vírus da igualdade” era incontrolável, e sua transmissibilidade dependia da consciência de cada pessoa. Já “o meu Ômicron”, amansado, que apesar de características semelhantes, sua ação se volta mais para a desigualdade econômica-social- global, e daqueles que se negam à imunização.
Hoje as crianças acreditam em vacinas enquanto os adultos, em papai Noel, ou seja, “continuamos no mesmo barco” com a diferença de que infelizmente somente alguns contam com coletes salva-vidas
Crédito: Luiz Fernando Mirault Pinto/ Correio do Estado MS – @disponível na internet 25/01/2022
Nota: O presente artigo não traduz a opinião do ASMETRO-SI. Sua publicação tem o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo