FAKE MUNDI

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Meu pai contava que na sua adolescência, os colegas se reuniam em uma confeitaria para trocar ideias, fofocas politicas e sociais, estórias e comentar noticias. Estas às vezes tinham um caráter oficial quando um dos rapazes que escrevia diariamente em um jornal da cidade, lá comparecia para se atualizar e se abastecer das novidades.  Vez por outra, algumas estórias, mesmo fictícias, eram publicadas para ocupar espaço, mas deveriam aparentar autenticidade, cunho emocional ou apelativo, a prender atenção dos leitores.

Já era “fake” na década de 30, sem a rede social, a mídia informatizada, a tecnologia de comunicação com geolocalização e sua velocidade. Era sempre um fato ocorrido recentemente, do outro lado do mundo (atividades vulcânicas, naufrágios, aparições de seres, manifestações), de difícil constatação e comprovação, mas não tão absurda ou tenebrosa, garantindo a curiosidade e naturalmente a superficialidade, sempre vaga.

Hoje, ainda em plena pandemia e com o cenário recente de guerra, o mundo se vê imerso num grande conjunto ”fake”, de noticias reais destorcidas, imagens duvidosas produzidas e reproduzidas de modo a formar um pensamento único, uma distopia, um sentimento coletivo, angustiante, de medo, incertezas, ressentimentos, responsabilizações, e vingança, resultando em preconceitos, fobias (russo fobia), e discriminação étnica.  

A contagem mundial de vitimas da Covid, a turbulência e o desespero no atendimento, e nos demais serviços de saúde do planeta, resultado da fragilidade da humanidade frente à escalada do vírus e as noticias desencontradas da mídia internacional, sobre do “vai e vem” de ondas ameaçadoras em diversos países juntamente com “fakes” sobre a desnecessidade da vacinação e o tratamento estéril com medicamentos inadequados, são exemplos de mentiras que nos assolaram diariamente. Em continuidade, na divulgação de noticias artificialmente apresentadas, superficialmente discutidas por ancoras a serviço de um pensamento único, globalizado (internacionalização do mundo capitalista) ou de capitais privados que desrespeitam fronteiras, soberanias, ameaçando governos, definindo regras, oportunizando tensões entre países de acordo com suas conveniências, passamos para as mentiras do conflito eslavo.

Dizem que são “guerras de narrativas”, onde uns mostram ataques a civis, hospitais, maternidades, asilos, creches, abrigos, o impedimento de um corredor humanitário, na intenção de comover a imprensa internacional, outros aguardam o derradeiro desfecho da rendição, acusando que as atrocidades são fruto das milícias, mercenários contratados, nacionalistas neonazistas e de civis armados pelo adversário, elevados à categoria de resistentes por receberem armas do governo e portando “combatentes” sujeitos então ao enfrentamento.

Suponhamos que seu vizinho (Ucrânia) se dispõe a ceder parte do terreno para a instalação de uma torre de telefonia (OTAN). Você contesta uma vez que o risco de efeitos adversos á saúde, de seus familiares e vizinhos próximos estão presentes. A comunidade tecnológica de comunicação (poder econômico) contesta tal afirmativa, e se justifica propagando que não existem estudos definitivos sobre o perigo das radiações, e a premente necessidade de expandir uma comunicação rápida e eficiente para os habitantes. Estes, (EUA e UE) pensando nos benefícios e seus próprios interesses, já que se encontram longe do problema prestam apoio e concordam com seu vizinho, passando a hostiliza-lo como reclamante (Rússia).

Este arremedo metafórico (ao definir comparações) exemplifica uma “pendenga” antiga entre dois países, cada qual se justificando a seu modo e de acordo com suas premissas, falsas ou não, angariando adeptos e se utilizando de uma mídia “fake” comprometida com o poder econômico.

Luiz Fernando Mirault Pinto: Físico e administrador

A guerra se estende com sanções econômicas que ao mirar a disputa, compromete toda a comunidade internacional, com restrições coletivas, aumentando as desigualdades antes resultantes do colonialismo, depois da pandemia, e agora do interesse na venda de armas, ou restos de guerra (Iraque, Afeganistão, Irã, Somália, Líbia) atendendo ao prazo de validade das armas e munições.

Uns ficarão sem “fastfood”, grifes, cafeterias, cartões de credito, plataformas digitais e mídias sociais. Outros ficarão sem gás, petróleo, trigo e fertilizantes. Os promotores da discórdia permanecerão tranquilos enquanto suas reservas durarem.

Crédito: Luiz Fernando Mirault Pinto /Jornal Correio do Estado – @disponível na internet 19/03/2022

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