O Acordo de Paris e outros momentos históricos deram origem ao que conhecemos hoje como mercado de carbono
Em 2015, foi firmado o Acordo de Paris entre 195 países, os quais se comprometeram a conter o aumento do aquecimento global através de medidas práticas. A meta é não elevar a temperatura da terra mais do que 1,5ºC até 2050, considerando os níveis pré-industriais.Um dos instrumentos adotados como forma de cumprir o objetivo foi o crédito de carbono (ou redução certificada de emissões).
No entanto, é válido dizer que o mercado de carbono não foi criado a partir do Acordo de Paris. Ele surgiu no final dos anos 1970 e ganhou força nos anos 1990. Desde então, tem sido cada vez mais aplicado em políticas públicas e privadas.
Como funciona o mercado de Créditos de Carbono
Um crédito de carbono representa a não emissão de certa quantidade de dióxido de carbono à atmosfera. A negociação dos créditos é pautada no seguinte cálculo: uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) recuperada é igual a um crédito de carbono.
O mesmo se aplica para uma tonelada de dióxido de carbono, equivalente (CO2 eq) — trata-se de uma métrica que compara as emissões de vários Gases de Efeito Estufa (GEEs). Dentre os principais estão: o gás metano (CH4), o óxido nitroso (N20) e o ozônio (O3).
A Organização das Nações Unidas (ONU) explica que esses créditos foram criados para que as empresas que excedem os níveis permitidos de emissão de poluentes possam financiar projetos para a redução do CO2 no ar e, assim, compensar as emissões.
Esse crédito pode ser comprado ou, ainda, gerado de diferentes formas. Como exemplo prático, pode-se citar técnicas como: reflorestamento, manejo sustentável do solo, adoção de sistemas agroflorestais, troca de matriz energética, gestão de resíduos, entre outras.
Práticas que possibilitam o sequestro de carbono da atmosfera para o estocamento no solo.
Comercialização dos créditos de carbono no Brasil
Teoricamente, o processo de comercialização de crédito de carbono é simples. Exemplo: um agricultor que planta árvores pode receber dinheiro de corporações para que as emissões de carbono da companhia sejam compensadas através do reflorestamento.
Feita a compensação prática, os créditos de carbono são gerados a partir de projetos de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), ou através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Os títulos são negociados diretamente através de comprador e vendedor ou, ainda, indiretamente pelo mercado secundário da bolsa de valores.
É necessária a contratação de profissionais ambientais para a elaboração de tais projetos e para o cálculo da redução de GEE gerados pelas empresas. Assim, é viável fornecer créditos compatíveis com o cenário da companhia. Também é de costume contar com uma consultoria especializada na comercialização do CO2, já que ainda não há regras claras em relação ao mercado de carbono brasileiro.
Entretanto, esse é um cenário diferente do que vivem outros países. Na Europa, por exemplo, já há maiores orientações e até precificações definidas para esse negócio — em 2021, cada crédito de carbono foi negociado em cerca de € 57 (aproximadamente R$ 287,15).
Regulamentações como essa são importantes, já que as negociações podem contribuir para o bem do planeta e acelerar economias. Como exemplo, temos o mercado de carbono brasileiro.
Em relação a esse cenário, inclusive, vale dizer que a Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil) prevê o potencial do mercado nacional de carbono de gerar receitas de até US$ 100 bilhões ao ano, o que equivale a redução de até 1 bilhão de toneladas de CO2 da atmosfera.
Crédito: E-INVESTDOR / O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 14/11/2022