Novembro Azul: Obesidade e câncer de próstata mais agressivo

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Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Oxford aponta a relação entre a adiposidade aumentada e o desenvolvimento de tumores prostáticos mais graves

São 4 milhões de pessoas morrendo a cada ano como resultado de sobrepeso ou obesidade, de acordo com o levantamento Carga Global de Doenças, da Organização Mundial da Saúde (OMS). O sobrepeso atinge 1,9 bilhão de adultos ao redor do mundo e a obesidade, também com número alarmantes, é uma doença crônica que afeta 650 milhões de pessoas. Estes dados representam que o sobrepeso está presente em 4 entre 10 adultos e 1 entre 10 é obeso. A definição entre sobrepeso e obesidade se dá pelo índice de massa corporal (IMC). Quando está acima de 25, é sobrepeso e acima de 30, é obeso.

E, sendo urologista e cirurgião oncológico, o que me motiva a falar sobre IMC? Quando está aumentado, o IMC se torna um importante fator de risco para doenças não transmissíveis, dentre elas alguns tipos de câncer (endométrio, mama, ovário, fígado, vesícula biliar, rim intestino grosso e próstata). Peço aqui uma atenção especial para tumores de próstata, que respondem por 3 entre 10 casos de câncer que acometem os homens.

Não só a obesidade é um dos fatores de risco para o desenvolvimento desta doença, como há evidências científicas que o excesso de adiposidade também aumenta o risco de tumores prostáticos mais agressivos. É o que mostra, por exemplo, um trabalho publicado por pesquisadores da Universidade de Oxford na revista BMC Medicine, que analisou os dados de 218.237 homens cadastrados no Biobanco do Reino Unido, todos sobreviventes de câncer.

Os autores correlacionaram o risco de morrer por câncer de próstata (causa primária) com as diferentes medidas de adiposidade, incluindo índice de massa corporal (IMC), percentual de gordura corporal total (usando bioimpedância), circunferência da cintura e relação cintura-quadril. A conclusão foi que homens com maior adiposidade têm um risco maior de morrer de câncer de próstata do que homens com peso saudável.

Além de câncer, a obesidade é fator de risco para doenças cardiovasculares (principalmente doenças cardíacas e acidente vascular cerebral), diabetes e distúrbios musculoesqueléticos, especialmente osteoartrite, que é uma doença degenerativa altamente incapacitante das articulações.

Por conta de sua alta prevalência na população mundial e por sua condição de morbidade associada com outras doenças, a obesidade é um problema de saúde pública que se sobrepõe à desnutrição, por exemplo. A OMS alerta que há hoje mais pessoas obesas do que abaixo do peso em todas as regiões, exceto na África Subsaariana e na Ásia. Antes, considerado um problema apenas em países de alta renda, o sobrepeso e a obesidade estão aumentando dramaticamente em países de baixa e média renda, particularmente em ambientes urbanos. A grande maioria das crianças com sobrepeso ou obesidade vive em países em desenvolvimento.

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No Brasil, é fundamental que os homens sejam mais disciplinados em relação à manutenção do peso dentro de níveis saudáveis. A Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE, referente a 2019, revelou que o percentual de pessoas obesas em idade adulta no país mais que dobrou em 17 anos – entre 2002 e 2019. Em relação à população masculina, em 2002, 43,3% dos homens apresentavam excesso de peso. Esse índice, em 2019, saltou para 60%.

Manter uma alimentação equilibrada e atividade física regular são medidas efetivas de combate à obesidade. No entanto, se a pessoa tem dificuldade em manter o peso adequado, ela precisa passar por uma avaliação médica para investigar as causas. É indicado também ter o acompanhamento de profissionais como nutricionistas e endocrinologistas.

Além de manter hábitos de vida saudáveis, o combate ao câncer de próstata também se faz com a consulta anual ao urologista, atitude essencial para diagnosticar um eventual câncer ainda em fase inicial quando as chances de cura são maiores. Para o diagnóstico de câncer de próstata são importantes o exame de sangue, que avalia a proteína produzida pelo tecido prostático (PSA) e o exame de toque retal, que propicia descobrir a doença em fase mais inicial.

Crédito: Gustavo Cardoso Guimarães / O Globo – @ disponível na internet 14/11/2022

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