DAVOS: Fórum Econômico Mundial destaca riscos globais na economia e polarização social

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Logo do Fórum Econômico Mundial Reuters/Denis Balibouse/File Photo

Fórum Econômico Mundial publicou relatório, no qual destaca riscos globais deste ano. Entre eles estão uma eventual piora da economia, com aumento no custo de vida, um “hiato” nas medidas para conter as mudanças climáticas e a polarização social.

A entidade elaborou uma lista de riscos no curto e no longo prazos.

No horizonte de dois anos, são mencionados uma eventual crise pela alta no custo de vida, em quadro de inflação global mais elevada, desastres naturais e eventos extremos no clima, confrontos geoeconômicos e o fracasso em mitigar mudanças climáticas.

São citados ainda neste cenário de mais curto prazo a erosão da coesão social e a polarização da sociedade, incidentes com danos em larga escala no meio ambiente, o fracasso na adaptação a mudanças climáticas, a disseminação de crimes no mundo cibernético e a piora da segurança nesse ambiente, além de crises de recursos naturais e a imigração voluntária em larga escala.

No horizonte de dez anos, são mencionados, entre outros, o risco de fracasso para mitigar as mudanças climáticas e se adaptar a elas, desastres naturais, perda de biodiversidade; imigração em larga escala involuntária e crises em recursos naturais, entre outros.

O Fórum Econômico Mundial adverte para o risco de “policrises”, definidas como um conjunto de riscos globais relacionados e que se mesclam, com o impacto total superando a soma de cada parte. Nesse contexto, defende uma abordagem estruturada para identificar futuros potenciais do tipo e se preparar para mitigar esses problemas. Também destaca a importância da cooperação a fim de se reforçar mais o preparo para lidar com riscos globais.

Crédito: Gabriel Bueno da Costa (Estadão Conteúdo) / CNN Brasil – disponível na internet 23/01/2023



É preciso cuidado com a inflação

A desorganização das cadeias produtivas após a pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia e as demandas por novas tecnologias rumo à transição energética inauguraram uma discussão sobre o nível de inflação aceitável nas economias avançadas. No Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Christian Ulbrich, CEO do grupo imobiliário global JLL, expressou o entendimento de uma parte de executivos das maiores empresas do mundo a respeito do impacto desses fatores no regime inflacionário. Essas mudanças, para os executivos, teriam um caráter estrutural e elevariam a inflação nas economias mais avançadas dos atuais 2% para 5%.

Ao qualificar esse cenário como “novo normal”, o Financial Times alertou que as impressões do executivo deveriam ser ouvidas com atenção pelos investidores, mesmo porque ele não é o único a pensar dessa forma. Em um artigo publicado pelo jornal recentemente, Olivier Blanchard, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), defendeu a revisão da meta de inflação dos países ricos para 3%. Só o tempo dirá se essas mudanças na dinâmica inflacionária são temporárias ou permanentes, mas esse debate já gera consequências no mundo todo, inclusive no Brasil, onde o processo inflacionário tem suas particularidades.

Pelo segundo ano consecutivo, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, teve de enviar uma carta ao governo para justificar o descumprimento da meta de inflação. Em 2021, a meta era de 3,75%, e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o ano em 10,06%. Em 2022, o alvo era de 3,5%, e o índice fechou em 5,75%. A despeito dos esforços do BC, tudo indica que não será possível atingir o centro da meta deste ano, de 3,25%, tanto que a autarquia diz trabalhar com um horizonte de seis trimestres à frente.

Nesse contexto, o presidente Lula da Silva aproveitou para deixar claro seu incômodo com a autonomia do Banco Central (BC). Se suas críticas não trazem novidades, elas destacam uma teimosa convicção, compartilhada pela maioria do PT, de que uma inflação mais alta é capaz de impulsionar o crescimento econômico – diferentemente da maioria dos economistas ortodoxos, para quem o controle da inflação é premissa para um crescimento econômico sustentável. A experiência brasileira, de forma geral, e o governo Dilma Rousseff, em particular, mostram quem tem razão.

O Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado formado pelos ministros da Fazenda e Planejamento e pelo presidente do Banco Central, já definiu a meta de inflação para 2024 e 2025 em 3%. O novo governo, no entanto, pode mudar esses objetivos.

A inflação brasileira sofre os efeitos do câmbio, das cotações das commodities, dos preços dos alimentos e dos preços administrados, mas há ao menos dois aspectos que influenciam seu comportamento de forma muito particular e que, por essa razão, não podem ser desprezados: as fragilidades fiscais e o mercado de trabalho. Aliados, seus efeitos podem ser trágicos. Deveria servir de alerta ao governo, portanto, o fato de que o País acaba de aprovar um aumento de gastos que elevou o déficit primário a mais de R$ 200 bilhões e registrou um índice de desemprego de 8,1% no trimestre encerrado em novembro, o menor patamar desde abril de 2015.

Quando a inflação volta a ser um problema para economias no mundo todo, o Brasil pode e deve debater seus limites, mas dentro de uma perspectiva muito mais cautelosa e vigilante. A história prova que o controle da inflação não foi um trabalho fácil. Em um contexto de maior tolerância com a inflação, não se pode perder de vista que os picos registrados nos Estados Unidos no início da década de 1980 foram rapidamente debelados, enquanto no Brasil a batalha somente foi vencida mais de dez anos depois, com o Plano Real.

Antes de liderar esse debate, o governo precisa compreender que ter uma meta de inflação realista é muito diferente de não ter meta alguma, e que o controle da inflação não é um capricho, mas uma conquista civilizatória, da qual o País não pode abrir mão.

Crédito: Notas & Informações / Estadão – @ disponível na internet 23/01/2023

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