Consignado: o drama de servidores que dependem de empréstimos para pagar as contas

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Não importa se olhamos para servidores federais, estaduais ou municipais, todos carregam uma preocupação em comum: o peso dos empréstimos consignados no bolso.   

Na casa de um servidor que atua na gerência do INSS em Londrina (PR), que prefere não se identificar, a contração de empréstimos virou rotina desde 2017. O salário congelado não acompanhou a disparada das despesas, e hoje ele compromete até 70% de toda a renda com empréstimos, entre consignado à folha de pagamento e outros obtidos de forma privada.

Ele vai até o limite da margem consignável direto no contracheque disponível a servidores da União, de 35%, e se vê em uma “verdadeira bola de neve”.

Sem esperança de melhora, ele usa o dinheiro para despesas básicas, como aluguel e alimentação. O último empréstimo, de R$ 9,5 mil, foi contraído em novembro passado, a ser pago até 2024. Ele espera uma ligeira melhora com o reajuste de 9%, mas garante que o valor será para “sobreviver”.

Situação similar é vivida pela pensionista da Polícia Militar do Rio, Denise Mora. Quando perdeu o marido, morto em serviço em 2001, precisou sustentar sozinha uma filha de dois anos e gêmeos. Para cuidar do pagamento de aluguel e das despesas com os filhos, ela sempre dependeu do consignado.

— Como morava em região de risco, tinha que pagar escola particular para os meus filhos, e o consignado foi a forma garantir isso a eles — conta a pensionista que, hoje, compromete cerca de R$ 500 da pensão para quitar empréstimo usado para gastos com saúde e educação.

‘Não penso em pegar outro empréstimo’

Saulo Souza, servidor da Segurança Pública do Rio, precisou contrair o primeiro empréstimo logo que entrou na força, no ano passado, para comprar um carro.

— As parcelas comprometem cerca de R$ 550, em 60 meses, e eu tive que fazer isso porque, hoje, o policial não tem como ficar sem carro. Na época, comprometia 10% da minha renda, não era um dinheiro que estava sobrando. Tanto que não peguei o empréstimo logo que cheguei, e nem penso em pegar um novo hoje, mesmo ganhando mais. Minha renda aumentou, mas meus gastos acompanharam. Eu sou casado, tenho uma filha de 3 anos e minha esposa não trabalha. Só somando a escola da minha filha, o plano de saúde que pago por fora e as compras de supermercado, dá quase metade do meu salário.

Margens variam por ente federativo

O limite para o comprometimento de renda com empréstimos a servidores varia de acordo com cada ente federativo. No governo federal, lei sancionada no final do governo Jair Bolsonaro, em 2022, aumentou para 45% o total do salário que pode ser descontado em folha.

Já para servidores estaduais, há a limitação de 40% no comprometimento de renda direto na folha de pagamento. A medida foi atualizada em 2022, quando a margem era de 35%, em linha com o movimento feito pelo governo federal como fôlego ao funcionalismo durante a pandemia.

Servidores da Prefeitura do Rio, por outro lado, têm a maior margem, de 55% — 45% para consignados regulares, 5% para cartão de crédito e 5% para operações de cartão consignado de benefício.

Crédito: Julia Noia / EXTRA – @ disponível na internet 03/04/2023

1 Comentário

  1. Sendo que com a taxa da Selic e juros altos não tem condições.o negociar. Os Bancos como a caixa enomica federal nem negocia pq izen que não tem como renegociar para pegar nada. E aí ….
    As taxas altas não dá para fazer nada.
    Só o pessoal do INSS.
    Funcionários públicos federais nada..

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