Saiba a diferença entre cientista e engenheiro de dados
O que faz o engenheiro de dados e o cientista de dados? Um a fusão e o outro a leitura estratégica das informações de uma empresa
O mercado tem demandado continuamente por profissionais da área de inteligência de dados. Pesquisa da Intera, empresa de recrutamento digital, mostra que houve aumento de 485% na abertura de oportunidades de trabalho para o segmento no primeiro semestre de 2021 em comparação com o ano anterior. Apesar da similaridade entre os nomes dos cargos demandados pelas empresas, as profissões de engenheiro de dados e cientista de dados são diferentes entre si, mas convergem para um bem comum: a consolidação e a leitura estratégica das informações de uma companhia.
O engenheiro de dados é responsável por extrair dados e armazená-los de maneira correta, disponibilizando-os para serem explorados. O cientista de dados, por sua vez, deve extrair inteligência e significado dos dados captados pelo engenheiro, por meio de métodos científicos. Cada profissional tem habilidades específicas. O engenheiro de dados precisa dominar linguagens da programação, como Java, Python e C# para desenvolver softwares e construir repositórios de arquivos, conhecidos por data lake e data warehouse. Já o cientista precisa ter conhecimentos de estatística aplicada e dominar a linguagem R de programação, que tem por objetivo aplicar métodos estatísticos.
Formado em ciências pela Universidade de São Paulo (USP), Marcelo Miloni, 35 anos, atualmente coordenador de engenharia de dados, explica que o aumento da busca por profissionais de inteligência de dados pelo mercado de trabalho se deve ao diferencial competitivo e ao novo modelo das empresas de gerir o negócio. “As empresas começaram a entender que se não olharem para os dados não serão capazes de fazer gestão. Hoje, a gestão de dados é um diferencial, uma área estratégica que influência na tomada de decisões”, argumenta.
O especialista faz uma alusão ao funcionamento de plataformas de streaming para explicar as funções de cada uma das profissões. “Suponha que um assinante de streaming tenha o hábito de assistir mais desenhos animados. O engenheiro de dados vai extrair os dados que ficam armazenados nessa plataforma, enquanto o cientista vai utilizar esses dados para fazer recomendações de outros desenhos animados similares ao que o usuário assiste”, exemplifica.
A pesquisa da Intera mostra que o salário dos profissionais da área pode chegar a R$ 22 mil. Apesar de, hoje, as duas funções não terem distinção no mercado, Miloni ressalta que o cientista de dados, até pouco tempo era tido como mais importante, por trabalhar com o produto final. “O cientista é visto com mais glamour. Hoje, as empresas amadureceram e ambos recebem salário equiparado, mas ainda vemos casos em que uma empresa exige habilidades de um engenheiro na hora de contratar um cientista de dados”, pondera.
Formação
Para atuar como engenheiro de dados o profissional precisa ter graduação em cursos de computação, como engenharia da computação ou ciência da computação. Os cientistas de dados têm perfis mais diversos: podem ter formação em cursos de TI, estatística e matemática, mas, segundo Miloni, por terem perfis mais adaptáveis, também podem ser formados em economia e administração. “Os cientistas têm maiores habilidades com as chamadas soft skills, como comunicação. Uma recomendação que eu daria aos engenheiros é que se especializem em engenharia de dados”, diz.
Para os profissionais que desejam se capacitar e se especializar para esse mercado em ascensão, Miloni aconselha buscar cursos específicos para a área, aprofundar o conhecimento em linguagens de comunicação e entender computação em nuvem. “A graduação e a pós-graduação não preparam 100% o profissional. Por isso, buscar experiência e capacitação é uma ótima saída para quem quer se destacar”, conclui.
Entendendo o mercado
Cientista de dados, Remis Balaniuk, 59, observa que o profissional da área tem a função básica de auxiliar o gestor da empresa a entender o mercado em que está inserido, sempre atento à concorrência. “É uma ocupação cada vez mais importante para ler e entender corretamente os dados que ajudam essa empresa a subir”, afirma.
Balaniuk observa, ainda, que a ciência de dados tem o poder de garantir crescimento a empresas médias e pequenas a preço modesto, desde que elas já nasçam em ambiente digital. “Se essas empresas usam sistemas de registro e interação, conseguem, com o trabalho de um cientista de dados, potencializar a informação e direcionar o investimento sem a necessidade de contratar um consultor de negócios”, garante.
Mais um a atestar que o mercado tem demandado continuamente por profissionais da área de inteligência de dados, Balaniuk também aconselha os profissionais que desejam se capacitar ou se especializar nesse mercado em ascensão a buscar cursos específicos para a área, aprofundar o conhecimento em linguagens de comunicação.
Caminhos paralelos
Para o engenheiro de dados Sérgio Costa Côrtes, a modalidade em que atua é necessária à sobrevivência tecnológica das startups. “As profissões de cientista e de engenheiro de dados caminham paralelamente na área inovadora da ciência da computação, estatística, programação e conhecimento de negócio. Trabalhando com os dados brutos, o engenheiro de dados, é protagonista na parte burocrática do uso das ferramentas de dados”, diz.
Côrtes explica que, o engenheiro de dados explora a organização, modelagem e qualidade das informações, no que diz respeito ao armazenamento no banco de dados. Focado em instigar a competitividade, segundo ele, a nova profissão flerta com a melhora na qualidade dos serviços por meio destas ferramentas tecnológicas.
“A especificação desses dados e a organização deles tornam a engenharia uma ferramenta trivial e necessária dentro das instituições. É um investimento garantido dentro das startups”, considera o profissional, esperançoso com o futuro promissor da profissão.
Crédito: Diogo Albuquerque e Samara Oliveira / Eu Estudante, Correio Braziliense – @ disponível na internet 08/05/2023