O legado de Domenico De Masi vai muito além do “ócio criativo”
O criador do mundialmente famoso conceito do “ócio criativo”, o sociólogo Domenico De Masi, faleceu no último sábado, e eu parei para refletir sobre como o trabalho dele influenciou diretamente a gestão de recursos humanos.
Mudanças na visão sobre o trabalho
Antigamente, o trabalho era visto como uma obrigação, apenas uma atividade necessária para se sustentar. E foi aí que De Masi trouxe uma visão até então inovadora sobre esse assunto, ele passou a defender que o trabalho deveria ser uma fonte de realização pessoal e satisfação.
Há mais de 20 anos, o sociólogo já dizia que estávamos passando de uma “sociedade industrial” para a “sociedade do conhecimento” e que essa transição promoveria dois aspectos que hoje são muito valorizados pelas empresas e pelas pessoas: a flexibilidade e as adaptações às mudanças.
Como consequência da valorização desses aspectos, a autonomia e a possibilidade de trabalhar remotamente também começam a aparecer. Parece que eu estou falando de algo muito recente, mas essa sementinha já tinha sido plantada lá nos anos 2000 pelo especialista.
Outro conceito que De Masi defendia bem lá atrás e que está sendo cada vez mais discutido e valorizado é o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Se antes a vida se resumia a trabalhar, no best-seller “Ócio Criativo”, o escritor defende que as pessoas precisam ter interesses pessoais e que essa busca por equilíbrio é fundamental para o bem-estar das pessoas, não só individual mas também social.
Equilíbrio, conhecimento e ócio
Sim, ele era um defensor e propagador do conceito de work-life balance que surgiu lá nos anos 1970, mas que só ganhou força décadas depois e – em grande parte – graças à visão dele sobre o trabalho.
O legado de Domenico De Masi para a gestão de recursos humanos é significativo. O que ele defendia, hoje é aplicado por organizações do mundo inteiro ao fazer gestão de pessoas.
À medida que o mundo do trabalho evolui, as ideias de De Masi continuam sendo uma fonte valiosa de insights para a área de gestão de pessoas e também para nós, como indivíduos.
Para mim, a principal mensagem que ele deixa é: não é só estudando e trabalhando que nos desenvolvemos, o tempo livre não é perda de tempo, é uma oportunidade de explorarmos a nossa criatividade de jeitos diferentes, de nos conhecermos. O ócio pode ser produtivo e enriquecedor.
Encerro este artigo deixando registrada a minha gratidão, o meu agradecimento e a minha homenagem a esse profissional que eu sempre admirei e continuarei admirando.
Crédito: Sofia Esteves / Carreira- EXAME – @ disponível na internet 13/09/2023