Um dos maiores símbolos do Brasil está próximo de uma crise sem precedentes.
A estatal Embrapa tem enfrentado obstáculos para desenvolver suas atividades, as mesmas que colocaram o Brasil na vanguarda da produção agropecuária tropical do mundo.
A conclusão faz parte de um documento complementar ao relatório executivo do Grupo de Estudos Avançados de Aprimoramento do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (GEAAP), ao qual o IM Business teve acesso.
O grupo foi criado pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, por meio de uma portaria ministerial, em março de 2023. O objetivo era identificar demandas, avaliar e apresentar propostas relativas ao aprimoramento do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA).
Em outubro, o documento final foi apresentado. O diagnóstico sobre o momento da Embrapa aponta para um clima de “insatisfação, frustração e até mesmo de desânimo reinante” entre funcionários e lideranças de diversos segmentos ligados à estatal.
Embora tenha sido muito bem-sucedida na entrega de resultados ao longo dos seus 50 anos de história, a Embrapa acumulou distorções e perdeu sua capacidade de resposta a um novo cenário na agricultura brasileira e mundial.
“Assim, é preciso reconhecer que [a Embrapa] atravessa um momento de dificuldades, uma crise, e que tal reconhecimento é essencial para sua superação”, diz o relatório do GEAAP.
Entre as distorções está o grande número de centros de pesquisas. Atualmente são 43, que atuam de forma não integrada, com sobreposições, infraestrutura ociosa e custo de manutenção elevado. Na visão do GEAAP, a existência de alguns desses centros, muitos criados por pressão política, já não mais se justifica.
Para tentar superar a crise, o grupo, coordenado por Silvio Crestana, um dos ex-presidentes da estatal, propôs a criação de um projeto de lei que instituiria o Programa Nacional de Incentivo à Pesquisa Agropecuária. Adicionalmente, seria criado um fundo cooperativista de apoio ao desenvolvimento tecnológico.
Em resumo, o GEAAP recomendou a descentralização na estrutura de governança, desburocratização nos processos decisórios e atenção aos recursos humanos da Embrapa. O IM Business entrou em contato com o Ministério da Agricultura, Pasta à qual a estatal é vinculada, que preferiu não se pronunciar.
Crédito: Alexandre Inacio/Business AGRO – InfoMoney – @ disponível na internet 27/01/2024
Perto? O desmanche teve início no desgoverno Collor. Alguém se lembra de uma de suas falas quando o Brasil atingiu a primeira super safra de 60 milhões de toneladas de grãos? Ele disse: “agora podemos fechar a Embrapa, pois o país atingiu a super safra.” De lá para cá o desmanche só intensificou. A cada ano menos dinheiro para a pesquisa.