Preocupado com a saúde do seu fígado? Conheça 4 sintomas graves das doenças hepáticas
As enfermidades hepáticas relacionadas com o álcool são a principal causa de morte por consumo excessivo dessas bebidas. As mortes anuais causadas pela doença estão aumentando nos Estados Unidos em 39% de acordo com dados divulgados pelos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.
As taxas de mortalidade são mais elevadas entre homens e adultos com idades entre 50 e 64 anos, embora aumentem mais rapidamente entre as mulheres e os adultos mais jovens.
“As pessoas estão bebendo mais do que costumavam, então acho que esse é o maior fator. Estamos vendo que, pela primeira vez neste país, as mulheres bebem tanto quanto os homens”, afirmou Jessica Mellinger, professora associada de gastroenterologia e hepatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan.
O que é doença hepática relacionada ao álcool?
A primeira fase da doença é a doença hepática gordurosa, ou esteatose. Ocorre quando a gordura começa a se acumular no fígado, responsável pelo metabolismo do álcool. Na segunda etapa, o consumo excessivo de álcool ativa o sistema imunológico do organismo, gerando inflamação no fígado.
“As duas principais formas de danificar o fígado são acumular gordura e adicionar inflamação à gordura”, explica Mellinger.
Se o dano persistir, o tecido cicatricial pode se acumular no fígado, levando à terceira fase, a cirrose. Estima-se que 20% das pessoas com esteatose hepática relacionada ao álcool evoluem para cirrose.
Algumas pessoas também desenvolvem hepatite relacionada ao álcool, que é uma inflamação grave do fígado. É mais comum em pessoas com cirrose, mas pode ocorrer em qualquer fase dependendo do excesso da bebida (de oito a 10 drinques por dia, por exemplo). Tanto a cirrose hepática quanto a hepatite relacionada ao álcool podem ser fatais.
Quais são os sintomas?
Nos estágios iniciais da doença hepática relacionada ao álcool não há sintomas, dificultando a identificação. “A maioria das pessoas que podem estar a desenvolver cirrose nem sequer sabe disso”, disse Loomba.
Quando é diagnosticado nas duas primeiras fases, geralmente é porque os exames de sangue revelam função hepática anormal. Esses testes podem ser realizados como parte do check-up de rotina, ou um médico pode recomendá-los se estiver preocupado com o consumo de álcool do paciente.
Se os níveis de enzimas hepáticas de uma pessoa estiverem anormais, um ultrassom ou ressonância magnética pode determinar em que estágio da doença hepática a pessoa se encontra.
No entanto, a doença hepática muitas vezes só é detectada quando sintomas alarmantes aparecem nas fases posteriores, como muito líquido e inchaço no abdômen, começar a vomitar sangue ou desenvolver icterícia.
Quais são as causas?
O risco de doença hepática relacionada ao álcool aumenta quando você excede os limites recomendados de consumo: sete doses por semana para mulheres e 14 para homens.
Aumenta substancialmente em mulheres que consomem regularmente mais de três drinques por dia e em homens que tomam mais de quatro drinques por dia, de acordo com Sasha Deutsch-Link, especialista em gastroenterologia e hepatologia da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina.
Isso ocorre porque as mulheres metabolizam o álcool de forma diferente dos homens, o que as fazem correr maior risco de adoecer se beberem a mesma quantidade.
Com esse nível de consumo de álcool, estima-se que 90% das pessoas apresentam depósitos de gordura no fígado. De acordo com Rohit Loomba, chefe de gastroenterologia e hepatologia da UC San Diego Health, a gordura pode começar a acumular-se rapidamente, em alguns casos após seis meses de consumo excessivo de álcool.
Doenças metabólicas, como obesidade, diabetes ou hipertensão, também podem afetar o fígado. Isto coloca as pessoas “em maior risco de desenvolver doenças hepáticas mais rapidamente com níveis mais baixos de consumo de álcool”, diz Deutsch-Link. A deterioração da saúde metabólica dos americanos pode ser outra razão para o aumento das mortes por doenças hepáticas relacionadas com o álcool.
Qual é o tratamento
Como o fígado pode se regenerar, as duas primeiras fases da doença hepática podem ser revertidas se o paciente parar de beber. “O mais importante para estes pacientes é parar de consumir álcool”, diz Deutsch-Link.
Para esse fim, muitas clínicas hepáticas oferecem tratamento para transtornos por uso de álcool que inclui terapia, programas de grupo ou medicamentos para redução da ansiedade.
Quando alguém tem cirrose, “na maior parte, é considerada irreversível”, disse Robert Wong, professor clínico associado de gastroenterologia e hepatologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford. “E quando você contrai cirrose, você corre um risco muito maior de complicações, progressão, câncer de fígado e, claro, morte.”
No entanto, Loomba observou que mesmo com cirrose, se as pessoas pararem de beber, “o risco de morrer de cirrose no ano seguinte diminui significativamente”.
Segundo especialistas, se você está preocupado com a saúde do seu fígado, o primeiro passo é conversar com um médico e fazer um teste de função hepática. O objetivo é detectar quaisquer problemas o mais cedo possível.
Crédito: The New York Times / O Globo – @disponível na internet 11/03/2024