Pelo menos 86% da população acima dos 60 anos afirma já ter enfrentado algum tipo de preconceito em relação ao mercado de trabalho, independentemente de suas habilidades e experiências.
É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Grupo Croma, com base em dados da Oldiversity®.
Essa situação se agravou durante a pandemia de covid-19, principalmente, entre o último trimestre de 2019 e o ano de 2020, no qual cerca de 800 mil profissionais com mais de 60 foram demitidos ou ficaram desocupados e à procura de trabalho de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Um dos motivos que refletem essa percepção de aumento no preconceito é o fato de os mais velhos terem sido considerados um grupo de risco durante a pandemia de covid-19, é o que explica o CEO do Grupo Croma e idealizador do estudo, Edmar Bulla.
“A crise sanitária fez com que as desigualdades sociais fossem ainda mais evidentes, principalmente no mercado de trabalho, afetando os idosos durante esse período e que trazem consequências até o momento por serem rotulados como grupo de risco, reforçando a discriminação”, diz Bulla.
Empregabilidade
O cenário de empregabilidade já está afetando também trabalhadores na faixa dos 50 anos. Segundo levantamento da pesquisa “Etarismo e Inclusão 2023”, da consultoria de recrutamento e inovação Robert Half, 70% das empresas contratam muito pouco ou nenhum profissional com mais de 50 anos, público que representa apenas 5% da força de trabalho das empresas brasileiras, evidenciando a prevalência do etarismo nos processos de recrutamento e desenvolvimento profissional.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), as pessoas acima dos 50 anos representam mais de 25% da população e 22% da força de trabalho no Brasil. Porém, apenas 5,6% das empresas afirmaram ter contratado profissionais nessa faixa etária na mesma proporção (25%).
“Por mais que o despertar das empresas para a inclusão esteja acontecendo, a velocidade dessa conscientização ainda é lenta, resultando em exclusão e dificuldades significativas para os mais experientes e idosos se manterem no mercado de trabalho”, destaca o CEO do Grupo Croma
Longevidade
Especialistas alertam para a necessidade de ações, campanhas educacionais e ferramentas eficazes para promover a inclusão produtiva de talentos sêniores. Para Amanda Diaz, CPO da consultoria de tecnologia keeggo, a longevidade não pode ser sinônimo de exclusão, e é essencial sensibilizar lideranças e capacitar profissionais de recursos humanos para construir ambientes de trabalho inclusivos para todas as idades.
“As vagas afirmativas para pessoas com mais de 60 anos não apenas promovem a diversidade, mas também trazem uma riqueza de experiência, sabedoria e maturidade para as equipes. Contratá-las pode enriquecer o ambiente de trabalho, além de promover uma cultura organizacional mais inclusiva e respeitosa para todas as gerações”, afirma.
Crédito: Rafaela Gonçalves / Correio Braziliense – @ disponível na internet 2/5/2024