Planos de saúde passam por revolução; veja quem são os mais afetados

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Sinais dessa transformação dos planos de saúde são diários, com cancelamentos de contratos e mudanças de estratégias de gestão das empresas

Cancelamento unilateral de contratos, acordos entre operadoras e acertos políticos, além de guinadas radicais em estratégias de atuação no mercado. Nas últimas semanas, o noticiário foi inundado por polêmicas e mudanças de gestão envolvendo planos de saúde.

E há um motivo para tamanho acúmulo de informações num curto período de tempo: o setor passa por uma revolução – que não tem nada de silenciosa.

Um dos principais sinais dessa mudança foi dado pela explosão de cancelamentos unilaterais de planos de saúde por parte das operadoras. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), eles somaram 5.888 entre janeiro e abril deste ano, número que representou um crescimento de 31% em relação ao mesmo período do ano passado. Em todo o ano de 2023, os cancelamentos somaram 15.279. Em 2022, foram 11.096.

O avanço desse tipo de problema resultou em um acordo fechado entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e as operadoras anunciado na semana passada. Não fosse o trato, disse uma fonte do setor ao Metrópoles, os cortes continuariam.

imagem colorida medido planos de saúde
Adam Berry/Getty Images

As mudanças em estratégias de gestão também têm sido constantes. Na quinta-feira (6/6), por exemplo, a Golden Cross informou que vai suspender temporariamente a venda de planos de saúde a partir de 18 de junho. Além disso, a partir de 1º de julho, os clientes da operadora passarão a ser atendidos na rede credenciada da Amil. Em relação às vendas, medida semelhante, que começou a valer no início deste mês, já havia sido anunciada pela Prevent Senior, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Prejuízo na adesão

No geral, essas mudanças estão afetando de forma mais direta os planos de saúde individuais e os por adesão, feitos por pessoas jurídicas de classes ou setores, como sindicatos e associações profissionais. Isso ocorre por um motivo simples: esses segmentos são pouco rentáveis ou dão prejuízo às operadoras – o que é comum.

A Amil, por exemplo, tem cerca de 70 mil contratos por adesão. Desse total, 35 mil seriam cancelados a partir de sábado (1º/6). Com o acordo feito em Brasília, 5 mil cancelamentos foram revistos, porque incluem pacientes internados, em tratamento grave ou com diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA). Os outros 30 mil cortes, contudo, serão mantidos.

Novo marco

Para reverter esse quadro, as empresas defendem um novo marco legal para o setor. As operadoras consideram que a atual legislação, de 1998, está ultrapassada. Essas mudanças incluiriam novidades como a segmentação de produtos e novas regras que possam diminuir a judicialização dos contratos.

Segmentação

Sobre a segmentação, as empresas querem, por exemplo, oferecer contratos voltados apenas para serviços ambulatoriais ou só para cirurgias. Além disso, elas alegam que os planos oferecem atendimento em dezenas de hospitais, mas as pessoas só usam um ou dois. E essa oferta ampla, alegam as empresas, tem um custo.

A respeito da judicialização, a expectativa é que sejam definidas regras que garantam a primazia dos contratos. Isso, em grande medida, por causa dos custos elevados com as novas terapias gênicas, cuja tecnologia está baseada em modificações no material genético de células, e têm sido utilizadas em pacientes que recorrem à Justiça.

Rumo ao SUS

Na atual conjuntura, dizem analistas, os mais afetados são as pessoas que fazem parte de planos por adesão. Para o consultor José Roberto Araújo, ex-diretor do laboratório Fleury, no médio prazo, a tendência é que as pessoas com mais de 60 anos também fiquem sem planos.

“O fato é que muitas pessoas que hoje estão na saúde suplementar devem sair do sistema e vão terminar no SUS”, diz o executivo.

Crédito: Carlos Rydlewski / Metrópoles – @ disponível na internet 8/6/2024


Unimed Ferj: Médicos estariam evitando atender devido ao prejuízo da operadora

A legislação das cooperativas determina que o rateio seja feito por produtividade. No caso os médicos, isso representa o número de atendimentos realizados, e com isso, muitos profissionais têm optado por evitar receber os beneficiários da Unimed Ferj nos consultórios.  

Em meio ao impasse, os clientes acumulam reclamações.

Atualmente a Unimed Ferj conta atualmente com cerca de meio milhão de clientes, que possuem outras insatisfações, como na necessidade de dar entrada, pessoalmente, no pedido de reembolso de procedimentos. Isso acontece justamente com a mudança do plano de saúde, que agora deixa de ser Unimed Rio.  

O administrador Gustavo Azevedo precisou ir a uma unidade da empresa, na Zona Oeste do Rio, para pedir, ao plano, ressarcimento de uma cirurgia realizada pela mãe dele, também beneficiária da Unimed Ferj

A saída da operadora à frente do negócio cumpre uma determinação da Agência Nacional de Saúde. A ANS identificou que a Unimed Rio, responsável por administrar o plano de saúde na Região Metropolitana, não tinha mais saúde financeira para continuar gerindo o benefício.

A Unimed-Rio informou que realizou no mês passado uma assembleia explicativa sobre a transferência do total de seus beneficiários para a Unimed Ferj, movimento previsto no Termo de Compromisso e que já vinha sendo realizado desde o segundo semestre de 2023. A nota acrescentou ainda que o rateio das eventuais sobras ou perdas de um exercício segue exatamente o que é estabelecido na Lei das Cooperativas. 

Por fim, o comunicado destacou que modelo de atuação é pautado na transparência e respeito aos cooperados, e que segue, como sempre, à disposição dos médicos para esclarecimentos. 

Sobre a necessidade de, com a mudança do plano, os clientes precisarem dar entrada, pessoalmente, no processo de reembolso em uma das unidades da Unimed Ferj, a fornecedora de saúde disse que a fim de promover a total integração das informações de seus beneficiários, orientou que os mesmos solicitassem o reembolso de forma presencial ou carta nas duas últimas semanas. A operadora informa que o processo já foi reestabelecido e que disponibiliza o formulário para o reembolso em seu site unimed.coop. No link reembolso. O comunicado acrescente que, em breve, o pedido também vai poder ser feito no aplicativo da operadora. 

Crédito: Carlos Briggs / BandNews FM Rio de janeiro – @ disponível na internet 8/6/2024

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