Quem manda no Congresso em 2025?

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Hugo Motta (Republicanos-PB), , Davi Alcolumbre (União-AP) @reprodução internet

Quem manda no Congresso em 2025? Como fica o jogo de poder com novas chefias na Câmara e no Senado

Depois de quatro anos de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, respectivamente, o Legislativo terá novos nomes no comando em 2025.

Entre os deputados, com o favorito Hugo Motta (Republicanos-PB), a expectativa é que novos personagens ganhem mais força. Na Casa Alta, Davi Alcolumbre (União-AP) deverá voltar ao cargo, que já foi ocupado por ele, sem demais problemas e sem muitas mudanças significativas entre as lideranças.

A expectativa segundo Congressistas ouvidos pela reportagem é de poucas mudanças no funcionamento das duas Casas. Numa leitura geral, Alcolumbre não deve mudar muito em relação à condução dos trabalhos no passado, enquanto Motta deverá manter certa lealdade a Lira, seu principal apoiador, mas também deverá ouvir conselhos do senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos seus principais aliados.

Nomes como o de Ciro, e o do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, (SP) deverão ganhar ainda mais peso. Mas o Estado da Paraíba deverá exercer protagonismo neste ano, quando começa a se desenhar a “República da Paraíba” nos Poderes em Brasília.

Hugo Motta deve assumir o comando da Câmara com dívidas com o padrinho Arthur Lira
Hugo Motta deve assumir o comando da Câmara com dívidas com o padrinho Arthur Lira Foto: Paulo Sérgio/Agência Câmara

Como mostrou a Coluna do Estadão, essa influência da “República da Paraíba” cresce em diversos níveis da República. São paraibanos também os novos presidentes do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo Filho, e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin.

No Senado, Efraim Filho (União-PB), nascido em João Pessoa, chegou a brincar num jantar que reuniu políticos que será o “líder informal” de Alcolumbre. Outros paraibanos ouvidos reservadamente pela reportagem até brincam que pode haver divergências no pensamento dos seus conterrâneos, mas que no Estado todo mundo é amigo.

A bancada paraibana é composta por 15 deputados, majoritariamente do Centrão. Destacam-se entre eles Gervásio Maia, líder do PSB no ano passado e amigo de Motta e do pai, o prefeito de Patos (PB) Nabor Wanderley, e Aguinaldo Ribeiro (PP), que será o líder da maioria neste ano.

“Hugo Motta é uma figura muito agregadora e conciliadora. Eu sou paraibano e conheço ele. Acho que vamos ter um time. Isnaldo (Bulhões Júnior, líder), do MDB, Doutor Luizinho (RJ), líder do PP, vai ter um grande papel. (Antônio) Brito, do PSD, também. Eu quero estar jogando nesse papel, em um ano fundamental que é 2025″, diz Lindbergh Farias (PT-RJ), que nasceu em João Pessoa. Ele será o líder do PT em 2025.

Para o cientista Marco Antônio Carvalho Teixeira, a expectativa é de que, na Câmara, Motta comece sua gestão primeiro pagando as dívidas. Para garantir amplo favoritismo para assumir a presidência, ele precisou primeiro da renúncia de Pereira, que era o candidato do Republicanos ao cargo para conquistar o apoio de Lira e precisou dialogar e conciliar interesses diversos para garantir apoios de partidos que vão do PT ao PL.

Davi Alcolumbre é o favorito para voltar ao comando do Senado, após alinhavar apoios do governo e da oposição
Davi Alcolumbre é o favorito para voltar ao comando do Senado, após alinhavar apoios do governo e da oposição Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
“Motta vai dever a sua vitória uma parte ao bolsonarismo, ao petismo e ao seu principal articulador, que foi Arthur Lira. É alguém que já chega preso a compromissos”, diz Teixeira.

Para o atual primeiro-vice-presidente da Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Lira mesmo fora da presidência deverá ser uma eminência parda no jogo da Casa.   

“Lógico, Hugo Motta, precisando de algum conselho, poderá o procurar”, afirma Sóstenes. Ele será o novo líder do PL na Câmara e não deverá mudar muito o perfil em comparação ao atual comandante, Altineu Côrtes (RJ), segundo deputados da sigla ouvidos pela reportagem.

No geral, paira um sentimento entre os parlamentares de querer mais previsibilidade no plenário da Câmara. Como mostrou o Estadão, durante a era Lira privilegiou-se a votação de requerimentos de urgência. Esse procedimento é adotado para acelerar a tramitação de projetos de lei, pulando fases de discussão em comissões.

Deputados fizeram esse apelo a Motta em algumas reuniões, sobretudo em encontros das frentes parlamentares. Para governistas, a expectativa é que Motta adote um tom mais conciliador.

O atual desenho com os constantes requerimentos de urgência favorece o colégio de líderes dos partidos. Esse grupo é quem dá o crivo com maior facilidade sobre quais requerimentos podem ganhar destaque ou não.

Neste ano, o colégio terá poucas mudanças. Isnaldo Bulhões Júnior (AL), líder do MDB mencionado por Lindbergh, por exemplo, poderá ganhar um papel mais relevante em 2025. Ele é alagoano como Lira, mas faz parte da sigla do senador Renan Calheiros (AL), principal rival do presidente da Câmara no Estado. Ele é considerado um nome mais governista no colégio de líderes.

Também tem esse perfil Antônio Brito (BA), líder do PSD, mas tido como uma extensão das ações políticas do presidente da sigla, Gilberto Kassab. O PP manterá Luizinho (RJ) na liderança, que acompanhou o governo nas principais votações da Casa. Há indefinições na liderança do Republicanos, que fará isso em fevereiro, e no União Brasil, que está em crise de identidade. Há três nomes disputando o cargo na legenda — um governista, um oposicionista e um de centro.

Há outras arestas para serem aparadas entre os partidos em torno de cargos nas comissões que serão renovadas em fevereiro, o que deverá ser acertado já no começo deste ano.

Do lado da oposição, a meta é destravar o projeto de lei da anistia aos presos do 8 de Janeiro. A proposta estava para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, até que Lira voltou a tramitação da iniciativa do zero, levando para uma comissão especial, que ainda sequer começou os trabalhos.

Ainda que avance na Câmara, haverá problemas no Senado. A CCJ dessa Casa terá um dos principais governistas na presidência. Otto Alencar (PSD-BA) é aliado do PT no Estado e chegou a substituir Jaques Wagner (PT-BA) em novembro como líder do governo na Casa. Ele teve o nome referendado por Pacheco, por Alcolumbre e pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva na função.

No Senado, o MDB firmou um compromisso com Alcolumbre de avançar com um “pacote da democracia”, que reúne projetos de lei feitos em reação a bolsonaristas que negaram o resultado eleitoral. Ainda assim, oposicionistas dizem esperar que a anistia tramite. “A Câmara está tratando do tema lá. Passando lá, o Senado vai dar andamento”, disse Marcos Rogério (PL-RO).

O PL não deverá mudar os seus líderes atuais. Mas a aposta dos senadores é que o partido estará mais forte. Com Alcolumbre, o partido terá o primeiro-vice-presidente. Além disso, o partido conta que poderá filiar mais três senadores. A bancada cresceu ao filiar Izalci Lucas (DF), ex-PSDB.

De todo modo, Ciro Nogueira (PP-PI) sinaliza que a oposição pode abrir espaços para o governo na agenda econômica. “O Brasil está num momento difícil na parte da economia. Eu faço oposição ao governo, não ao País. Se for coisa importante, vamos aprovar coisas do governo de corte de gastos. Não tem viés de querer atrapalhar o Brasil, não”, afirma.

O PT, por sua vez, terá Rogério Carvalho (SE) como novo líder. Ele tem a expectativa de que o governo crie canais estreitos de diálogo com Alcolumbre. “Se tiver interlocutores que façam essa conversa ser mais linear. Se ficar com dificuldade, vai travar”, diz. “Depende muito do esforço do governo que tem que fazer, e isso não é abrir mais o que já tem de diálogo. É algo muito mais na forma do que no conteúdo da relação.”

Crédito: Levy Teles/ O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 6/1/2025

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