A tensão comercial entre Brasil e Venezuela se intensificou com a adoção, pelo governo de Nicolás Maduro, de tarifas que chegam a 77% sobre produtos brasileiros — inclusive aqueles com certificado de origem que deveriam estar isentos, conforme previsto no Acordo de Complementação Econômica nº 69 (ACE 69), firmado em 2014.
A decisão, implementada sem aviso prévio, surpreendeu exportadores e autoridades brasileiras.
O impacto atinge especialmente Roraima, por onde escoa boa parte dos alimentos enviados à Venezuela, como óleo de soja, margarina, farinha de trigo e compostos lácteos.
A soja, principal item da pauta exportadora, será taxada com a alíquota máxima.
O comércio entre os dois países movimentou cerca de US$ 1,6 bilhão em 2024, com superávit de US$ 778 milhões para o Brasil.
Agora, empresários e a Federação das Indústrias de Roraima (FIER) alertam que a medida pode inviabilizar investimentos e comprometer a competitividade de produtos brasileiros no mercado venezuelano.
O Itamaraty, em coordenação com o MDIC, acompanha a situação. A Embaixada do Brasil em Caracas busca esclarecimentos junto às autoridades venezuelanas sobre a legalidade e os reais motivos da cobrança, que contraria os termos do ACE 69 — ainda vigente apesar da suspensão da Venezuela do Mercosul em 2017.
Em nota, a FIER reafirmou que os certificados de origem continuam sendo emitidos conforme as normas da ALADI, e reforçou o compromisso com o diálogo e a busca por soluções diplomáticas.
O episódio reacende o alerta sobre a fragilidade das relações comerciais na região e evidencia a necessidade de mecanismos mais robustos de proteção aos exportadores brasileiros frente a medidas unilaterais adotadas por países parceiros.
Fontes: CBN – Poder 360 – Zero Hora – Veja – BBC – O GLOBO / Disponível na internet 28/7/2026