Brasil atualiza diretrizes de hipertensão arterial e 12 por 8 passa a ser indicador de risco
Documento foi divulgado nesta quinta, 18, durante o Congresso Brasileiro de Cardiologia
As novas diretrizes brasileiras de manejo da hipertensão arterial, apresentadas nesta quinta-feira, 18, no 80° Congresso Brasileiro de Cardiologia, promovem uma alteração em relação à classificação da pressão 120 por 80, o famoso 12 por 8.
O valor deixa de ser o padrão almejado para ser enquadrado como um indicador de pré-hipertensão, em linha com a diretriz europeia lançada no fim do ano passado.
A nova classificação foi adotada visando à identificação precoce de indivíduos em risco. Outro objetivo é incentivar intervenções não medicamentosas para prevenir a progressão para a hipertensão, informam os cientistas.
Agora, para que o nível não seja considerado de risco, a pressão arterial sistólica deve ficar abaixo de 120 mmHg e/ou a pressão arterial diastólica deve ser inferior a 80 mmHg.
Já o nível de pressão arterial que leva ao diagnóstico de um quadro de hipertensão permanece sendo aquele igual ou superior a 140 por 90 (14 por 9). E a meta de pressão arterial a ser atingida pelos pacientes com a doença, segundo as diretrizes, é de 130 por 80 (13 por 8).
A atualização é essencial “para quem busca fazer medicina baseada em evidências e alinhada às recomendações mais recentes”, afirma a Sociedade Brasileira de Cardiologia, em publicação nas redes sociais.
Tratamento
As diretrizes indicam também que o tratamento da hipertensão arterial não deve ficar restrito ao uso de medicamentos
Idealmente, ele deve incluir não fumar, ter uma dieta saudável, praticar atividade física e ter um Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 18 e 24 kg/m².
Em termos de alimentação, a recomendação é ter uma dieta saudável, diminuir a ingestão de sal e álcool, e aumentar a de potássio.
Crédito: Caio Possati / O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 19/9/2025
Tem pressão 12 por 8? Agora, você deve ser acompanhado mais de perto
Nova diretriz estabelece uma zona “intermediária” entre o nível considerado normal e a hipertensão e sugere mudanças também no tratamento com medicamentos
A nova diretriz europeia de manejo da hipertensão arterial mudou a classificação da pressão considerada normal: sai o tradicional 120 por 80 (o famoso 12 por 8) e entra o 120 por 70 (ou 12 por 7). A redução segue estudos que indicam maior predisposição a complicações cardiovasculares a partir de um nível de 115 por 70 e, apesar de ser voltada a médicos europeus, já começa a ser adotada também em consultórios no Brasil.
O documento também cria uma nova categoria, batizada de “pressão arterial elevada” — onde foi parar o 12 por 8, e que demanda acompanhamento mais próximo do paciente. Na prática, a classificação fica assim:
- Pressão arterial não elevada: abaixo de 12 por 7
- Pressão arterial elevada: entre 12 por 7 e 13.9 por 8.9
- Hipertensão arterial: maior ou igual a 14 por 9
A medida vale para adultos a partir dos 20 anos. Antes disso, há outra classificação, que considera a idade, o sexo e a altura do paciente, explica o cardiologista Fábio Argenta, membro do Comitê de Comunicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
A diretriz também traz outras duas mudanças, uma em relação aos pacientes na categoria intermediária e a segunda direcionada a quem é diagnosticado com a hipertensão.
Para quem tem alto risco cardiovascular – como histórico de infarto ou diabetes – e integra o grupo da “pressão arterial elevada”, onde se enquadra o 12 por 8, a Sociedade Europeia de Cardiologia recomenda uma abordagem inicial baseada em mudanças no estilo de vida, incluindo prática de exercícios físicos e a adoção de uma dieta saudável. Se, após três meses, a pressão não estabilizar em um nível abaixo de 13 por 8, a orientação é iniciar o tratamento com medicamentos.
A segunda é justamente sobre os remédios. Uma vez diagnosticada a hipertensão, a sugestão é adotar logo no começo uma terapia combinada, com duas medicações com baixa dosagem. “As vantagens disso são a sinergia entre as classes de medicamentos e a atuação em diversos mecanismos fisiopatológicos da hipertensão”, diz Argenta.
Por fim, o documento reforça a necessidade de medições da pressão arterial fora do consultório ou hospital para se obter um diagnóstico correto e evitar a hipertensão mascarada ou a hipertensão do avental branco, quando o nível sobe na presença de profissionais de saúde. Para isso, é recomendada a realização do Mapa, exame em que a pressão é medida por 24 horas, ou da monitorização residencial da pressão arterial (MRPA).
No conjunto, o objetivo das atualizações é diagnosticar a doença e iniciar o tratamento o mais rápido possível. “Quando fazemos essa intervenção precoce, diminuímos o risco de desfecho cardiovascular e aumentamos a longevidade com qualidade de vida”, afirma Argenta.
Segundo o médico, a SBC está elaborando as novas diretrizes brasileiras de hipertensão arterial. A previsão é de que o documento seja publicado no primeiro semestre de 2025 e a tendência é que siga os parâmetros europeus.
Crédito: Stefhanie Piovezan / O Estado de São Paulo – @ disponível na internet 19/9/2025
