Câmara dos Deputados debate novas medidas de combate às facções criminosas e integração da segurança pública

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@ reprodução internet / sindppesp

O combate ao crime organizado voltou ao centro das discussões no Congresso Nacional. Dois temas relevantes avançam simultaneamente na Câmara dos Deputados: o Projeto de Lei 5582/25, enviado pelo governo federal, e a PEC 18/25, que trata da coordenação do sistema de segurança pública no país. Ambos têm como foco enfrentar o poder das facções criminosas, mas sob perspectivas diferentes — uma na esfera penal, outra no âmbito constitucional e federativo.

PL 5582/25: Endurecimento de penas e ataque ao poder econômico das facções

De autoria do Poder Executivo, o PL 5582/25 cria oficialmente a figura penal da facção criminosa, endurece penas e propõe instrumentos modernos de investigação e repressão.

Entre os principais pontos:

1. Penas mais duras e novos agravantes

  • Promover, financiar ou integrar facção criminosa: 8 a 15 anos de prisão

  • Homicídios por ordem de facção: 12 a 30 anos, com enquadramento como crime hediondo

  • Chefes de organizações criminosas poderão ter pena aumentada até o dobro

  • Agravantes ampliados: participação de menores, envolvimento de servidor público, uso de armas restritas, explosivos, infiltração no setor público ou domínio territorial, entre outros

2. Novas ferramentas de investigação

  • Possibilidade de infiltração de colaboradores (não apenas policiais)

  • Acesso, com autorização judicial, a dados de geolocalização e registros de conexão

  • Cooperação internacional centralizada pela Polícia Federal

  • Acesso a registros de compras e pagamentos em plataformas digitais, empresas de e-commerce e fintechs

  • Criação do Banco Nacional de Facções Criminosas

3. Combate ao poder econômico

  • Apreensão facilitada de bens

  • Bloqueio de operações financeiras e suspensão de contratos com o poder público

  • Intervenção judicial em empresas usadas por facções

  • Impedimento de contratar com o governo por 14 anos após condenação

4. Restrição de comunicação nas prisões

  • Monitoramento de encontros no parlatório quando houver suspeita de conluio

  • Transferência emergencial de presos sem autorização judicial em casos de motim ou grave risco

Segundo o presidente Lula, o projeto busca fortalecer o combate ao crime organizado em todas as esferas, afirmando que “as famílias brasileiras merecem essa dedicação”.

PEC 18/25: Integração das forças de segurança divide base do governo e oposição

A segunda frente de debate é a Proposta de Emenda à Constituição 18/25, que trata da coordenação do sistema de segurança pública e da integração entre forças estaduais e federais.

A proposta recebe apoio da PF e do governo, mas encontra resistência de parte da oposição e de setores que temem interferência na autonomia dos estados.

Pontos centrais do debate

1. Autonomia dos estados

O relator, deputado Mendonça Filho (União-PE), defende a integração, mas rejeita qualquer comando único nacional, alegando que:

  • a Constituição garante autonomia estadual

  • federalismo é cláusula pétrea

  • estados financiam cerca de 80% do gasto em segurança pública

2. Visão do governo e da Polícia Federal

Para o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a proposta não retira atribuições das polícias estaduais, mas busca coordenação, integração e operações conjuntas – algo que, segundo ele, já mostra resultados expressivos, como a apreensão de R$ 6,9 bilhões do crime organizado em 2023.

O governo defende que maior integração fortalece:

  • a troca de informações

  • o combate ao dinheiro das facções

  • o enfrentamento ao crime transnacional

3. Sugestões em debate

  • Tornar o confisco de bens mais rápido e eficaz

  • Ampliar o uso de recursos confiscados para reforçar investimentos em segurança

  • Enquadrar a Receita Federal como órgão de apoio estratégico

4. Controvérsia sobre modelos de atuação policial

A recente operação policial no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes, dividiu opiniões na comissão:

  • Parte dos parlamentares elogiou a ação

  • Outra parte apontou riscos e defendeu inteligência e investigação financeira como modelos mais eficazes

Um debate fundamental para a segurança da população

Os dois temas — o PL 5582/25 e a PEC 18/25 — tratam de perspectivas complementares: endurecer o combate às facções e aprimorar o modelo de segurança pública no Brasil. O debate é técnico e político, envolvendo questões de federalismo, direitos fundamentais, capacidade investigativa e repressiva, e proteção da sociedade frente ao avanço do crime organizado.

Fonte: Agência Câmara de Notícias 4/11/202520

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