Golpe do Banco Master: Rombo de R$ 56 bilhões ameaça fundos públicos e aposentadorias

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A liquidação do Banco Master continua revelando um cenário de profundo desequilíbrio financeiro, fraudes estruturadas e uma teia de relações políticas que levantam sérias questões sobre a fragilidade dos mecanismos de fiscalização e governança no sistema financeiro nacional.   

Apenas nos primeiros dias após a intervenção, os passivos conhecidos já ultrapassaram R$ 56 bilhões, em um dos maiores escândalos financeiros da história recente do país.

Passivo Explode e Alcança R$ 56 Bilhões

O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) projeta desembolsar até R$ 49 bilhões apenas para garantir depósitos de pessoas físicas. Paralelamente, o Banco de Brasília (BRB) repassou ao Master R$ 12,2 bilhões em operações consideradas irregulares pela Polícia Federal — envolvendo carteiras de crédito inexistentes, conforme a Operação Compliance Zero.

Fundos públicos de previdência também foram duramente atingidos. Só entre previdências estaduais e municipais, as aplicações somam R$ 1,9 bilhão em títulos do Master. Empresas privadas detêm outros R$ 960 milhões.

O impacto é devastador: recursos que deveriam assegurar aposentadorias, pensões e reservas técnicas foram aplicados em títulos sem lastro, muitos deles agora apontados como ativos fictícios, sem qualquer liquidez ou valor real.

Ativos Inflados, Auditorias com Ressalvas e Sinais de Fraude Estruturada

Apesar de declarar R$ 63 bilhões em ativos no balanço de 2024, o Master já carregava um conjunto expressivo de ressalvas em auditorias independentes. A KPMG alertou sobre:

  • Avaliações frágeis de fundos de investimento (R$ 19,5 bilhões);
  • Incertezas graves na precificação de precatórios e direitos creditórios (R$ 8,7 bilhões);
  • Perdas esperadas elevadas em risco de crédito (R$ 579 milhões);
  • Operações de compra de outros bancos registradas como ganhos artificiais.

Com a liquidação, tornou-se evidente que parte desses ativos não existia — ponto central no que especialistas já classificam como uma pirâmide financeira sofisticada, sustentada por movimentações políticas e operações sem respaldo real.

Segundo analistas, há grande chance de os credores — inclusive portadores de letras financeiras e investidores institucionais — não recuperarem integralmente o valor aplicado.

Relações Políticas e a Pressão por CPI: Afinal, Quem Permituiu o Esquema?

Como destacou a imprensa nas últimas horas, “ninguém ergue uma pirâmide do tamanho do Master sem amigos influentes nos Poderes”. A trama envolve:

  • pressões políticas sobre o BRB durante o governo Ibaneis Rocha;
  • relações históricas com grupos políticos da Bahia e do DF;
  • aporte de quase R$ 1 bilhão do Rioprevidência, que hoje já admite perdas muito superiores ao divulgado inicialmente;
  • aplicações suspeitas do fundo previdenciário do Amapá, ligado a indicações políticas;
  • a omissão de parlamentares que arquivaram pedidos de CPI justamente quando as irregularidades já eram públicas.

Diante da dimensão do escândalo, permanecem sem resposta perguntas essenciais:

  • Quem se beneficiou diretamente da compra de ativos fraudulentos?
  • Por que houve insistência em adquirir carteiras sem lastro, mesmo após alertas do Banco Central?
  • Quem protegeu o Master enquanto a liquidez desaparecia e o rombo crescia?

A liquidação judicial não encerra o problema — ao contrário, torna ainda mais urgente a apuração de crimes financeiros, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, conluio entre agentes públicos e interesses privados, entre outros potenciais ilícitos.

Impacto para Servidores, Aposentados e Cidadãos

O caso expõe a vulnerabilidade dos fundos públicos de previdência e reforça a necessidade de rígidos padrões de governança, compliance e transparência, especialmente quando se trata de recursos de servidores estaduais, municipais e categorias essenciais do serviço público.

O que está em jogo não é apenas a solvência de um banco privado, mas a segurança financeira de milhares de trabalhadores que confiaram no Estado para gerir suas economias de longo prazo.

Diretoria Executiva do ASMETRO-SI 24/11/2025

Fontes Consultadas

  •  O Estado de S. Paulo – Reportagem – Passivos do Master revelados após liquidação já somam R$ 56 bilhões / Autora: Cristiane Barbieri -Data: 21/11/2025
  • •O Estado de S. Paulo – Opinião – Ninguém levanta pirâmide como a que o Banco Master ergueu sem amigos influentes nos Poderes /  Autor: Carlos Andreazza – Data: 22/11/2025
  • Polícia Federal – Operação Compliance Zero / Informações divulgadas sobre as operações irregulares entre o Banco Master e o BRB.
  • Fundo Garantidor de Créditos (FGC) / Estimativas de desembolso para garantia de depósitos e aplicações após a liquidação do Banco Master.
  • Tribunais de Contas Estaduais (TCE-RJ e TCE-AP) / Alertas e análises sobre aportes de fundos previdenciários estaduais e municipais em ativos do Banco Master.
  • Auditoria KPMG – Demonstrações Financeiras de 2024 do Banco Master
    Ressalvas e destaques sobre precificação de fundos, créditos, precatórios e ativos não líquidos.

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