Às vésperas de 2026, o debate sobre a reforma administrativa volta ao centro das atenções dos servidores públicos. Embora apresentado sob o discurso da modernização do Estado, o tema permanece cercado de incertezas, disputas conceituais e, sobretudo, de escolhas políticas que impactam diretamente a qualidade do serviço público e a valorização de seus profissionais.
Artigos recentes reacendem esse debate. De um lado, análises jurídicas destacam que propostas em discussão trazem conceitos como digitalização de processos, consensualidade administrativa e novos instrumentos de gestão, apontados como avanços para tornar a administração pública mais eficiente e menos litigiosa. Em tese, trata-se de uma agenda alinhada à inovação e à melhoria da relação entre Estado e sociedade.
Por outro lado, o cenário político revela um movimento distinto. Em pleno ano eleitoral, a Câmara dos Deputados sinaliza prioridade a pautas ligadas à segurança pública, enquanto reformas estruturais — como a administrativa — tendem a avançar de forma fragmentada, muitas vezes sem o necessário debate com os servidores e a sociedade. Esse descompasso levanta um alerta: reformas complexas não podem ser tratadas apenas como instrumentos de ajuste fiscal ou agendas acessórias ao calendário eleitoral.
Para os servidores públicos federais, a preocupação é legítima. Experiências recentes demonstram que, sob o rótulo da “modernização”, podem estar embutidas propostas de precarização de vínculos, enfraquecimento das carreiras de Estado, redução de direitos e perda de capacidade institucional. A verdadeira eficiência administrativa não se constrói com o esvaziamento do serviço público, mas com investimento em pessoas, estruturas e governança.
Nesse contexto, o ASMETRO-SI reafirma seu compromisso com um debate responsável, técnico e transparente sobre a reforma administrativa. Defendemos um Estado moderno, sim — mas forte, profissionalizado e capaz de cumprir sua missão constitucional, especialmente em áreas estratégicas como metrologia, qualidade, avaliação da conformidade e defesa do consumidor.
Entrar em 2026 exige vigilância, diálogo e participação ativa dos servidores. Reformar não pode significar desmontar. Modernizar não pode ser sinônimo de fragilizar. O futuro do serviço público deve ser construído com quem o sustenta diariamente: seus servidores.
Diretoria Executiva do ASMETRO-SI 29/12/2025
Fontes
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PEC traz digitalização e consensualidade ao debate administrativo – Opinião | CONJUR
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Em ano eleitoral, Câmara escolhe projetos na área de segurança como prioridade – Valor Econômico













