Conheça a BYD, marca chinesa que produzirá elétricos na Bahia e deve desbancar a Tesla no mundo

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Foto: Cadu Gomes/VPR

Criada na China em 1995 como uma empresa de baterias para celulares por Wang Chuanfu, então com 19 anos, a BYD (inicialmente NiMH), abriu seu capital em Hong Kong em 2002. No ano seguinte, o executivo usou parte do dinheiro que ganhou na aquisição de uma estatal quase falida que atuava na fabricação de automóveis.

Em 2005, lançou seu primeiro carro a combustão, o F3, uma cópia do Toyota Corolla. Chuanfu conta ter percebido, logo depois, que “as alterações climáticas e os congestionamentos nas cidades seriam os principais problemas que a sociedade enfrentaria”.

Em 2008, a empresa entrou no segmento de eletrificados e, desde então, cresce em ritmo acelerado. Hoje, a empresa cujo nome são iniciais de Build Your Dreams (Construa Seus Sonhos), está muito perto de desbancar a badalada Tesla como maior fabricante de veículos elétricos do mundo.

Dados recentemente divulgados sobre o balanço de vendas do terceiro trimestre mostram a BYD com 431,6 mil veículos elétricos vendidos, 23% a mais ante o trimestre anterior. A Tesla Motors vendeu 435 mil automóveis em todo o mundo — 3,4 mil unidades à frente.

As duas companhias têm projeções similares para as vendas totais de elétricos no ano todo, de 1,8 milhão de unidades, mas, pela rapidez com que a chinesa tem conquistado mercado com oferta de veículos de bom nível e custo competitivo em relação aos das concorrentes, as apostas de analistas são de que a chinesa fechará 2023 como líder do segmento.

Somando modelos híbridos plug-in, que também produz, o grupo já ultrapassou a Tesla no ano passado, tornando-se a maior produtora global de veículos eletrificados. Na soma das duas tecnologias, a previsão da BYD é de comercializar mais de 3 milhões de veículos até o fim do ano, volume que inclui ônibus e caminhões.

Se a conta incluir os veículos híbridos, a BYD comercializou 822.094 veículos entre julho e setembro, consolidando a empresa como a líder de vendas na indústria automotiva chinesa. O grupo hoje é um conglomerado que atua em vários segmentos, como baterias, automóveis, caminhões, ônibus, trens, e semicondutores.

De estilo totalmente diferente de Elon Musk, dono da Tesla, que constantemente está na mídia, muitas vezes envolvido em polêmicas, Chuanfu não é de falar com a imprensa. Ele costuma viajar em classe econômica e carrega sua própria mala. Hoje com 57 anos, tem fortuna avaliada em US$ 19,9 bilhões, enquanto a de Musk, aos 52 anos, está na casa dos US$ 250 bilhões.

O empreendedor chinês nasceu numa aldeia agrícola em uma das províncias pobres da China. Ficou órfão quando era adolescente e foi criado pelos irmãos mais velhos. Na faculdade, destacou-se na área de tecnologia de baterias. É mestre em Ciências pelo Instituto de Pesquisa de Não Ferrosos de Pequim; e bacharel em Artes/Ciências pela Universidade Industrial de Tecnologia.

Warren Buffett é um dos acionistas

Nos negócios, Chuanfu cuida mais do desenvolvimento de produtos e a vice-presidente global e presidente nas Américas, Stella Li, em apresentar a BYD a potenciais parceiros de negócios. Foi ela que, em 2010, atraiu para o grupo a empresa Berkshire Hathaway, de Warren Buffett. Inicialmente ele ficou com 10% das ações do grupo, e hoje tem 8%.

No grupo há 26 anos, Stella, comandou as instalações das três fábricas do grupo no País entre 2015 e 2020, sendo duas em Campinas (SP), que produzem chassi de ônibus elétricos e painéis solares e uma em Manaus (AM), que faz baterias elétricas para seus ônibus.

Stella tem 53 anos e também esteve à frente de todas as negociações com o governo da Bahia para a instalação da fábrica de automóveis eletrificados em Camaçari, que também deve abrigar uma unidade de chassi de ônibus e uma de baterias.

Em visita ao País em julho, ela disse ao Estadão esperar “que o governo se esforce para criar um plano de incentivo muito forte para subsidiar carros elétricos e torná-los mais acessíveis a todos, do contrário a taxa de adoção dessa tecnologia será lenta e isso deixará o Brasil muito atrás de outros países”.

Sorridente, simpática e muito comunicativa, Stella dançou com o grupo Olodum num grande evento organizado pela marca no Farol da Barra, em Salvador, para anunciar suas fábricas no País e o lançamento no País do Dolphin, um dos mais vendidos da marca no mundo e no Brasil.

A ascensão global da BYD é vista como incomum no setor automotivo por analistas. O grupo levou 13 anos para atingir a produção do primeiro milhão de veículos eletrificados, marca alcançada em 2021. No ano seguinte, chegou ao acumulado de 3 milhões e, neste ano, bateu nos 5 milhões em agosto. Além do mercado chinês, onde é líder de vendas, a marca exporta boa parte de seus produtos.

Uma das estratégias do grupo é fazer parcerias com grandes revendedores de veículos dos países para onde está levando seus veículos. É uma forma de deixar o consumidor que não conhece a marca a se sentir tranquilo na compra por saber que terá assistência do concessionário de sucesso na região.

Nesta terça-feira, 10, por exemplo, Chuanfu e Stella vão participar da inauguração de novas instalações para venda de carros da marca do tradicional grupo brasileiro Dahruj, que revende diversas marcas no País.

Crédito: Cleide Silva / O Estado de São Paulo – @disponível na internet 10/10/2023


Bahia: Instalação de fábricas de veículos elétricos e centro de P&D são a nova industrialização, diz Alckmin

Camaçari (BA) terá três novas unidades fabris da chinesa BYD para produção de caminhões elétricos, carros elétricos e híbridos, num investimento de R$ 3 bilhões. Ação está alinhada às prioridades da nova política industrial brasileira
 

O anúncio da instalação de três novas unidades fabris da empresa chinesa BYD em Camaçari, na Bahia, para produção de caminhões elétricos, carros elétricos e híbridos e chassis de ônibus está alinhado aos objetivos da nova política industrial em elaboração pelo governo brasileiro, cujo foco é o investimento em inovação e sustentabilidade. A afirmação é do vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, que participou nesta segunda-feira (9), em Camaçari (BA), da cerimônia de lançamento da pedra fundamental das futuras unidades. Como parte do pacote da empresa chinesa para o país, também será instalado em Salvador um centro de pesquisa para o desenvolvimento de tecnologia de um motor híbrido flex, para combinar o etanol com o motor elétrico.  

“Esta é a nova industrialização, é a neoindustrialização que o presidente Lula lançou, baseada na inovação e na sustentabilidade”, afirmou Alckmin ao discursar na cerimônia, lembrando que o Brasil tem compromisso com a descarbonização, como grande protagonista no combate ao aquecimento global.

A companhia, líder mundial na fabricação de carros elétricos, informou que irá investir R$ 3 bilhões para as fábricas na Bahia. A expectativa é iniciar a produção entre o fim de 2024 e o começo de 2025 e gerar cerca de 5 mil empregos. Além disso, o local irá processar lítio e ferro fosfato.

Para o centro de pesquisa e desenvolvimento, a BYD fará parceria com o Cimatec Park (Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia), um complexo tecnológico e industrial do Senai, em Camaçari, que possui laboratórios avançados, usinas piloto, áreas de segurança para testes e operações de risco, além de uma pista de teste do setor automotivo.

O vice-presidente destacou o bom momento em que a empresa chega à Bahia, com o país registrando o  menor índice de desemprego da última década (7,8%) e inflação entre as menores do mundo (4%). “E o Brasil é o segundo receptor de investimentos estrangeiros diretos do mundo”, ressaltou. Ele também afirmou que a reforma tributária, em tramitação no Congresso, vai desonerar completamente os investimentos e as exportações, trazendo eficiência econômica, aumento do PIB e geração de mais empregos.

Duas ações específicas do governo para o estímulo de segmentos industriais foram destacadas pelo vice-presidente em sua fala: o novo Padis, que incluiu as placas fotovoltaicas nos benefícios oferecidos; e a volta do Regime Especial da Indústria Química (Reiq).

Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, também presente ao evento, o avanço em direção à transição ecológica e ambiental demanda muito investimento em tecnologia.  Para ele, o anúncio da instalação do centro de pesquisa e desenvolvimento na Bahia estimulará outras companhias a fazerem o mesmo. “Nós temos as melhores condições para geração de energia solar e eólica”, ressaltou Costa, lembrando que o governo anunciou o investimento de R$ 50 bilhões em linhas de transmissão para escoamento de renováveis.

Também no evento, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, celebrou o investimento da empresa chinesa para toda uma cadeia da indústria automobilística. “Para alguns, é a oportundade de ter um carro elétrico. Para os ambientalistas, de termos a oportunidade de descarbonizarmos a economia. Mas, para muitos, simboliza a oportunidade de emprego e geração de renda”.  O governador anunciou, durante a cerimônia, isenção de IPVA para carros totalmente elétricos de até R$ 300 mil na Bahia.

O  fundador e CEO Global da BYD, Wang Chuanfu, disse que o objetivo da empresa é aproveitar a inovação tecnológica para trazer uma vida melhor a todos. “O Brasil é um mercado com grande potencial e vai ser referência para o mundo”, concluiu.

A chinesa é líder mundial na fabricação e venda de veículos eletrificados (elétricos  híbridos) e líder de mercado na China entre todas as montadoras.  A  expectativa inicial das novas unidades fabris de Camaçari é de geração de 5.000 empregos e a capacidade estimada será de 150 mil veículos por ano na primeira fase de implantação.

Também estiveram presentes à cerimônia o ministro das Comunicações,  Juscelino Filho, os senadores Ângelo Coronel e Otto Alencar, o prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo, e o presidente eleito da Confederação Nacional da Indústria, Ricardo Alban. A BYD esteve representada também pela CEO BYD Américas, Stella Li.

Bridgestone — Após o evento, o vice-presidente participou do início da produção na primeira fase de expansão da fábrica de pneus Bridgestone, também em Camaçari. A empresa investiu cerca de R$1 bilhão para modernizar e ampliar sua capacidade produtiva em 1,5 milhão de pneus por ano.

Na ocasião, a empresa anunciou a intenção de ampliar sua fazenda de geração de energia solar, com um investimento adicional de R$10 milhões. A planta também está acompanhando a crescente procura por veículos elétricos/híbridos, fornecendo pneus de alta performance que atendam a essas necessidades.

A planta de Camaçari emprega cerca de 1.000 pessoas e é responsável pela produção de pneus para veículos de passeio, caminhonetes e SUVs, atendendo as fabricantes de equipamentos originais, reposição e exportação. Ao final desta expansão em execução, devem ser criados 400 novos empregos, entre fixos e temporários.

Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços 10/10/2023

Foto: Cadu Gomes/VPR

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