O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta de inflação de 2018 em 4,5 por cento pelo IPCA, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, mesmo objetivo a ser perseguido em 2017, divulgou o Ministério da Fazenda nesta quinta-feira.
O centro da meta de inflação segue no patamar de 4,5 por cento desde 2005, quando a banda era de 2,5 pontos percentuais. A margem de 2 pontos passou a valer em 2006, mas no ano passado o CMN estabeleceu para 2017 uma banda mais estreita, de 1,5 ponto.
“Membros do Conselho avaliaram a conjuntura doméstica e externa e há de fato muita incerteza no ambiente econômico atualmente. Chegaram à conclusão de que era oportuno manter a meta em 4,5 por cento, com 1,5 ponto de tolerância”, afirmou o secretário de Política Econômica da Fazenda, Carlos Hamilton.
Em coletiva de imprensa, ele acrescentou que, diante do cenário, os membros avaliariam que “seria oportuno focar em convergir a inflação para a meta”.
Segundo Hamilton, a decisão foi unânime e não houve debate sobre a fixação de uma meta menor de inflação para 2018.
No entanto, uma importante fonte da equipe econômica disse à Reuters que a alternativa chegou a ser discutida, mas prevaleceu a leitura de que a economia segue fraca e que, diante disso, seria melhor dar foco à entrega de resultados.
O cenário no país ainda é de inflação muito elevada, o que acaba tirando espaço para o governo reduzir suas metas à frente para não exigir juros altos por mais tempo e afetar a economia em recessão.
Na avaliação do economista-chefe da Haitong Securities do Brasil, Jankiel Santos, a investida do CMN foi a decisão mais acertada, considerando o não cumprimento da meta de inflação em anos passados e a complexidade do panorama atual, com indefinições fiscais e incertezas no cenário externo.
“Você tem ainda o benefício de poder no meio de 2017 retificar a meta para 2018”, afirmou. “Acho estratégia mais adequada do que sinalizar meta de 4 por cento para 2018 e chegar no ano que vem e ter que mudar.”
A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, também avaliou que a decisão tomada “era a única possível”, já que hoje o controle da inflação não depende apenas do BC, mas de medidas efetivas para o reequilíbrio das contas públicas.
“Quando tivermos inflação na meta, expectativas realmente ancoradas, mostrando que não existe um sacrifício em reduzir a meta, aí poderemos mudar”, afirmou.
Nesta semana, o BC elevou sua projeção de inflação para este ano, mas seu presidente, Ilan Goldfajn, afirmou que a levará para o centro da meta em 2017 e que, neste cenário, era preciso reduzir juros de “forma responsável”. A Selic está em 14,25 por cento ao ano, uma das maiores do mundo, desde julho passado.
Pesquisa Focus mais recente do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas, mostra que a projeção é de que o IPCA feche este ano a 7,29 por cento –estourando a meta oficial– e 5,50 por cento no próximo ano.
Crédito: Reuters Brasil – disponível na web 01/07/2016