Ele deteve o cronômetro em 9,81 segundos e faturou sua terceira medalha olímpica consecutiva na prova masculina dos 100 metros rasos.
Muitos dizem que Usain Bolt não corre, voa. Ou que o jamaicano não é de carne e osso.
O programa Today, da rádio 4 da BBC, convidou um proeminente médico a assistir a final dos 100 metros e analisar os movimentos de Bolt, para entender o que acontece com o corpo do atleta durante a corrida.
Eis as explicações de John Brewer, diretor da Escola de Saúde Esportiva e Ciências Aplicadas da Universidade de St. Mary’s, na Inglaterra:
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![Final dos 100 metros rasos na Olimpíada do Rio](https://ichef-1.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/1633B/production/_90793909_6e534e1b-67ef-4420-be96-a0851f59108b.jpg)
Para encarar uma prova como a final dos 100 metros rasos, corredores devem chegar recuperados da semifinal, realizada uma hora e meia antes, e realizar aquecimento, para assegurar que os músculos estejam flexíveis, quentes e elásticos, com menor possibilidade de lesão.
Esses músculos contêm o que chamamos fibra muscular de contração rápida: músculos fortes, poderosos e rápidos na contração, mas também de fácil fadiga.
A maioria de nós temos cerca de metade de músculos com fibras rápidas e metade com fibras lentas.
Mas o homem mais rápido do mundo tem 80% da musculatura composta por fibras rápidas.
![Usain Bolt na linha de partida](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/F9CD/production/_90794936_d25ea84a-65ac-4833-9d5d-5dab8f9997ca.jpg)
Os competidores dos 100 metros rasos, em geral, pesam entre 90 e 100 kg.
Por isso, quando passam pela etapa de aceleração da corrida, devem fazer contrações muito potentes dos quadríceps (coxas) para acelerar rapidamente o corpo.
Nesse ponto, contudo, eles ainda não estão em posição vertical: seguem correndo agachados, buscando exercer força horizontal para empurrar o corpo para frente e manter a resistência aérea em nível mínimo.
![Saída da final dos 100 metros rados nos Jogos do Rio](https://ichef-1.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/C6FB/production/_90793905_3aee9db6-f31f-4a7e-852e-600dfa6fe9db.jpg)
Logo os atletas chegam à fase de manutenção da corrida, quando alcançam a velocidade máxima: cerca de 45 km/h, o máximo que um ser humano pode atingir.
Nessa etapa eles se levantam, mas não ao máximo. E toda sua energia continua sendo anaeróbica.
Muitos nem se preocupam em respirar, já que isso os tornariam mais lentos. E nesta alta intensidade o oxigênio não importa.
![Usain Bolt com outros três competidores na prova dos 100 metros](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/2EA3/production/_90793911_e4c3d3cb-1220-4079-8153-f26a411f98a0.jpg)
O ácido lático (que se acumula nos músculos após esforço) está subindo, mas apesar disso precisam manter a velocidade, já que a linha de chegada está próxima.
Aqui é onde Bolt leva vantagem sobre seus rivais.
E 41 passadas depois, Usain Bolt cruza a linha de chegada para ganhar sua terceira medalha de ouro consecutiva nos 100 metros rasos.
![Usain Bolt cruza a linha de chegada dos 100 metros no Rio](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/1151B/production/_90793907_58da82f4-b6d0-4a80-b4e3-2de3a4af3c1b.jpg)
Ele criou uma alta porcentagem de energia anaeróbica, o que resulta em falta de oxigênio.
Por isso vemos que ele, como os outros atletas, respiram profundamente.
A frequência cardíaca começa a baixar e a se estabilizar, mas o ácido lático se deslocará dos músculos ao sangue, o que pode causar tonturas e náuseas.
![Usain Bolt após final](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/13465/production/_90794987_2d922eb1-52d7-4430-9409-ee1d3df1bc9d.jpg)
Mas, claro, Bolt está eufórico e parece com bastante energia.
Isso ocorre pela liberação de endorfina, o ópio natural do corpo, que combate qualquer dor e fadiga e permite a Bolt aproveitar sua nova façanha olímpica.
![Usain Bolt](https://ichef.bbci.co.uk/news/624/cpsprodpb/18285/production/_90794989_21f90b7f-f11d-4e85-88ca-308990d1a1f1.jpg)