Casa da Moeda perde investimentos e servidores temem por privatização.

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Depois do período de bonança, com investimentos em maquinário e pessoal, entre 2008 a 2013, a Casa da Moeda do Brasil convive, desde então, com o orçamento enxuto, a queda na demanda por serviços e, para piorar, a sinalização do governo federal de enfraquecimento da empresa, com medidas que prejudicam qualquer perspectiva de aumento das receitas.

Nos últimos meses, duas decisões do presidente Michel Temer deixaram os trabalhadores — todos celetistas (regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho) — em estado de alerta. A primeira tirou a exclusividade da empresa sobre a produção de papel-moeda (veja as medidas abaixo). A segunda reviu a exigência do selo de inspeção para bebidas alcoólicas fabricado ali.
É um momento de transição. Nós prestamos serviços ao Banco Central, e o orçamento deste foi reduzido. Eu tenho o mesmo custo de anos atrás, com receita inferior. Precisamos de tempo para nos adaptar — disse Alexandre Cabral, presidente da Casa da Moeda há três meses.

Para quem depende de uma situação equilibrada da empresa, o cenário para os próximos anos não é muito animador. Segundo o Sindicato Nacional dos Moedeiros, as decisões do governo federal apontam para a desmobilização do projeto de ter uma Casa da Moeda forte.

— Temos todas as condições de entregar qualquer pedido ao governo. Esse precedente (de procurar empresas no exterior para produzir o que poderia ser feito aqui) é perigoso. Abre um caminho para a privatização — disse Aluizio Junior, presidente do Sindicato dos Moedeiros.

Plano de demissão voluntária nos planos

Uma das alternativas da Casa da Moeda para cortar custos, nos próximos meses, pode ser a implementação de um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para os trabalhadores celetistas. De acordo com o presidente da empresa, Alexandre Cabral, a ideia está em estudo.

— Meu pessoal está fazendo estudos sobre um possível Plano de Demissão Voluntária. Temos cerca de 600 pessoas aptas a aderir, mas temos de analisar caso a caso — disse.

A possibilidade de um PDV ganha força pela dificuldade de se cortar custos dentro de uma empresa do governo.

— Não tenho a liberdade que uma empresa privada tem para demitir alguém. Há processos a serem seguidos. Tem um caminho a ser percorrido — complementou.

O baque sobre as contas pode ser ainda maior nos próximos meses em função da suspensão da obrigatoriedade do selo de inspeção de bebidas produzido pela Casa da Moeda. Segundo os funcionários, a medida adotada pela Receita Federal, que coordena a inspeção, pegou os próprios fabricantes de bebidas de surpresa. Eles alegam que o fim da exigência abre espaço para a venda de produtos clandestinos.

Alexandre Cabral – Presidente da Casa da Moeda

‘Nosso papel é nos ajustar’

— Não conseguimos fugir do cenário em que o país se encontra. Se o orçamento do Banco Central é reduzido, o nosso também é, e temos que adequar despesas. Ainda temos uma previsão de cortes em função da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto dos Gastos Públicos. Nosso papel, diante dessa situação, é nos ajustar. Vamos restabelecer nossa capacidade até o fim do ano e durante 2017. Se for necessário, vamos abrir as portas para novos mercados. Chegamos a fazer papel-moeda para a Argentina, e isso pode voltar a acontecer. Estamos fazendo a nossa parte.

Fila por passaportes é zerada

A Casa da Moeda deve anunciar, nos próximos dias, a regularização dos serviços de confecção de passaportes. No fim de junho, a entrega dos documentos foi interrompida em função de problemas nas máquinas utilizadas na linha de produção. A estatal prometeu regularizar as atividades, mas os atrasos não foram resolvidos até outubro. Em alguns casos, a demora para a entrega chegou a 45 dias.

— A entrega está regularizada. A situação das máquinas também está normalizada, restando recuperar os contratos de manutenção. Há todo um procedimento de empresa pública a ser seguido para fecharmos os contratos. Mas a missão de regularizar os passaportes foi cumprida — disse Alexandre Cabral.

Dessa forma, a entrega dos passaportes voltará a ter prazo de cinco dias, segundo o presidente da empresa

Crédito: Jornal Extra – disponível na web 24/10/2016

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