Crise no Rio: Protesto de servidores estaduais na Alerj termina em confronto com a polícia

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Um protesto de manifestantes e funcionários da Cedae em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro terminou em confronto nesta quinta-feira (9). Por volta das 15h30, um manifestante teria lançado um coquetel molotov contra agentes da Polícia Militar e da Força Nacional, que cercavam o Palácio Tiradentes. A polícia respondeu com disparos de bala de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Começou então o confronto entre agentes de segurança e manifestantes.

A região no entorno da Alerj, incluindo a Praça XV, de onde saem as barcas para Niterói, foi bloqueada para o trânsito e para pedestres.

O comércio das ruas São José, Primeiro de Março e Avenida Rio Branco foi fechado por medida de segurança e o funcionamento do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que trafega entre a Rodoviária Novo Rio e o Aeroporto Santos Dumont, também foi suspenso.

Mais cedo, aos gritos de “fora Pezão, fica Cedae”, os funcionários da empresa e membros de centrais sindicais se manifestavam pacificamente. Eles protestavam contra a medida proposta como contrapartida pelo governo federal de privatização da empresa, responsável pelo fornecimento de água e tratamento de esgoto no Rio de Janeiro.

No carro de som estacionado no meio da Rua Primeiro de Março, os líderes do movimento pediam a permanência do grupo de manifestantes até às 19h de hoje, quando deve começar a ser discutida a privatização da empresa. Originalmente, o debate seria realizado na Alerj às 15h, mas o andamento da votação dos vetos do governador, Luiz Fernando Pezão, levou o presidente da Casa, Jorge Picciani (PMDB), a propor a mudança, que foi aprovada no plenário por 44 votos a 14.

Renata Passos, técnica de laboratório da Cedae, questionou a possibilidade de privatização da empresa.  “Como assim você vai privatizar um bem como a água, que tem de ser público? Isso tem que ser do povo, não pode ficar na mão de empresário”, protestou. “Ninguém pode ter o monopólio privado de algo que deve estar acessível a todos, da população mais pobre até os mais ricos.”

Na visão dela, outras ações deveriam ser realizadas pelo governo para controlar as contas do estado do Rio, afogado em uma crise financeira. “Com o estado com a corda no pescoço nesse período de crise, é justamente o momento mais inoportuno para sequer pensar em privatizar a Cedae, uma empresa que dá lucro. Primeiro precisamos repatriar os bens que foram confiscados, que estavam na mão do Cabral e outros corruptos, e não colocar a galinha de ovos de ouro do estado nas mãos do empresariado.”

Para o vistoriante Davi Ramos, o grande problema de privatizar uma empresa como a Cedae é a questão social. “Muitas pessoas acham que combatemos a privatização para manter nossos cargos como funcionários públicos, mas não é isso. Estamos pensando na população, no lado social. A privatização vai trazer o aumento da tarifa e isso não pode acontecer, a água é uma questão de segurança nacional”, afirmou.

Davi também disse temer pela distribuição da água em regiões mais pobres. “Uma empresa que visa o lucro vai destinar a água apenas às áreas com retorno garantido. A Cedae trabalha com o subsídio cruzado, que significa pegar a arrecadação dos bairros nobres e reinvestir nos bairros mais pobres, na zona oeste e na Baixada Fluminense.

O operador Jorge Savelli também acredita que os mais pobres serão afetados pela privatização da fornecedora de água. “Acredito que privatizar a Cedae é uma grande covardia contra a população mais pobre do Rio de Janeiro. Essa não é a solução para o nosso problema.” Ele ressaltou que, apesar dos protestos, o fornecimento não vai parar. “Vamos protestar mas o serviço não vai parar. A água vai continuar sendo fornecida, pois precisamos ser humanos e precisamos manter a população do nosso lado.”

Savelli comparou os preços dos serviços prestados por companhias privadas e estatais. “Pensa na conta de luz, e imagina pagar a mesma coisa na conta d’água. A população está deixando isso passar despercebido, quando na verdade deveria estar aqui na rua com a gente. Podem esperar, vai ter escola e hospital sem água, caso a Cedae seja privatizada.”

“Emprestar dinheiro o governo federal sempre emprestou, e nunca teve esse papo de privatização. Temos que abrir o olho. Pois quando um estado precisa de dinheiro a federação sempre empresta! Não vai ser por conta da Cedae que vai parar de emprestar”, ressaltou.

Paula Carvalho, também vistoriante, também falou do risco de privatização da empresa. ”Sabemos que o mundo hoje sofre com falta d’água. Se eles querem o lucro, vão, por sua vez, incentivar o consumo, então corremos o risco de ter os reservatórios com os níveis cada vez mais baixos.”

E concluiu: “Para sair dessa situação de crise deveríamos nos preocupar com outras coisas, como acabar com essas isenções fiscais absurdas, que eles fazem por interesses escusos. Na verdade existem outras saídas da crise econômica, mas não interessam aos governantes pois não interessam aos empresários que bancam as campanhas políticas deles.”

Crédito: JB Online – disponível na web 10/02/2017 

imagem da internet

Manifestantes e policiais tem novo dia de confrontos perto da Assembleia Legislativa do RJ

Manifestantes, incluindo black blocs, e policiais voltaram a se enfrentar nesta quinta-feira nas imediações da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em mais um dia de preparação para a votação da alienação nas ações da Cedae, companhia de saneamento do Rio de Janeiro.

Centenas de manifestantes, a maioria  funcionários da Cedae e servidores do Estado, chegaram cedo na entrada da Alerj para o protesto que começou pacífico.

Eles gritavam palavras e protestavam contra o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), que teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral na quarta-feira por abuso de poder político e econômico na campanha de 2014.

“Pezão ladrão, cadeia é a solução”, entoavam alguns manifestantes do alto de uma carro de som que também trazia a faixa “Luto do Rio”.

O clima começou a ficar tenso com a notícia da chegada de manifestantes violentos e alguns black blocs. Antes mesmo da confusão começar, dentro da Assembleia já havia um clima de apreensão no ar. “Se prepara porque hoje vai ter barulho”, disse um parlamentar de oposição.

Os manifestantes mais exaltados depredaram vitrines, pontos de ônibus e agências bancárias. A polícia atuou com bombas de gás de efeito moral e até veículo blindado.

O cheiro das bombas foi tão forte que dentro do plenário da Alerj alguns deputados e assessores passaram a usar máscaras de gás.

O protesto e a ação policial provocaram o fechamento de ruas e avenidas próximas à Alerj. Com medo, comerciantes da região também fecharam suas portas. A circulação do VLT (Veiculo Leve sobre Trilhos) foi paralisada e o metrô adotou um protocolo de segurança.

Desde o ano passado, quando a Alerj começou a debater o pacote de austeridade que visa minimizar a crise financeira estadual, a Assembleia está protegida por homens da PM e da Força Nacional de Segurança.

A Mesa da Alerj vem trabalhando nas últimas horas para “limpar“ os vetos apresentados estrategicamente pela oposição, e assim destravar a pauta para votar a alienação das ações da Cedae na semana que vem, provavelmente terça-feira.

“Estamos trabalhando para destravar a pauta e votar na terça-feira. Acreditamos que vai ser aprovado”, disse à Reuters o governador Luiz Fernando Pezão.

Na segunda-feira, haverá uma audiência de conciliação em Brasília, marcada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, que reunirá representantes da Procuradoria-Geral da República, da Advocacia-Geral da União, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

O Estado tenta uma liminar no STF para ser enquadrado antecipadamente no programa de recuperação fiscal dos Estados, um projeto que ainda não foi apreciado pelo Congresso Nacional.

Como a oposição na Alerj aposta numa derrota na votação da Cedae, a última esperança dos oposicionistas é uma derrota do governo do Estado na audiência de conciliação.

“Estão querendo um cheque em branco da Alerj a um governo sem credibilidade, isso não aceitamos”, disse à Reuters o deputado Carlos Osório (PSDB). “Se não houver entendimento na reunião de conciliação, teremos argumento para mostrar que não se deve votar a Cedae com essa pressa injustificável.”

Já o deputado Paulo Melo PMDB) avalia que “se não avançar o processo da Cedae pode desligar os aparelhos, porque o Estado já está na UTI e não tem mais nenhuma chance”.

Crédito: Rodrigo Viga Gaier/Reuters Brasil – disponível na web 10/02/2017 

Fotos: https://www.google.com.br/search?q=fotos+manifesta%C3%A7ao+alerj+09+fevereiro+2017+reuters&espv=2&biw=1366&bih=613&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwifjpmnjoXSAhXHIZAKHfBXCmkQsAQINg#imgrc=oxP-tAWoPPJl_M

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