Brasil abre 35.612 empregos formais em fevereiro e interrompe 22 meses de queda.
O Brasil abriu 35.612 vagas formais de emprego em fevereiro, com forte ajuda do setor de serviços, primeiro dado positivo mensal desde março de 2015 (+19.282 vagas) e surpreendentemente divulgado pelo próprio presidente Michel Temer numa tentativa de ressaltar que a economia brasileira dá sinais mais consistentes de recuperação.
O dado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado neste quinta-feira foi anunciado em coletiva de imprensa por Temer e pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, no Palácio do Planalto, em meio ao momento político sensível após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito de seis ministros do governo.
A estratégia de turbinar a visibilidade ao Caged também ocorre após protestos contra a reforma da Previdência e trabalhista em várias cidades do país na véspera, levando milhares de pessoas às ruas. Das últimas vezes, a divulgação do Caged foi apenas virtual e feita mais perto do fim dos meses.
O desempenho do Caged de fevereiro foi fortemente puxado pelo dado positivo do setor de serviços, que vinha no vermelho desde setembro de 2015 pela série sem ajustes, ao registrar abertura líquida de 50.613 postos com carteira assinada.
No total, cinco dos oito setores mostraram expansão na geração de empregos, como administração pública (+8.280 postos), agricultura (+6.201) e indústria da transformação (+3.949).
Em contrapartida, o comércio fechou 21.194 vagas no mês passado e a construção civil manteve o desempenho negativo que vem apresentando há mais de dois anos, com perda líquida de 12.857 postos em fevereiro.
Apesar do dado geral de fevereiro ter interrompido 22 meses consecutivos de fechamentos de postos, o desempenho no acumulado em 12 meses permanece bastante negativo, com perda líquida de 1,149 milhão de vagas.
Segundo dados mais recentes divulgados pelo IBGE, a taxa de desemprego no Brasil subiu a 12,6 por cento no trimestre encerrado em janeiro em razão do aumento da procura após dois anos de profunda recessão, com quase 13 milhões de pessoas sem emprego no país.
Questionado sobre as perspectivas dos próximos meses, o ministro do Trabalho disse esperar dados positivos também para março e abril, e pontuou que o varejo deve ser afetado daqui para frente pela liberação do saque das contas inativas do FGTS, o que acabará beneficiando o comércio.
“Acreditamos sim que é uma retomada, uma inversão da curva e podemos comemorar”, afirmou Nogueira.
Em busca de notícias positivas, Temer anuncia pessoalmente pequeno aumento do emprego.
Em busca de notícias positivas em meio à crise causada, mais uma vez, pela operação Lava Jato, o presidente Michel Temer anunciou pessoalmente o primeiro aumento no número de empregos desde março de 2015, mas se recusou a comentar o fato de seis de seus ministros estarem na lista de pedidos de inquérito entregue pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal.
“A economia volta a crescer e os dados estão cada vez mais claros. É verdade que é apenas um começo, mas depois de 22 meses de números negativos é a primeira vez que temos um número positivo no tocante à abertura de empregos”, disse Temer.
Criado em 1965, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) é divulgado mês a mês ou de forma eletrônica ou em uma entrevista do ministro do Trabalho. Não há registro recente dos números de emprego terem sido anunciados pelo presidente em declaração no Palácio do Planalto.
No entanto, atingido pelas mais recentes revelações da operação Lava Jato, no Palácio do Planalto a ordem é buscar boas notícias e mostrar que o governo continua trabalhando normalmente.
Em sua fala, o presidente citou no rol de notícias positivas a informação de que a inflação deve ficar, este ano, abaixo do centro da meta de 4,5 por cento, a decisão da agência Moody’s de elevar a perspectiva de nota do Brasil de negativa para estável e o resultado dos leilões de aeroportos hoje, que teve um ágio de 20 por cento.
“São quatro fatos que menciono para revelar o otimismo que deve guiar os nossos passos, do governo e da economia”, afirmou o presidente.
Temer afirmou ainda que os dados positivos animam o governo a continuar investindo nas reformas estruturais do país, como a reforma da Previdência.
“Tenho a sensação que o Congresso vai continuar apoiando essas medidas que reforçam a estabilidade das instituições. Estamos em clima de estabilidade política e social no país”, disse.
Ao deixar a sala onde foi feita a declaração, Temer foi questionado se não causava constrangimento ao governo o fato de seis de seus ministros estarem nos pedidos de abertura de inquérito apresentados pala PGR ao STF. O presidente ouviu a pergunta, mas não quis responder.
Na lista estão os dois ministros mais próximos do presidente, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), os tucanos Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades), além de Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).
Crédito: Marcela Ayres e Lisandra Paraguassu/Reuters Brasil – disponível na internet 17/03/2017.