Com rombo de R$ 4 bi, Correios suspendem férias e horas extras, mas diretoria faz tour pelo exterior.

0
1018

O presidente dos Correios, Guilherme Campos, anunciou que a empresa passará por um forte processo de contingenciamento de despesas, para tentar reequilibrar o caixa. A estatal acumula prejuízos de mais de R$ 4 bilhões em apenas dois anos.

Campos avisou que a empresa suspenderá férias e acabará com horas extras. No caso das férias, segundo o executivo, os funcionários dos Correios só poderão tirá-las um mês antes de completarem dois anos de trabalho contínuo. É o limite previsto em lei.

No caso de haver dois integrantes de uma mesma família, eles só poderão sair de férias se um deles estiver no limite de dois anos.

No caso das horas extras, está suspensa a convocação de trabalhadores que não estejam na escala de plantão. Também serão revistos ou encerrados os contratos de trabalhadores temporários.

Sem socorro

Não há perspectiva de o Tesouro Nacional socorrer os Correios, que vêm perdendo mercado e não se preparou para enfrentar as novas tecnologias. A estatal também enfrentou péssimas administrações nos últimos anos, o que fez seus ganhos minguarem.

Além dos Correios, o fundo de pensão da empresa, o Postalis enfrenta problemas gravíssimos. Está praticamente quebrado, com rombo de quase R$ 6 bilhões provocado por anos seguidos de desmandos e roubalheira.

Para cobrir o buraco, os carteiros estão sendo obrigados a fazer uma contribuição extra ao Postalis. Só assim, terão a garantia de que receberão o complemento da aposentadoria quando decidirem deixar o mercado de trabalho.

Muito do rombo dos Correios e da Postalis tem a ver com o loteamento do governo. As empresas estatais e os fundos de pensão ligados a elas sempre foram rateados entre os partidos políticos em troca de apoio político no Congresso.

O problema é que esse rateio facilita a corrupção e estimula os desvios. Os governos, infelizmente, fecham os olhos, para manter a maior base se apoio possível no Legislativo.

Correios suspendem férias, mas diretoria faz tour pelo exterior

O presidente dos Correios, Guilherme Campos, anunciou que a empresa será obrigada a fazer um duro corte de despesas para tentar sair do buraco no qual se encontra. Mas ele não se intimidou em autorizar uma caravana de vice-presidentes e assessores para o exterior, com tudo pago pela estatal.

Enquanto a quase totalidade dos funcionários dos Correios teve as férias suspensas e as horas extras cortadas, o grupo liderado pelos vice-presidentes Paulo Cordeiro e Eugênio Walter Montenegro Cerqueira passarão por quatro países entre 17 e 26 de março.

A comitiva, que inclui Jorge Alberto Ribeiro Elias, Oscar da Costa Karnal, Adelino Cândido Rodrigues Santos e Jorge Eduardo de Araújo, passará pelas cidades de Leipzig (Alemanha), Aarhus (Dinamarca), Estocolmo (Suécia), Londres e Coventry (Inglaterra). O tour está sendo chamado de “Expedição técnica aos hubs aéreos de encomendas”.

A empresa diz que os gastos com a comitiva estão previstos no Artigo 1º, Inciso IV do Decreto 1.387, de 7 de fevereiro de 1995. Uma leitura do decreto, porém, não encontra justificativas plausíveis para o embarque da comitiva dos Correios. Veja o que diz o Artigo:

   Art. 1º O afastamento do País de servidores civis de órgãos e entidades da Administração Pública Federal, com ônus ou com ônus limitado, somente poderá ser autorizado nos seguintes casos, observadas as demais normas a respeito, notadamente as constantes do Decreto nº 91.800, de 18 de outubro de 1985:

        I – negociação ou formalização de contratações internacionais que, comprovadamente, não possam ser realizadas no Brasil ou por intermédio de embaixadas, representações ou escritórios sediados no exterior;

        II – missões militares;

        III – prestação de serviços diplomáticos;

Os Correios, como diz seu presidente, enfrentam uma crise sem precedentes. Somente nos últimos anos, acumulou prejuízos de mais de R$ 4 bilhões. Os mortais da empresa só poderão, agora, tirar férias no limite do prazo previsto em lei, ou seja, um mês antes de completarem dois anos seguidos de trabalho. Todas as horas extras foram cortadas e contratos com prestadores de serviços devem ser cancelados.

Para a elite dos funcionários dos Correios, porém, a farra continua. A gastança com a viagem a quatro países será paga tranquilamente. É incrível que aqueles que estão no comando de estatais continuem acreditando que dinheiro público é capim, nasce em qualquer esquina.

Crédito: Antônio Temóteo/Blog do Vicente/Correio Braziliense – disponível na internet 22/03/2017

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor, insira seu comentário!
Por favor, digite seu nome!