
Os principais grupos que se mobilizaram em 2015 e no ano passado pelo impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff e contra o PT voltaram neste domingo, 26, às ruas – a defesa da Lava Jato, o fim do foro privilegiado e a reforma política estavam na pauta –, mas viram o público diminuir não só na manifestação em São Paulo, como em outras capitais do País.
Em março de 2015, protesto contra Dilma reuniu 1 milhão de pessoas na Avenida Paulista, segundo a Polícia Militar. Há um ano, ato pelo afastamento da petista atraiu, também conforme números oficiais, 1,4 milhão. Neste domingo, a PM não fez estimativa de público nem os organizadores Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Pra Rua. Apenas o grupo NasRuas informou que a manifestação na Paulista recebeu 10 mil pessoas.

Luiz Flavio Gomes, líder do grupo ‘Quero um Brasil Etico’, esteve na manifestação em apoio à Lava Jato
No trecho de maior concentração, na frente do Masp, o público não chegava a ocupar um quarteirão. O ato começou por volta das 14h e terminou antes das 19h. O líder do grupo Acorda Brasil, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, minimizou a baixa adesão. “Ter 10 mil pessoas não é derrota. O tema agora é mais técnico”, disse ao Estado, em referência ao foro privilegiado – prerrogativa de políticos serem julgados no âmbito de ações criminais em instâncias superiores da Justiça – e ao voto em lista fechada, ponto da reforma política em discussão.
Líder do Vem Pra Rua, Rogério Chequer disse que a pauta, agora, é mais complexa. “A pauta não é binária como o Fora, Dilma e o impeachment.”
Os políticos, que no ano passado disputaram os microfones nos carros de som, não apareceram. Entre os poucos que se arriscaram no ato estavam o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o deputado Major Olímpio (SD-SP). Apesar de críticas pontuais, o presidente Michel Temer (PMDB) foi poupado.

Rogério Chequer, líder do movimento ‘Vem para a Rua’, discursa na manifestação na Avenida Paulista
Alvos. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, foi alvo de protestos. “Gilmar Mendes é uma vergonha nacional. Não está fazendo papel de juiz, mas de político”, disse o advogado Luiz Flávio Gomes, líder do grupo Quero um Brasil Ético. Gomes citou ainda o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Temer. “Queremos todos os ladrões fora.”
O jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma, fez um discurso no carro do Vem Pra Rua. “Vamos apagar tudo para a preservar a política? Querem nos jogar na lama. Anistia e traição. Parlamentares mancomunados com grandes empresas estão gestando um acordo em Brasília.” A jurista Janaina Paschoal, outra autora do impeachment, também foi à Paulista.
Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE), respectivamente, foram criticados por, segundo os manifestantes, atuarem para promover um “acordo de salvação” de políticos da Lava Jato.

Kim Kataguiri, um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre (MBL), esteve na manifestação de apoio à Lava Jato
Interior. A baixa adesão também marcou atos no interior paulista. Em Sorocaba, a manifestação reuniu 80 pessoas, segundo a PM, no Parque Campolim. De acordo com Ítalo Moreira, do MBL, o Vem Pra Rua preferiu convocar militantes para a manifestação na Paulista. Em Ribeirão Preto, o ato pediu o fim do foro. A manifestação reuniu 1 mil pessoas, segundo a PM. Também houve atos em Piracicaba, Franca, São Carlos, Jundiaí, Araçatuba e Votuporanga. / COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA
Veja os protestos em outros lugares do Brasil:
Crédito: Pedro Venceslau e Valmar Hupsel Filho/O Estado de S.Paulo – disponível na internet 27/03/2017