Apesar de o JBS ser uma potência, especialistas não descartam a possibilidade de o grupo controlado pela família Batista quebrar. A tendência é de os credores do grupo pressionarem os controladores a se desfazerem das empresas antes que elas acabem recorrendo à recuperação judicial.
A imagem do grupo JBS vai de mal a pior. No entender dos especialistas, não há mais como os irmãos Joesley e Wesley Batista continuarem no comando da gestão das empresas que têm como holding a J&F. Eles se tornaram sinônimos de corrupção. Qualquer negócio que venha a ser fechado com eles estará sob suspeição.
Parte do grupo JBS já está a venda. A fabricante de celulose Eldorado, alvo da Operação Lava-Jato, está sendo negociada com um grupo chileno e a brasileira Fibria. A Alpargatas, que detém as marcada Havaianas e Osklen, também está à venda, assim como a fabricante de laticínios Vigor. Nesta terça-feira, 20, logo pela manhã, a JBS comunicou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que está se desfazendo de ativos que somam R$ 6 bilhões para engordar o caixa.
A desconfiança em relação ao futuro do grupo dos irmãos Batista é tão grande, que o valor de mercado da JBS caiu à metade nos últimos três meses. Saiu de R$ 32,7 bilhões para R$ 17,3 bilhões. Além da Operação Carne Fraca, a companhia foi afetada pelas investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelas delações de Joesley.
Organização criminosa
Na visão dos especialistas, o grupo JBS passou a ser visto pela opinião pública como uma organização criminosa. Foi a mesma visão que passou a prevalecer em relação à construtora Odebrecht, que está evaporando, com sérios problemas de caixa.
Somente a mudança de nome, na avaliação dos especialistas, não garante sobrevivência a empresas tão associadas à corrupção. A sociedade está cada vez mais intolerante a negócios que envolvam malfeitos. Como não há perspectiva de o grupo JBS e os irmãos Batista saírem tão cedo do noticiário negativo, a imagem do maior produtor de proteínas animais do mundo tende a ruir.
Outro fator que leva os analistas a preverem um futuro sombrio para o grupo JBS é a perseguição que as empresas sofrerão do governo de Michel Temer, acusado por Joesley de ser “o chefe da mais perigosa organização criminosa” do país.
Os bancos que detêm créditos com o grupo JBS já começaram a lançar parte dos empréstimos como liquidação duvidosa. Ou seja, de difícil recebimento. Por enquanto, é mais uma ação preventiva, dizem as instituições financeiras. O Itaú Unibanco é a instituição que mais tem cobrado informações dos irmãos Batista.
Crédito: Blog do Vicente/Correio Braziliense – disponível na internet 21/06/2017
JBS anuncia venda de R$ 6 bilhões em negócios no Brasil e no exterior
Maior processadora de carnes do mundo, a JBS anunciou ontem (20) um programa de desinvestimento que prevê a venda de R$ 6 bilhões em ativos. A companhia pretende se desfazer da participação em uma empresa de alimentação no Brasil e das suas subsidiárias de processamento de alimentos na Irlanda do Norte e de confinamento de gado na América do Norte.
O plano ainda precisa ser aprovado pelo Conselho de Administração do BNDESPar, braço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que investe na compra de ações de empresas. Em comunicado, a JBS informou que a decisão tem como objetivo recuperar as contas da companhia, que assinou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). A empresa está no centro da crise política após delação premiada de seus executivos, que citam inclusive o presidente Michel Temer.
“O programa de desinvestimento visa à redução do endividamento líquido e consequentemente a desalavancagem, fortalecendo estrutura financeira da companhia”, informou a JBS em nota.
A JBS pretende vender os 19,2% de participação na empresa de laticínios brasileira Vigor Alimentos, além da subsidiária norte-irlandesa Moy Park, que processa carnes de aves; e da empresa de confinamento de gado Five Rivers, que opera nos Estados Unidos e no Canadá. O plano de desinvestimento também prevê a venda de fazendas da companhia.
No início do mês, a JBS tinha anunciado a venda de todas as ações de suas subsidiárias na Argentina, no Uruguai e no Paraguai para a Minerva, segunda maior empresa de carne bovina no Brasil. A operação rendeu US$ 300 milhões à JBS, o equivalente a R$ 983 milhões.
Agência Brasil de Notícias 21/06/2017