Cientista, gênero feminino.

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A ideia é qualificar mais e incluir um número maior de profissionais do sexo feminino em cargos e profissões mais bem remuneradas

Há alguns anos a palavra cientista era praticamente uma qualificação masculina. Um dado que ajuda a compreender por que há essa diferença de gênero faz parte de estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, divulgado recentemente.

É que, até 2012, apenas 14% das jovens brasileiras que entraram na universidade para cursar ensino superior, pela primeira vez, escolheram campos relacionados à Ciência, incluindo engenharia, indústria e construção. Em contrapartida, cerca de 40% dos jovens do sexo masculino que começaram naquele ano optaram por seguir uma dessas áreas, ligadas às Ciências Exatas.

Foi exatamente por constatar essa diferença entre gêneros que a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, em parceria com o Ministério da Educação, acertou o lançamento de um programa para promover uma melhor e maior formação acadêmica das mulheres na área de Ciências Exatas. A ideia é incentivar e despertar o interesse delas pelas áreas ligadas às Exatas, com o objetivo de qualificar mais e incluir um número maior de profissionais do sexo feminino em cargos e profissões mais bem remuneradas. Assim, estaremos criando referências femininas também nessa área.

Queremos ainda abrir possibilidades de intercâmbio com universidades de outros países para que essas mulheres possam fazer carreiras internacionais. É só uma questão de oportunidade.

Já se sabe atualmente que a escolaridade das mulheres aumenta em relação à dos homens, inclusive. É o que revelou a pesquisa do IBGE “Estatísticas de gênero — Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010”, em comparação com o de 2000. A escolaridade é um dos fatores que elevam a produtividade da economia como um todo, além de gerar outros efeitos virtuosos, como a melhora de salário. Daí a importância, para a nação em geral, e, para as mulheres em particular, quando se constatam avanços neste item.

Acho que agora podemos trabalhar também qualitativamente esse aumento de escolaridade, investindo em cursos e carreiras específicas ligadas às Ciências Exatas. É uma estratégia para combatermos a desigualdade de gênero do ponto de vista salarial.

Segundo o IBGE, as mulheres já respondem por mais da metade das matrículas no ensino superior e na pós-graduação. Este avanço, porém, não foi suficiente ainda para igualar rendimentos. Uma das razões para isso é o acesso diferenciado a carreiras que pagam, em média, melhores salários. Há grande concentração feminina nas profissões de Ciências Humanas, em que os rendimentos são menores, enquanto as áreas de Exatas e Ciências da Natureza seguem sendo majoritariamente masculinas.

Artigo publicado no Jornal  O Globo – disponível na internet 08/07/2017

Nota: O presente artigo não traduz necessariamente a opinião do ASMETRO-SN. Sua publicação tem o propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo

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