Estão previstos indicativos de greve geral, manifestações de rua e ações legislativas a partir de outubro. A meta é barrar a privatização de 59 empreendimentos, anunciada em agosto, com a expectativa de arrecadação de R$ 40 bilhões para os cofres públicos. Do pacote, constam estradas, portos e aeroportos. Mas o principal alvo dos protestos é a possível venda da Eletrobrás e da Casa da Moeda.
Um dos organizadores da audiência, o líder do Psol, deputado Glauber Braga (RJ), anunciou a mobilização nacional: “Aqui, de hoje, sai um manifesto. A gente pretende sair com uma campanha nacional ‘Eu não vendo o meu País’. Além disso, quando eles colocarem a proposta de privatização em votação, no Plenário da Câmara, eu acho que a gente tem que ter a posição clara de não deixar votar”.
“Governo sem pudor”
Líder da Minoria, o deputado José Guimarães (PT-CE) confirmou a resistência no Congresso Nacional. “Quanto às medidas provisórias ou projetos de lei com urgência constitucional, nós, líderes da oposição, faremos de tudo para barrar essa sanha. É um governo que perdeu todo o pudor”.
O coordenador da Frente Parlamentar em Defesa das Centrais Elétricas do São Francisco (Chesf), deputado Danilo Cabral (PSB-PE), classificou a privatização da Eletrobrás de “perversa e danosa” para o Nordeste. “Nós estamos entregando a chave da caixa d’água do Nordeste para que o privado possa tomar conta. E atrás disso, o sucateamento de uma política de desenvolvimento regional de 70 anos de história que a Chesf tem”, criticou.
O 1° vice-presidente da Comissão de Legislação Participativa, deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), fez discurso em defesa da soberania nacional. “O programa de entrega das estatais é de traição nacional”, disse.
Mobilizações nas ruas
Todos os líderes de oposição, no entanto, afirmaram que as ações no Congresso só terão chance de êxito se forem respaldadas por mobilizações nas ruas. Representante da Central de Trabalhadores do Brasil, Paulo Vinícius foi um dos líderes sindicais a defender uma greve geral.
Ocupações
Já o coordenador nacional do Movimento dos Sem-Terra, Alexandre Conceição, falou em ocupações contra o que ele chama de “desmonte do patrimônio público”.
Também participaram da audiência pública os representantes da União Nacional dos Estudantes, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e de frentes parlamentares, como as de Defesa da Soberania Nacional e da Chesf.
Nenhum governista compareceu ao evento. Mas, em relação à Chesf, por exemplo, parlamentares governistas, como o deputado Júlio César (PSD-PI) e coordenador da bancada do Nordeste, já se manifestaram contra a proposta em outros eventos na Câmara.
Invasão
Servidores da Casa da Moeda formavam o grupo mais numeroso na audiência pública. “Não à privatização. A Casa da Moeda é do Brasil!”, gritavam. Depois do ato, manifestantes forçaram a entrada no prédio principal da Câmara e foram contidos pela Polícia Legislativa.
Em Plenário, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que o incidente será investigado.
Edição – Newton Araújo