Desembargadora no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Marianna Fux recebe mensalmente auxílio-moradia de R$ 4.300, ao mesmo tempo que tem dois apartamentos no Leblon (Rio) que, por baixo, valem R$ 2 milhões.
O pai dela, Luiz Fux, é relator no STF de uma ação que há quase quatro anos está parada para julgar a legalidade desse benefício aos magistrados. Marianna Fux diz que recebe o valor de acordo com as regras do CNJ.
Aos 37 anos, Marianna é conhecida pelo sobrenome famoso e pela rápida ascensão no judiciário. De discreta advogada, ela deu um salto na carreira ao tomar posse aos 35 anos como desembargadora do tribunal do Rio, na vaga reservada à advocacia.
Procurada pelo BuzzFeed News, ela afirma que recebe o valor de acordo com a lei e as regras do Conselho Nacional de Justiça.
Fux, por coincidência, é também autor de uma das decisões mais polêmicas (e caras) tomadas pela suprema corte brasileira nos últimos anos.
Em caráter liminar, ou seja, provisoriamente, ele ampliou, a todos os magistrados brasileiros que não recebiam, o direito de também ter o auxílio-moradia.
Marianna Fux é desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio desde 2016.
De acordo com o portal da Transparência, ela recebeu em novembro um salário de R$ 30,4 mil, auxílio-moradia de R$ 4.300 e um auxílio-alimentação de R$ 1.800. Na ponta do lápis: R$ 36,5 mil por mês.
Com esses benefícios, a desembargadora com menos de dois anos de tribunal recebe quase o mesmo que o pai, ministro do STF, que ganha por mês R$ 37,4 mil.
No Rio, o benefício é garantido por uma lei local de 2009, sancionada pelo então governador Sérgio Cabral (PMDB), atualmente preso pela Lava Jato.
Ao mesmo tempo que recebe o auxílio-moradia, Marianna tem dois apartamentos no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro. Ambos ficam a menos de um quilômetro da praia. Um deles, aliás, foi dado pelo pai.
No total, os dois foram registrados no cartório como valendo R$ 2,1 milhões. Mas o Leblon é conhecido pela forte valorização imobiliária e, hoje, os apartamentos valem mais do que isso.
Esse apartamento, localizado na rua Arthur Ramos, ela ganhou do pai em 2015, seis meses antes de assumir a vaga no TJ.
O valor atribuído na doação foi de R$ 920 mil. Esse apartamento é da família Fux desde a década de 1970 e foi dos pais do ministro. São três quartos, dois banheiros e uma vaga na garagem.
Hoje, um no mesmo prédio é vendido por R$ 2 milhões, sem estar reformado. Pelo valor do metro quadrado, é como se uma quitinete de 25 m² custasse algo como R$ 500 mil.
Antes, em 2009, Marianna já tinha comprado seu apartamento, por R$ 1,2 milhão. Também no Leblon. Dessa vez, na Avenida Afrânio de Mello Franco.
Procuradora, Marianna Fux disse por meio de sua assessoria que recebe os valores da mesma maneira que outros colegas, de acordo com a lei e o CNJ.
“A assessoria da desembargadora Marianna Fux informa que a desembargadora, à semelhança dos demais membros do poder Judiciário, recebe o auxílio-moradia na forma da lei e da resolução do CNJ”.
Veja também:
Decisão de Fux sobre auxílio-moradia já custa R$ 1,89 bilhão ao Brasil
Filipe Coutinho/ BuzzFeed News, Brasil – disponível na internet 19/01/2018