Inmetro e a certificação Halal

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O presidente do Inmetro, Carlos Augusto de Azevedo, recebeu, no último dia 23 de janeiro, representantes dos Emirados Árabes Unidos, da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil para discutir uma possível certificação Halal para produtos destinados a consumidores mulçumanos.

Halal é o termo utilizado para designar procedimentos de produção, armazenamento e comercialização de produtos em conformidade com as regras do Islã. De acordo com o secretário-geral do Fórum Internacional de Acreditação Halal (IHAF), Mohamed Badri, somente o consumo mulçumano de alimentos tem a estimativa de alcançar quase US$ 2 trilhões em 2022, mas o termo refere-se também a outros setores como produtos farmacêuticos e cosméticos.

O cônsul-geral dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo e no Rio de Janeiro, Ibrahim Al Alawi, explicou que Halal é um processo de produção e uma grande oportunidade para o Brasil. “Sabemos que a balança comercial entre Brasil e Emirados Árabes está sempre em crescimento, mas não viemos para isso e sim para implementar uma relação estratégica entre os países”, afirmou.

Também participaram da reunião o diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Michel Alaby, o assessor da Presidência para Assuntos Estratégicos da CCAB, Tamer Fawzy Mansour e o presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), Mohamed Hussein El Zoghbi.

Pelo Inmetro, estiveram presentes, além do presidente, os diretores e outros representantes das áreas de Acreditação, de Articulação Internacional, de Avaliação da Conformidade, de Metrologia Científica e Tecnologia, de Metrologia Aplicada às Ciências da Vida, de Metrologia Legal e de Planejamento e Articulação Institucional.

Matéria publicada dia 31/01/2018 na página da internet do Inmetro

Certificação HALAL – Você sabe o que é alimento Halal?

Mais de 300 empresas brasileiras já receberam a certificação halal, garantindo que seus produtos possam ser consumidos nos países muçulmanos. A certificação halal garante que os produtos alimentícios são produzidos de acordo com as orientações da lei islâmica e, desta forma, estão liberados para o consumo de cerca de 1,3 bilhão de muçulmanos em todo o mundo. Este mercado já atrai o interesse das indústrias brasileiras de alimento há mais de 30 anos. De acordo com Ali Saifi, vice-presidente do Centro de Divulgação do Islam para a América Latina (CDIAL), uma das instituições que certifica frigoríficos para o abate halal de carne bovina e de aves, atualmente cerca de 90% das novas empresas já preparam seus espaços para receber a certificação halal.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, em 2008, o Brasil exportou 290.994 toneladas de carne bovina in natura e 14.138 toneladas de carne industrializada para 16 países islâmicos, árabes e não árabes.

Em 1980, quando o CDIAL começou a emitir a certificação, apenas três empresas o receberam. A primeira delas foi a Sadia. Hoje, o centro já garantiu que cerca de 100 empresas pudessem vender seus produtos com o selo halal. Já a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), que fornece o certificado halal no país desde 1977, tem 200 empresas em sua lista, e não apenas produtoras de carne, mas também de açúcar, doces, aromas e outros produtos destinados ao consumo humano.
Segundo a Fambras, o mercado de produtos halal no mundo movimentou, somente em 2008, US$ 580 bilhões. “As empresas brasileiras estão perfeitamente conscientes da importância do halal, não questionando as exigências necessárias para a obtenção do certificado. Elas sempre demonstram o maior interesse em se adaptar, quando é o caso, entendendo que a obtenção da certificação halal para os seus produtos, longe de ser um empecilho, é um acréscimo à sua qualidade e excelência”, diz o diretor-executivo da Fambras, Mohamed El Zoghbi.

Crédito: Agência de Notícias Brasil Árabe – disponível na web

Você sabe o que é alimento Halal?

Poucas pessoas no Brasil sabem, mas os muçulmanos, assim como muitos cristãos e judeus, também seguem regras em relação à alimentação. Esse desconhecimento ocorre pelo pequeno número dos seguidores dessa religião no Brasil, diferentemente dos países árabes, onde são a maioria. O alimento permitido no Islã, de acordo com as regras de Deus escritas no Alcorão, é denominado Halal, que em árabe significa lícito, autorizado.

Para que uma comida seja considerada Halal é necessário que siga determinadas regras de fabricação. No caso de carnes, as normas dizem respeito à forma de abate, lembrando que suínos e bebidas alcoólicas estão terminantemente proibidas. (Veja abaixo o quadro com as regras).
Mas em um mundo globalizado, em que as produções são feitas em grande escala e vão muito além das fronteiras de nossos países, como é possível garantir que uma comida é Halal? Para isso existem instituições certificadoras, que acompanham os procedimentos de fabricação e abate. Uma delas é a Cibal Halal (Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal), braço operacional da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (FAMBRAS), que atua no Brasil desde 1979. “Para fazer a certificação, um inspetor vai à indústria, faz o levantamento de todos os produtos que são utilizados e realiza laudos técnicos para comprovar que não existe qualquer ingrediente proibido, principalmente álcool e produtos suínos”, explica Mohamed Hussein El Zoghbi, Diretor Executivo da Cibal Halal.

Como o número de consumidores muçulmanos é muito pequeno no Brasil, segundo Mohamed cerca de um milhão de pessoas, a produção Halal do país é basicamente para exportação. A maior concentração de seguidores do Islã está em São Paulo e a maioria é de imigrantes recentes. “Nosso mercado interno é mínimo. Você nem encontra produtos Halal nos supermercados”, afirma ele. Para os brasileiros que querem comer esse tipo de alimento, existem algumas empresas pequenas que produzem em pouca quantidade, e que a própria Cibal indica. “Seguir os mandamentos do Alcorão em relação à alimentação não é tarefa muito fácil no Brasil. A religião diz que, preferencialmente, muçulmanos têm que comer o alimento Halal, mas se não tem, paciência”, diz.
De acordo com Mohamed, estão se adequando ao padrão Halal não só empresas que exportam para países muçulmanos. “Muitas estão vendo o certificado Halal como um algo a mais, uma garantia de qualidade, pois nós exigimos e acompanhamos todo o processamento”, explica. Segundo ele, a carne Halal, além de religiosa, é mais natural. Nem o frango nem o boi podem ter comido ração com aditivos ou com proteína animal nem podem ter recebido doses de hormônio para engorda. Além disso, os processos de embalagem, armazenagem, certificação e embarque da carne Halal é feito de forma segregada da produção comum. Ou seja, existem as empresas que só fazem alimentos Halal e existem as que fazem alimentos comum e Halal. No segundo caso, não pode haver mistura de ingredientes e os procedimentos podem até ocorrer na mesma fábrica, mas em equipamentos diferentes.
O abate

Islâmicos só comem frango ou carne bovina se o animal tiver sido degolado com o corpo voltado à cidade sagrada de Meca, ainda vivo  e pelas mãos de um muçulmano praticante, geralmente árabe. A faca com a qual é feita a degola precisa estar super afiada para garantir a morte instantânea do animal, sem sofrimento. Antes do abate de cada bicho, o degolador pede autorização a Deus, em árabe, como forma de mostrar obediência e agradecimento pela comida e de reafirmar que não está matando o animal por crueldade ou sadismo.
Peixes são considerados Halal por natureza, porque saem da água vivos. Já os suínos são considerados impuros pelo modo como se alimentam, por estarem ligados a ambientes de sujeira.
Os países que importam carne do Brasil exigem que quem faça o abate não seja vinculado à empresa produtora. “A Cibal tem funcionários no Brasil inteiro. Nós treinamos essas pessoas, entre as quais estão muitos africanos, refugiados políticos”, afirma o presidente da empresa.
Segundo ele, o procedimento não mudou muito ao longo dos anos, pois o Alcorão determina como deve ser feito. “Mas todo ano tem um congresso mundial Halal, onde são trocadas informações que não servem para modificar, mas modernizar a forma de abate”. Um exemplo citado é que antes, o boi era abatido no chão e a degola era mais difícil. A Cibal desenvolveu um box específico onde o boi entra de pé, tem um suporte onde ele coloca a cabeça um pouco levantada, facilitando o corte. “Essa modernização é necessária porque antigamente se matavam dois bois por dia, hoje são milhares”, complementa. A Cibal tem em média 300 funcionários, dependendo da época do ano. No período do Ramadã, por exemplo, o consumo aumenta e é necessário contratar mais gente.

Filantropia
A Fambras é uma instituição sem fins lucrativos, que tem como principal função congregar os muçulmanos e divulgar o Islã. A certificação Halal só teve início porque em fins da década de 70 muitas empresas estavam tentando expandir seu mercado para o Oriente, por necessidade de exportação. “Mas essa atividade não tem como fim a geração de lucro. Obviamente há um custo para que seja feita a certificação, já que envolve o trabalho de funcionários, mas toda a arrecadação é reinvestida nas atividades da federação”, explica Mohamed. Entre essas ações está o auxílio às mesquitas do país e a publicação e distribuição gratuita de livros que divulgam e explicam o pensamento islâmico.
“Divulgar o Islã de forma positiva é um desafio atualmente, já que existe um trabalho em direção oposta, feito pela mídia, principalmente a norte-americana, que distorce as informações. Mas acredito que isso ocorra mais por desconhecimento do que por intenção. Entretanto, no Brasil, temos um relacionamento excelente com todas as religiões e a população em geral. O Islã é uma religião extremamente tolerante”, avalia ele.

Quais alimentos são Halal?

Está permitido ingerir como alimento, respeitando as Leis islâmicas, todo o tipo de alimento que não contenha ingredientes proibidos ou partes desses alimentos ou de animais que não tenham sido abatidos/degolados dentro dos procedimentos e normas ditadas pelo Alcorão Sagrado e pela Jurisprudência Islâmica.
Os peixes e outros animais aquáticos são permissíveis (Halal), a não ser aqueles que estejam intoxicados ou que sejam prejudiciais à saúde humana, ou venenosos;  assim como, estão proibidos os animais que vivem tanto na terra como na água, como crocodilos e seus assemelhados.

Todo o tipo de vegetal é Halal, a não serem aqueles que estejam contaminados ou intoxicados por pesticidas, sejam venenosos ou produzam efeitos alucinantes ou que de qualquer forma possam ser prejudiciais à saúde do homem.

Qualquer produto mineral ou químico, em princípio é permissível, exceto aqueles com possam causar qualquer tipo de intoxicação ou prejuízo à saúde.

A água é totalmente Halal, exceto quando esteja contaminada ou por qualquer meio for prejudicial à saúde.

Todo produto, criado por meio da biotecnologia, extraído de vegetal, mineral e microbiana para a indústria alimentar é Halal.

Produtos de origem sintética utilizada na indústria de alimentação será Halal a partir da comprovação de sua elaboração, onde se prove que não é prejudicial ao ser humano.

Derivado de origem animal, utilizado nas indústrias de alimentação, só será Halal, se o animal for sacrificado conforme a lei islâmica, mediante comprovação sob a supervisão da CIBAL Halal.

Queijo processado através do coalho microbiano é Halal.

Leite (de vacas, ovelhas, camelas e cabras).

Queijo processado através do coalho microbiano é Halal.

Frutas frescas ou secas, legumes, sementes como amendoim, nozes, caju, avelãs, grãos como trigo, arroz, centeio, cevada, aveia etc.,  a não serem aqueles que estejam contaminados ou intoxicados por pesticidas (agrotóxicos em excesso), ou que de qualquer forma possam ser prejudiciais à saúde do homem.

Crédito: Instituto da cultura Árabe – disponível na web 

2 Comentários

  1. Boa Tarde

    Tenho um produto e gostaria de certificar com o selo Halal pois ja temos o certificado Vegano.

    Nosso produto e de total qualidade e atende as exigências da comunidade islâmicas entre outras culturas.

    Estamos a disposicao para presentar nosso produto a qualquer comunidade que se faca necessaria.

    No aguardo de uma resposta o mais breve possivel.

    Milton Bastos

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