Temer admite mudanças no texto para aprovar reforma da Previdência e aceita transição para servidores.

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 Para aprovar a reforma da Previdência, o presidente Michel Temer admitiu ceder na regra de transição para ingressos no serviço público até 2003. O presidente também pode abrir mão do limite de dois salários mínimos no caso de acúmulo de aposentadorias e benefícios, ampliando-o para o teto da Previdência Social.

“Se decidirem que o acúmulo da pensão não será até dois salários mínimos, como está no projeto que vai ser apresentado hoje [7], e chegarem à conclusão de que deve ser o teto da Previdência Social, de R$ 5.645, eu penso que, por força do diálogo, poderá eventualmente chegar a isso. De igual maneira, a questão daqueles anteriores a 2003, uma regra de transição”, disse o presidente, em entrevista ao Jornal da Band,, exibida na noite desta terça-feira (6).

Na entrevista, Temer voltou a citar a economia de R$ 600 bilhões que o atual texto da reforma trará em 10  anos, mas admitiu uma redução desse número “para R$ 480 bilhões ou qualquer coisa assim”. O presidente abraça a ideia de que uma redução na economia prevista é melhor do que economia nenhuma.

O governo já vinha sinalizando a disposição para o diálogo. Os únicos pontos inegociáveis, de acordo com o próprio presidente e seus ministros, são o aumento da idade mínima para aposentadoria, além da unificação do limite de benefício, algo que o governo tem chamado de “fim dos privilégios”.

Agência Brasil de Notícias 07/02/2018

Governo aceita transição para servidores

Embora as chances de aprovação da reforma da Previdência estejam cada vez menores, e o governo já trabalhe com uma agenda alternativa para a economia, a equipe econômica concordou nesta terça-feira em fazer novas concessões no texto, num esforço final para tentar aprová-lo no plenário da Câmara. Para agradar aos parlamentares que fazem parte da chamada “bancada da bala”, familiares de policiais mortos em combate terão direito a pensão integral e vitalícia. Serão beneficiados policiais federais, rodoviários federais e civis e agentes penitenciários.

A proposta também vai permitir o acúmulo de pensões até o teto do INSS (hoje a reforma permite esse acúmulo até dois salários mínimos) e terá uma regra de transição mais benéfica para os servidores que ingressaram na carreira antes de 2003. Essa transição terá duração de dez anos a contar dos 60 anos de idade. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitiu que essas concessões vão reduzir o ganho fiscal com a reforma, mas podem aumentar o número de votos favoráveis.

— Sabemos que isso reduz o ganho fiscal, mas, se houver votos, vamos fazer essas concessões porque estaremos aprovando a reforma mantendo seus pilares.

O novo texto será apresentado nesta quarta-feira pelo relator da reforma, deputado Arthur Maia (PPS-BA).

Deputado Federal Arthur Maia (PPS-BA), relator da reforma da Previdência – Ailton de Freitas / Agência O Globo

Agenda econômica

Nos bastidores, o governo praticamente jogou a toalha e, reservadamente, trabalha em uma pauta alternativa para tocar neste ano, no Congresso. A ideia é mostrar que a agenda econômica não está parada. Com um calendário apertado por conta das eleições, o Executivo quer acelerar a votação de propostas que ficaram em segundo plano por causa das negociações da Previdência. Nesse conjunto estão a reforma tributária, a securitização da dívida pública, a autonomia do Banco Central (BC) e a Lei Geral das Telecomunicações, além da MP que regulamenta a reforma trabalhista.

Sem citar as mudanças na aposentadoria, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o ano de 2018 será curto e que o governo está trabalhando em uma agenda de votações na Câmara e no Senado:

“Acredito que, em 2018, temos questões para votar como a Lei Geral das Telecomunicações, a securitização das dívidas e as dívidas dos estados. Também a simplificação tributária, inúmeras MPs (medidas provisórias) na Câmara dos Deputados e em comissões mistas”, comentou Jucá em mensagem publicada no Twitter.

O senador disse ainda que “outras medidas de ajuste fiscal” precisam ser feitas, e lembrou ter um projeto sobre a independência do Banco Central com duplo mandato: “Há ainda a MP da reforma trabalhista. Há compromisso em não trazer de novo o imposto sindical mesmo que surjam emendas. Outras medidas de ajuste fiscal que precisam ser feitas. O governo está preparando uma agenda. Tenho um projeto sobre a independência do BC com duplo mandato”, escreveu. “O ano de 2018 será curto, teremos um esforço concentrado a partir de fevereiro”, acrescentou Jucá.

Crédito:  Cristiane Jungblut – Geralda Doca e Manoel Ventura / o gGobo – disponível na internet 07/02/2018

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