Fusão da Fibria e Suzano criará gigante mundial de celulose

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Os controladores da Fibria e da Suzano anunciaram nesta sexta-feira a criação da maior produtora de celulose do mundo, em uma operação que deixou de lado a holandesa Paper Excellence que havia feito uma oferta mais agressiva para ficar com a Fibria.

O anúncio conclui anos de especulações do mercado em torno da união das duas companhias brasileiras que vinham nos últimos tempos, assim como outros rivais, investindo bilhões de reais em contínuo aumento de capacidade, causando constantes preocupações de analistas sobre um futuro problema de excesso de oferta global.

A Fibria, criada a partir da união de duas outras produtoras de celulose, afirmou que os controladores, Votorantim Participações e BNDESPar, aceitaram a oferta em dinheiro e ações da Suzano avaliada em 35 bilhões de reais, segundo o preço de fechamento das ações na quinta-feira.

Essa oferta é menor que os 40 bilhões de reais oferecidos pela Paper Excellence, controlada pela gigante asiática APP, que chegou a incrementar sua proposta nos momentos finais das negociações nesta semana, segundo disseram fontes próximas do setor à Reuters. A empresa holandesa havia proposto 71,50 reais por ação da Fibria.

Segundo a diretora de mercado de capitais do BNDES, Eliane Lustosa, o banco de fomento decidiu aceitar a oferta da Suzano para união da empresa com a Fibria, pois era a única proposta concreta sobre a mesa de negociação.

“A proposta da Suzano era a única que a gente tinha de fato na mesa, que nós entendemos que tinha todos os elementos para concluir uma operação e é uma excelente operação para BNDESPar e para a Fibria”, disse Lustosa à Reuters, ao ser questionada por que o banco de fomento decidiu aceitar a oferta de valor menor que a feita pela holandesa Paper Excellence pela Fibria.

“No caso da Suzano, tivemos toda a análise de crédito para a operação, bancos, commitment, negociamos acordo que traz regras de governança. A única operação que temos foi essa. A outra foi apenas uma manifestação de intenção”, acrescentou.

A diretora comentou ainda que o BNDESPar terá participação de 11 por cento na empresa resultante da fusão entre Fibria e Suzano e não descartou possibilidade do banco de fomento decidir vender essa fatia no futuro.

As ações da Fibria despencavam 9,7 por cento às 10:48, a 64,62 reais, ajustando-se à oferta da Suzano, cujos papéis saltavam 17 por cento, a 27,4 reais.

Analistas do Credit Suisse estimaram que as sinergias das companhias devem alcançar 12 bilhões de reais e que, à primeira vista, a transação é mais favorável aos acionistas minoritários da Suzano, incluindo o próprio BNDES, que possui 7 por cento de participação na empresa.

A Fibria já é a maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, com uma capacidade de cerca de 7 milhões de toneladas anuais. Com a Suzano, a nova companhia poderá atingir capacidade de 11 milhões de toneladas, se autoridades de defesa da concorrência no Brasil, nos Estados Unidos, na União Europeia e na China, maior compradora mundial de celulose, não fizerem exigências de venda de ativos das empresas para aprovar o negócio.

O BNDESPar, que possui 29,1 por cento da Fibria, receberá 8,5 bilhões de reais em dinheiro e ações da nova companhia a ser criada a partir da união de ativos das duas empresas. O braço de participações do banco de fomento seguirá com participação relevante na empresa resultante da fusão, mas será minoritário, afirmou em comunicado.

Segundo o banco estatal, a oferta da Suzano “garante fortalecimento do mercado de capitais e manteve uma empresa aberta no mercado brasileiro”.

Além disso, entre os motivos citados pelo BNDES para aceitar a oferta menor da Suzano, está avaliação de que “a companhia resultante deverá manter, no mínimo, o mesmo padrão de responsabilidade socioambiental em que as duas empresas (Fibria e Suzano) já eram referência”.

“O processo negocial…também assegurou que os acionistas minoritários recebam dinheiro e ações nas mesmas condições dos controladores”, acrescentou o BNDES.

Fontes familiarizadas com as negociações disseram que outra razão fundamental para que os acionistas se inclinassem para a oferta da Suzano era a preocupação com a falta de financiamento firme pela Paper Excellence, controlada pela família Wijaya, que também é dona da Asia Pulp & Paper Company.

O BNDES solicitou que a Paper Excellence, que já havia feito no ano passado proposta vencedora de compra da Eldorado Brasil por 15 bilhões de reais, comprovasse como sua oferta seria financiada com documentos bancários. A oferta do grupo de pagar uma multa de 1,2 bilhão de dólares caso não obtivesse o financiamento não convenceu o banco.

Crédito: Tatiana Bautzer e Carolina Mandl com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro/Reuters Brasil – disponível na internet 17/03/2018

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