Nomeado Eliseu Padilha como ministro interino do Trabalho. Marun diz que recorrerá à corregedoria da PF e à PGR contra ‘vazamento canalha’

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O “Diário Oficial da União” publicou em edição extra nesta quinta-feira (5) a nomeação do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (MDB-RS), como ministro interino do Trabalho.

O colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti já havia informado que o presidente Michel Temer tinha escolhido Padilha para a função.

Um dos principais conselheiros de Temer, Eliseu Padilha acumulará as funções de chefe da Casa Civil e do Ministério do Trabalho.

Ele assume a pasta após Helton Yomura, alvo de uma operação da Polícia Federal, pedir demissão do cargo (leia detalhes mais abaixo).

A nomeação de Padilha é assinada por Michel Temer e pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim.

Decreto do presidente Michel Temer publicado no 'Diário Oficial' (Foto: Reprodução)
Decreto do presidente Michel Temer publicado no ‘Diário Oficial’ (Foto: Reprodução)

Operação da PF

Helton Yomura foi alvo da 3ª fase da Operação Registro Espúrio, que apura irregularidades na concessão de registros sindicais pelo Ministério do Trabalho.

A operação investiga a atuação de uma suposta organização criminosa integrada por políticos e servidores da pasta que teria atuado para fraudar os registros.

Antes de pedir demissão, Yomura foi afastado do cargo por determinação do ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-ministro do Trabalho Helton Yomura, nesta quinta-feira (5), ao deixar a sede da Polícia Federal em Brasília (Foto: Adriano Machado/Reuters)
O ex-ministro do Trabalho Helton Yomura, nesta quinta-feira (5), ao deixar a sede da Polícia Federal em Brasília (Foto: Adriano Machado/Reuters)

Versão do ex-ministro

Em nota, a defesa de Yomura afirmou que ele não cometeu nenhum ato ilícito e que “nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade”.

Na carta de demissão enviada ao presidente Michel Temer, à qual o G1teve acesso, Yomura afirmou:

“Estou ciente de que jamais pratiquei ou compactuei com qualquer ilicitude ou irregularidade nos cargos que ocupei no Ministério do Trabalho”.

Nota do Planalto

Leia abaixo a íntegra da nota na qual a Presidência comunicou a demissão de Yomura:

Nota à Imprensa

O presidente Michel Temer recebeu e aceitou o pedido de exoneração do ministro do Trabalho, Helton Yomura. O presidente agradeceu sua dedicação à frente da pasta.

Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República

Carta de demissão

Veja abaixo a carta de demissão de Yomura:Carta de demissão do Ministério do Trabalho enviada por Helton Yomura ao presidente Michel Temer (Foto: Reprodução)

Carta de demissão do Ministério do Trabalho enviada por Helton Yomura ao presidente Michel Temer (Foto: Reprodução)

Marun diz que recorrerá à corregedoria da PF e à PGR contra ‘vazamento canalha’

Polícia Federal suspeita de envolvimento do ministro da Secretaria de Governo com suposta organização criminosa que fraudava registros de sindicatos no Ministério do Trabalho.
Ministro Marun lê nota sobre providências que adotará contra 'vazamentos'
Ministro Marun lê nota sobre providências que adotará contra ‘vazamentos’

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou em entrevista coletiva nesta quinta-feira (5) no Palácio do Planalto que ingressará na próxima segunda-feira (9) com representação e queixa-crime na corregedoria da Polícia Federal e na Procuradoria Geral da República nas quais pede apuração de responsabilidades por um “vazamento canalha” do qual diz ter sido vítima.

Na manhã desta quinta, no âmbito de uma nova etapa da Operação Registro Espúrio, o ministro do Trabalho, Helton Yomura, foi afastado do cargo por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Yomura é suspeito de envolvimento com suposta organização criminosa que, segundo a PF, cobrava pela emissão de registros de sindicatos no Ministério do Trabalho. Ele foi alvo de mandados de busca e apreensão e respondeu a interrogatório nesta quinta na sede da PF em Brasília.

No pedido feito a Fachin para deflagrar a nova etapa da operação, a Polícia Federal também solicitou autorização para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços de Marun, mas o ministro e a Procuradoria Geral da República entenderam que não havia provas suficientes contra ele.

“Vou à corregedoria da PF apresentar meu protesto e exigir providências e queixa-crime em relação a este vazamento canalha, vagabundo, que só tem esse objetivo de eu passar pelo constragimento que estou passando. Tenho familia, tenho vergonha na cara e não aceito que isso se dê desta forma. Vou lutar onde precisar para esclarecer isso”, declarou o ministro.

Marun disse que, há 90 dias, recebeu um grupo de sindicalistas do Mato Grosso do Sul que tinham “demandas com relação à atividade sindical”.

“O que fiz? Solicitei a uma assessora que acompanhasse esses sindicalistas ao Ministério do Trabalho para que fosse verificado ou não o atendimento das demandas, coisas de rotina que faço com varias questões”, afirmou.

O ministro afirmou que vê no “vazamento” uma “conspiração asquerosa” contra o governo e contra o presidente Michel Temer.

“Não há nenhuma conversa minha gravada, não há depoimento que me comprometa. Revela somente a vontade de perseguir aqueles que protestam e se revoltam contra aqueles que deveriam estar ao lado da lei”, declarou.

Nota do ministro

Leia abaixo a íntegra de nota divulgada nesta quinta-feira pelo ministro Carlos Marun:

NOTA

Quando me dispus a enfrentar os evidentes e ilegais abusos de poder praticados por setores de instituições que deveriam zelar pelo cumprimento da lei sabia que estava sujeito a retaliações. Mas confesso que não pensava que elas viriam de forma tão pusilânime como esta tentativa de me envolver com eventuais desvios de conduta praticados no âmbito do MTE.

Desde que assumi a Secretaria de Governo, nunca pus os pés no ministério do Trabalho. Nunca conversei com nenhum servidor daquele ministério a respeito de demandas de qualquer sindicato.

Nada foi apurado que evidencie qualquer ilicitude de nossa parte, tanto que os pedidos da PF foram recusados pelo judiciário.

Todavia, infelizmente, o ato de rotina de encaminhar, como ministro-chefe da Secretaria de Governo, por meio da minha assessoria, pleitos que me foram apresentados por sindicalistas do MS, em reunião pública agendada e divulgada, se transformou em motivo de enxovalhamento de minha honra.

Em função disto, apresentarei na segunda-feira, em horário já agendado na Corregedoria da PF e na PGR, representação e queixa-crime contra esses vazamentos direcionados que tentam me denegrir.

Por fim, afirmo que continuo na luta para que o nosso Congresso aprove com maior brevidade possível, lei que permita a real punição de abusos de autoridade como este.

Carlos Marun – ministro-chefe da Secretaria de Governo

Crédito:  Filipe Matoso, Guilherme Mazui e Roniara Castilhos, G1, Brasília – disponível na internet 06/07/2018

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